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Nódulos tireoidianos: tratamento com técnicas minimamente invasivas

Aprenda todo o necessário para tratar nódulos tireoidianos por meio de técnicas minimamente invasivas, suas indicações e opções para cada paciente. Boa leitura! 

Tratamento Convencional vs Minimamente invasivo: vantagens das técnicas

O tratamento de nódulos tireoidianos é uma preocupação médica comum, uma vez que muitas pessoas desenvolvem nódulos na glândula tireoide em algum momento de suas vidas. 

Existem duas abordagens principais para o tratamento de nódulos tireoidianos: tratamento convencional e tratamento minimamente invasivo. Cada um tem suas vantagens, dependendo do tamanho, tipo de nódulo e preferências do paciente. 

Tratamento convencional para nódulos tireoidianos

A abordagem convencional mais comum para tratar nódulos tireoidianos é a cirurgia da tireoide, conhecida como tireoidectomia

As vantagens desse método incluem a remoção completa do nódulo, o que pode ser benéfico em casos de suspeita de câncer ou nódulos grandes que causam desconforto. 

Ainda, a cirurgia pode ser uma opção definitiva para resolver problemas relacionados a nódulos, eliminando a preocupação com recorrência do nódulo na tireoide. Posteriormente, permite a análise histopatológica precisa do nódulo, ajudando a determinar se é benigno ou maligno. 

Procedimento cirúrgico de tireoidectomia. Fonte: reprodução

Abaixo vemos uma série de imagens registradas durante uma tireoidectomia. A paciente (sob anestesia geral) foi marcada quanto ao local da incisão supraclavicular e lateralmente no pescoço ao longo da prega cutânea na posição sentada. A ordem respectiva de secção muscular e outras estruturas anatômicas segue: 

  1. Platisma (C), com o retalho subplatismal confeccionado;
  2. Infra-hióideos (D), seccionados longitudinalmente;
  3. Pedículos vasculares superiores (E);
  4. Glândula paratireoide superior (F), que foi preservada durante a cirurgia;
  5. Nervo laríngeo recorrente (G);
  6. Pedículos vasculares inferiores (H);
  7. Gânglios linfáticos centrais (I) dissecados;

Técnica minimamente invasiva para nódulos tireoidianos

É importante ressaltar que, embora a técnica convencional seja eficiente, a técnica minimamente invasiva é um procedimento menos agressivo, oferecendo mais conforto ao paciente. 

Assim, as técnicas minimamente invasivas, como a aspiração com agulha fina (AAF) e a ablação por radiofrequência (ARF), envolvem procedimentos menos invasivos do que a cirurgia. A AAF é usada para coletar amostras de nódulos para análise, enquanto a ARF visa reduzir o tamanho dos nódulos.

Essas técnicas têm riscos menores de complicações, como infecções, sangramento e danos às estruturas vizinhas. Ainda, os pacientes geralmente experimentam uma recuperação mais rápida e menos desconforto após procedimentos minimamente invasivos em comparação com cirurgias.

Em muitos casos, as técnicas minimamente invasivas permitem a preservação da função tireoidiana, uma vez que a maior parte do tecido tireoidiano saudável não é removida.  Essas técnicas são particularmente adequadas para nódulos pequenos e benignos que não requerem remoção total da tireoide.

Técnicas minimamente invasivas: ablação por radiofrequência, por laser e escleroterapia 

As técnicas minimamente invasivas, como a ablação por radiofrequência, ablação por laser e escleroterapia, são métodos utilizados em várias áreas da medicina para tratar uma variedade de condições médicas. Cada uma delas tem suas aplicações específicas.

Uma vantagem especial das técnicas minimamente invasivas é serem tratamentos ambulatoriais, sem necessidade de anestesia geral, além de promover uma agressão mínima aos tecidos adjacentes à tireoide.

 Atualmente, temos disponíveis no Brasil técnicas de ablação química e térmica (radiofrequência e laser). Diante das técnicas minimamente invasivas, a radiofrequência e a ablação alcoólica (química) são as mais utilizadas devido à ampla disponibilidade e de baixo custo, comparada com a técnica a laser. 

Ablação por radiofrequência (RF)

A ablação por radiofrequência (RF) é uma técnica minimamente invasiva frequentemente usada na medicina para tratar várias condições, incluindo nódulos tireoidianos, tumores hepáticos e câncer de pulmão. 

Essa técnica deve ser considerada quando o paciente apresenta uma porção sólida superior a 25-30%, sendo considerada a 1ª opção a depender do volume do nódulo.

