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Você sabe como realizar a inserção do DIU? Confira tudo sobre e relembre suas indicações e eficácia

Foto de médico segurando DIU.

Popularmente conhecido como DIU, o dispositivo intrauterino é inserido na cavidade uterina através do colo, com o objetivo de evitar a gravidez. 

Existem dois tipos principais de DIU: aqueles que liberam levonorgestrel e os que possuem um fio de cobre ou cobre com prata enrolado em sua estrutura. Cada tipo possui mecanismos contraceptivos distintos e é importante considerar as características individuais da paciente ao recomendar o tipo de DIU mais adequado. 

Neste artigo, vamos revisar tudo o que você precisa saber sobre o assunto, desde as indicações clínicas para o uso DIU até suas principais vantagens e indicações clínicas.

Quais são os tipos de dispositivos intrauterinos?

Existem diferentes tipos de DIU, que podem variar na forma, na composição e na duração. Os principais tipos são:

DIU sem hormônios

O DIU de cobre é composto por uma estrutura plástica com revestimento de cobre nas hastes e na base. Já o DIU de prata possui a mesma estrutura plástica, mas suas hastes são revestidas de prata e a base é revestida por uma mistura de cobre e prata.

O DIU de prata é uma opção que utiliza a combinação de cobre e prata para contrabalancear reações como aumento de fluxo e cólicas menstruais, então pode ser uma ótima recomendação para pacientes que já possuem um quadro de dismenorreia mais acentuado ou fluxo intenso, mas que não desejam usar nenhum tipo de hormônio.

DIU hormonal

Existem dois tipos de DIUs hormonais disponíveis no mercado, o DIU Mirena e o DIU Kyleena. 

  • O DIU Mirena é revestido por levonorgestrel e é recomendado para mulheres que desejam uma opção hormonal como método contraceptivo;
  • O DIU Kyleena também age com liberação de levonorgestrel, mas é uma opção mais adequada para pacientes com útero pequeno ou adolescentes. 

LEIA MAIS: Histerossonossalpingografia: vantagens e indicações

Vantagens e desvantagens dos dispositivos intrauterinos

Ao separar entre duas categorias de DIUs é possível detalhar melhor quais as vantagens e desvantagens que os médicos precisam levar em conjunto com a paciente.

DIU de Cobre ou Prata

As vantagens do DIU de cobre são:

  • Não interfere no ciclo menstrual nem na ovulação;
  • Não tem os efeitos colaterais dos hormônios, como alterações de humor, peso ou libido;
  • Não é afetado pelo uso de medicamentos;
  • É um método econômico de longo prazo, já que pode ficar na mulher por até 10 anos;
  • É reversível e a fertilidade volta após a remoção.

Já as desvantagens do DIU de cobre são:

  • Pode causar aumento do fluxo menstrual e das cólicas;
  • Pode provocar infecções ou perfurações uterinas em casos raros;
  • Não protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
  • Precisa ser inserido e trocado por um médico.

DIU Hormonal

As vantagens do DIU hormonal são:

  • Reduz ou bloqueia a menstruação, o que pode ser benéfico para mulheres com sangramentos abundantes ou endometriose;
  • Alivia os sintomas da TPM e da dismenorreia (dor menstrual);
  • Pode ser usado por mulheres pré-menopáusicas;
  • É reversível e a fertilidade volta após a remoção.

As desvantagens do DIU hormonal são:

  • Pode causar irregularidades menstruais, sangramentos de escape ou amenorreia (ausência de menstruação);
  • Pode provocar efeitos colaterais hormonais, como dor de cabeça, acne, sensibilidade nas mamas ou alterações de peso;
  • Pode interagir com alguns medicamentos;
  • Tem um custo mais elevado que o DIU de cobre;
  • Não protege contra ISTs;
  • Precisa ser inserido e trocado por um médico.

Indicações e contraindicações do DIU

Os dispositivos intrauterinos (DIUs) são uma opção altamente eficaz, segura, conveniente e reversível de contracepção, recomendados para a maioria das mulheres que desejam evitar a gravidez. 

