Anorgasmia feminina tem múltiplas causas e pedem avaliação cuidadosa
Entenda como realizar diagnóstico adequado da anorgasmia feminina e conheça as opções de tratamento!
O transtorno do orgasmo feminino, ou anorgasmia, é o nome dado a mulheres que tem dificuldade de atingir o ápice durante a relação sexual ou o sentem de forma diminuída. A definição inclui:
- Ausência, demora em atingir o orgasmo ou diminuição da intensidade;
- Apesar do desejo e da excitação com estímulos adequados
- Sem história de dor, que cause angústia ou dificuldade interpessoal persistente
- Ocorre em mais de 75% das relações sexuais ou em todas por 6 meses
Etiologia da anorgasmia
Entre as possíveis causas da anorgasmia ou do atraso do orgasmo estão:
- Deficiência de testosterona
- Hipotireoidismo
- Hiperprolactinemia
- Medicamentos como antidepressivos, antipsicóticos e opiódes
- Causas psicossexuais
- Hiperestimulação
Diagnóstico da anorgasmia feminina
O diagnóstico da anorgasmia deve ser feito através da anamnese, ouvindo detalhadamente a história da paciente. Dentro disso, é possível ter as seguintes classificações:
- Por cronologia: primária (quando a mulher nunca teve um orgasmo) ou secundária (a paciente deixou de senti-los após um determinado tempo)
- Por amplitude: se a anorgasmia é situacional (apenas em determinados contextos) ou geral (acontece sempre)
- Por etilogia: se há ou não causas orgânicas
É preciso considerar que existem diversas possibilidades de fatores associados, como a discrepância de desejo sexual na parceria ou a presença de problemas sexuais ou de saúde; questões pessoais da mulher, como problemas com sua imagem corporal ou história de abuso sexual e emocional ou até questões culturais e religiosas, como proibições e inibições sexuais.
Normalmente existem alguns perfis de mulheres anorgásmicas, elas geralmente:
- Desconhecem a própria sexualidade
- São ansiosas e controladoras
- Sentem medo ou culpa pelo prazer
Exame físico
Durante o exame físico é importante descartar casos de líquen escleroso. Também existem alguns diagnósticos diferenciais como:
- Transtornos mentais (depressão e ansiedade)
- Uso de antidepressivos (IRSS, benzodiazepínicos e anti-psicóticos de primeira geração)
- Comorbidades: diabetes, doenças cardiovasculares, doenças neurológicas
- Uso de anti-hipertensivos e opióides
- Cirurgias pélvicas
- Radiação pélvica
- Abuso de álcool e outras substâncias
Tratamento da anorgasmia
Como a anorgasmia é um problema multifatorial e de etiologia variada, é vasta também a gama de tratamentos:
- Orientação sobre anatomia e fisiologia sexual
- Exercícios de focalização sensorial
- Desenvolvimento de comunicação verbal e não verbal entre o casal
- Masturbação dirigida
- Exercícios de Kegel
- Técnicas de relaxamento / atenção plena
- Terapia cognitivo-comportamental
- Recondicionamento orgásmico
- Fisioterapia pélvica
Existem também algumas opções de fármacos e hormonioterapia, mas dependem da etiologia do caso. O laser CO2 e radiofrequência também são opções, porém sem respaldo científico.
Sugestão de conteúdo complementar
Entenda como abordar questões de sexualidade em consultório com Dra. Aline Ambrósio e Dra. Carolina Ambrogini:
Referências
- Manual Prático de Tratamento Clínico das Disfunções Sexuais, 2012
- DSM V, 2014
- Sexologia Médica. Nuno Monteiro Pereira, 2014
- Krakowsky Y and Grober SD. A Practical guide to female sexual dysfunction: an evidence-based review for physicians in Canada. Can Urol Assoc J 2018;12(6):211-6
- The clinical role of LASER for vulvar and vaginal treatments In gynecology and female urology: an ICS/ISSVD best practice consensus document. Neurourology and Urodynamics, 2019; 1-15
- Jenkins, LC. Delayed Orgasm and Anorgasmia. Fertil Steril. 2015 Nov; 104(5): 1082–1088.