Em nódulos sólidos de tireoide com crescimento progressivo e/ou sintomáticos, profissionais devidamente treinados são capazes de induzir uma diminuição de ao menos 50% do volume nodular em uma única sessão de radiofrequência. 

Ela envolve o uso de um eletrodo inserido na área-alvo (por exemplo, um nódulo tireoidiano) por meio de orientação por imagem. A radiofrequência é então aplicada para aquecer e destruir o tecido anormal.

A principal vantagem da RF é sua eficácia em tratar lesões sem a necessidade de cirurgia invasiva, resultando em menor tempo de recuperação e menor risco de complicações.

A imagem acima representa o procedimento realizado em 2017 em uma paciente de 29 anos, com um nódulo benigno de 7cm em tireoide.

O procedimento poupou a paciente de se submeter a uma tireoidectomia, promovendo um procedimento minimamente invasivo. 

O aspecto ultrassonográfico após o procedimento pode sugerir uma mudança na natureza nodular, até se aproximando do aspecto maligno da doença, apresentando uma imagem anecoica próxima a de microcalcificações. Por isso, e importante que o radiologista seja orientado sobre o procedimento realizado.

Acompanhamento por USG após a RFA. Fonte: Acervo Dr. Erivelto Volpi.

Ablação por Laser

A ablação por laser é outra técnica minimamente invasiva usada em várias áreas médicas, incluindo a cirurgia da tireoide, mas também no tratamento de varizes e terapia para tumores. 

Ela funciona emitindo luz laser de alta energia para aquecer e destruir o tecido alvo. É frequentemente usado em combinação com orientação por imagem para direcionar com precisão o laser. O principal benefício da ablação por laser é a capacidade de tratar condições médicas sem a necessidade de grandes incisões, resultando em menos desconforto e recuperação mais rápida.

Este caso clínico ilustra a aplicação de uma técnica minimamente invasiva, a ablação por radiofrequência, no tratamento de nódulos tireoidianos suspeitos de malignidade em um paciente que optou por evitar a cirurgia tradicional. 

No entanto, é importante observar que a decisão de realizar uma técnica minimamente invasiva deve ser cuidadosamente avaliada e baseada na avaliação clínica, nos achados de imagem e nas preferências do paciente.

e aliviar os sintomas das veias varicosas, e é uma alternativa menos invasiva à cirurgia.

Ablação de tireoide guiada por USG 

A utilização do USG durante qualquer procedimento favorece exponencialmente a chance de sucesso e minimiza os riscos de complicações. 

Indicações e contraindicações

Ainda que promovam um cuidado eficaz e menos agressivo ao paciente, nem todos os pacientes têm indicação para a submissão às técnicas minimamente invasivas. 

Por isso, é válido compreender quais são as indicações e contraindicações desse método: 

  • Nódulos benignos
    • Que causam sintomas, como compressão da traqueia, dificuldade para engolir, dor ou desconforto estético.
  • Recorrência de nódulos
    • Caso tenha sido removido previamente por cirurgia a ablação, por exemplo, pode ser uma alternativa.
  • Contraindicação para a cirurgia convencional
    • A exemplo de problemas cardíacos com alto risco cardiovascular ou porque desejam evitar cirurgias invasivas.
  • Preferências do paciente 
    • Alguns pacientes podem preferir métodos minimamente invasivos devido a uma recuperação mais rápida e menor desconforto pós-procedimento.
  • Tamanho e localização do nódulo
    • Os métodos minimamente invasivos são mais adequados para nódulos menores e superficiais, especialmente quando estão em áreas delicadas da glândula tireoide.

Leia também: aprenda sobre os aspectos clínicos e ultrassonográficos da tireoide

Resultados e complicações das técnicas minimamente invasivas 

As técnicas minimamente invasivas, como a ablação por radiofrequência (RF) e a ablação por laser, têm se mostrado eficazes em muitos procedimentos médicos, proporcionando benefícios significativos, mas também apresentando potenciais complicações.

Uma das maiores vantagens das técnicas minimamente invasivas é a recuperação mais rápida em comparação com procedimentos cirúrgicos mais invasivos. Os pacientes geralmente podem voltar às atividades normais mais cedo. 

No entanto, em alguns casos, os resultados das técnicas minimamente invasivas podem não ser definitivos, e os problemas podem recorrer, exigindo tratamentos adicionais. Somado a isso, embora menos comuns, as técnicas minimamente invasivas ainda carregam o risco de danos a estruturas adjacentes, como vasos sanguíneos, nervos ou órgãos.