Os DIUs não interferem na atividade sexual e apresentam altas taxas de aceitação e satisfação entre as pacientes. Além disso, são indicados para mulheres que desejam evitar o uso de métodos contraceptivos que contenham estrogênio, dentre outras situações:

  • Pacientes jovens ou adolescentes;
  • Lactantes;
  • Nuligestas;
  • Pós-parto;
  • Pós-aborto;
  • Em caso de comorbidades que impeçam o uso de métodos com estrogênio.

Em contrapartida, é importante estar ciente de que este método pode ser contraindicado em algumas situações, como nos casos em que a paciente tenha

  • Risco ou presença de ISTs;
  • Gravidez atual ou suspeita;
  • Neoplasias malignas do útero ou colo do útero;
  • Malformação uterina congênita; 
  • Alergia ao cobre ou levonorgestrel;
  • Coagulopatias;
  • Histórico de doença inflamatória pélvica desde a última gestação;
  • Doença inflamatória pélvica ativa.

Ao orientar as pacientes, é importante informar que os DIUs não protegem contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e que o uso de preservativos é recomendado em casos de múltiplos parceiros sexuais ou risco de exposição.

Exames ginecológicos antes da inserção do DIU

Antes da inserção do DIU, o ginecologista deve solicitar três avaliações principais: o exame físico, o exame citopatológico do colo do útero e a ultrassonografia transvaginal. 

O exame físico é o primeiro passo para avaliar a região e conferir se não existem alterações menstruais, corrimentos, dores inexplicadas ou outros problemas que mereçam atenção. 

Na sequência, o exame citopatológico do colo do útero investiga as células do colo do útero, a fim de descobrir se há algum tipo de lesão patológica ou cancerígena.

Com o ultrassom transvaginal, o médico avalia com mais segurança as dimensões do útero e verifica se não há nenhuma variação anatômica que possa atrapalhar a inserção do DIU. 

Além desses exames, é imprescindível excluir a possibilidade de gestação, por isso, é necessário solicitar a realização do exame beta HCG ou o teste pregnosticon.

LEIA MAIS: 10 estudos que você, ginecologista, deveria ler

Procedimento de inserção e acompanhamento

O dispositivo intrauterino pode ser inserido em qualquer período do ciclo menstrual, mas preferencialmente durante ou logo após a menstruação, pois nesses dias o colo do útero está mais dilatado, facilitando a inserção.

Após a colocação do DIU, o médico ginecologista deve orientar a paciente a fazer o acompanhamento regular para verificar se o dispositivo está bem posicionado e se não há sinais de infecção ou rejeição.

Além disso, mulheres que sentem muita dor, desconforto ou possuem o colo do útero estenosado, ou seja, muito fechado, podem ser levadas para o centro cirúrgico e é possível fazer a inserção com uma anestesia local. 

Cabe ao médico, em conjunto com a paciente, tomar essa decisão para casos específicos.

Inserção do DIU pós-parto

O DIU também pode ser inserido logo após o parto, caso a paciente tenha o desejo de garantir um método contraceptivo mais eficaz após a gestação.

Neste caso, o DIU pode ser inserido a qualquer momento nas primeiras 48h após o parto, mas preferencialmente até 10 minutos pós-dequitação, minimizando a possibilidade de expulsão.

Caso já tenha passado as 48h pós-parto, é necessário esperar de quatro a seis semanas para realizar a inserção do DIU.

Inserção do DIU pós-aborto

A orientação médica em casos de abortamento é essencial, inclusive em relação a métodos contraceptivos, portanto durante o atendimento à mulher pós-aborto a inserção do DIU pode ser recomendada.

Caso a paciente queira a inserção imediata do DIU, ele poderá ser inserido logo após a curetagem ou aspiração manual intrauterina.