Embora sejam menos comuns do que em cirurgias mais invasivas, infecções e hemorragias podem ocorrer após procedimentos minimamente invasivos. A dor e desconforto, embora em menor grau, pode ocorrer após as técnicas de ablação ou escleroterapia. 

Em alguns casos, os pacientes podem necessitar de procedimentos adicionais para obter os resultados desejados, aumentando o tempo e os custos do tratamento.

Caso clínico: nódulos tireoidianos por técnica minimamente invasiva 

Paciente feminina, 42 anos de idade, apresenta-se à clínica com queixa de aumento progressivo de volume no pescoço e sensação de desconforto ao engolir nos últimos 6 meses. Não há histórico de doenças tireoidianas prévias. O exame físico revelou a presença de um nódulo palpável na região da glândula tireoide, com uma dimensão aproximada de 2 cm de diâmetro.

Exames complementares

  1. USG de Tireoide: revelou a presença de um nódulo tireoidiano sólido, hipoecoico, com vasos periféricos. O nódulo estava localizado na porção inferior direita da tireoide e apresentava características suspeitas de malignidade, como microcalcificações e aumento significativo de tamanho ao longo do tempo.
  2. Punção aspirativa por agulha fina (PAAF): realizada uma PAAF do nódulo, e a análise citológica do material coletado sugeriu a presença de células neoplásicas suspeitas de carcinoma tireoidiano.

Discussão do caso clínico 

Diante dos achados da ultrassonografia e da citologia da PAAF, houve suspeita de carcinoma tireoidiano no nódulo. No entanto, devido ao tamanho do nódulo e à preferência da paciente por um procedimento minimamente invasivo, decidiu-se realizar uma ablação por radiofrequência.

Procedimento realizado

Sob orientação por ultrassom, uma agulha foi introduzida no nódulo tireoidiano, e a ablação por radiofrequência foi conduzida. O tecido foi aquecido a uma temperatura suficiente para causar necrose das células neoplásicas.

Resultado 

Após o procedimento de ablação por radiofrequência, a paciente experimentou uma diminuição significativa no tamanho do nódulo, com alívio dos sintomas de desconforto ao engolir. Um acompanhamento subsequente revelou que os níveis de tireoglobulina diminuíram, indicando uma redução na atividade neoplásica.

Conclusão

Este caso clínico ilustra a aplicação de uma técnica minimamente invasiva, a ablação por radiofrequência, no tratamento de nódulos tireoidianos suspeitos de malignidade em um paciente que optou por evitar a cirurgia tradicional. No entanto, é importante observar que a decisão de realizar uma técnica minimamente invasiva deve ser cuidadosamente avaliada e baseada na avaliação clínica, nos achados de imagem e nas preferências do paciente.

Leia também: Por que fazer uma especialização médica com o Cetrus?

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Nos últimos anos, novas tecnologias minimamente invasivas vêm ganhando importância em todo o mundo como opção de tratamento para nódulos tireoidianos comprovadamente benignos. A ablação por Radiofrequência Guiada por Ultrassom é uma técnica em crescimento exponencial por seguir a tendência da medicina internacional em diminuir cada vez mais o número e o trauma das intervenções cirúrgicas.

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Referências 

  1. Diagnostic approach to and treatment of thyroid nodules. Douglas S Ross, MD. UpToDate. 
  2. Ablação percutânea com laser de nódulos benignos de tireoide: um estudo de acompanhamento de um ano. Antonio Rahal Junior. Einstein, 2018. 
  3. Protecting the skin during thyroidectomy. RENAN BEZERRA LIRA. 
  4. Incisão supraclavicular lateral em cirurgia de carcinoma papilífero unilateral de tireoide. Yan-Xin Ren. BJORL. 
  5. Cystic thyroid nodules. Douglas S Ross, MD. UpToDate.
  6. Abordagem diagnóstica e tratamento dos nódulos da tireoide. Douglas S Ross, MD. UpToDate.
  7. Thyroid nodules and differentiated thyroid cancer: Brazilian consensus. Ana Luiza Maia. Scielo.

Sugestão de conteúdo complementar

No vídeo, abaixo, o Dr. Erivelto Volpi, coordenador da Pós-graduação em Tireoide do Cetrus, explica alguns aspectos importantes destas novas opções minimamente invasivas, para o tratamento dos nódulos da tireoide.