Avaliação do DIU após a inserção

Após a inserção do DIU, o médico precisará novamente solicitar exames, com o intuito de avaliar que o dispositivo intrauterino está bem posicionado, o exame mais indicado para essa avaliação é a ultrassonografia transvaginal.

No exame de ultrassonografia transvaginal, o médico poderá analisar o posicionamento do DIU no útero. Essa checagem é importante, pois o mal posicionamento pode causar algumas complicações no estado de saúde da paciente.

Classificação do mal posicionamento do DIU

O mal posicionamento do DIU pode ocorrer de diferentes formas, incluindo expulsão, deslocamento, penetração e perfuração. 

A expulsão tem como característica a saída completa ou parcial do DIU da cavidade uterina e tem maior probabilidade de ocorrer nos três primeiros meses após a inserção.

O deslocamento diz respeito à movimentação do dispositivo intrauterino, o qual pode rotacionar e se posicionar no segmento inferior do útero ou no colo uterino.

A penetração ocorre quando o DIU atravessa a parede uterina, ficando parcialmente implantado no miométrio ou até mesmo na cavidade abdominal. 

Já a perfuração é a ocorrência mais grave, quando o DIU atravessa completamente a parede uterina e atinge estruturas adjacentes, como a bexiga ou os intestinos.

Efeitos colaterais e eficácia do DIU

Os DIUs podem causar alguns efeitos colaterais, como dor ou sangramento durante ou após a inserção, cólicas, infecções pélvicas, expulsão ou perfuração do útero. 

Esses eventos são raros e geralmente tratáveis. Os DIUs de cobre podem aumentar o volume e a duração do sangramento menstrual e causar mais cólicas.

Os DIUs hormonais podem reduzir ou eliminar o sangramento menstrual e causar amenorreia (ausência de menstruação). Eles também podem causar efeitos sistêmicos leves, como dor de cabeça, acne, sensibilidade nas mamas e alterações de humor.

LEIA MAIS: Ginecologia natural: por que adotá-la em consultório?

Domine este e outros procedimentos avançados em Ginecologia

Na Pós-Graduação em Ginecologia Avançada e procedimentos do Cetrus o ginecologista domina não apenas a inserção, retirada e reposicionamento de dispositivos intrauterinos, como também passa a oferecer em seu consultório procedimentos como:

  • Colposcopia;
  • Histeroscopia diagnóstica;
  • Biópsias
  • Retirada de pequenos pólipos;
  • Aplicação de laser e outras energias no tratamento de atrofia genital;
  • Incontinência urinária;
  • Ninfoplastia
  • Ressecção de pequenas lesões genitais;
  • Clareamento e estética vulvares.

Tudo isso com alta carga prática em pacientes reais, o que permite que você saia daqui. Acesse nosso site e conheça mais sobre essa pós:

8 Replies to “Dispositivo Intrauterino (DIU): como realizar a inserção em seu consultório”

  1. aula muito didátiaca. Parabéns.
    revigorado para continuar a batalha do dia dia…

  2. Excelente aula. Como sempre, com explicações objetivas e práticas.
    Mais uma vez, parabéns e muito obrigado, professor Orlando.

  3. Parabéns professor . Você sempre brilhante, objetivo é didático

    1. Professor Orlando parabéns. Adoro suas aulas… sempre muitoooo didático!!!
      Gostaria de sugerir um Webinar sobre US Transvaginal com Doppler e US 3D apenas em ginecologia … ou seja, apenas para patologias ginecológicas.

  4. Dr. Orlando como sempre extremamente prático e didático!!
    Excelente aula!
    Parabéns!!!

  5. Ótima aula.
    Restou uma dúvida: um DIU que tem seu ápice no fundo da cavidade uterina, hastes transversais abertas em direção aos cornos, mas sua borda inferior se encontra abaixo do orifício cervical interno devido ao tamanho do dispositivo (maior que a cavidade uterina). Paciente assintomática usuária do dispositivo há mais de 1 ano. Como considerar o posicionamento deste DIU?

  6. Excelente explicação! Prática e muito esclarecedora!

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