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Diagnóstico de osteocondroma: principais sinais no exame de imagem

Aprenda os principais sinais de osteocondroma pelos exames de imagem e ofereça uma abordagem de excelência para os seus pacientes. Boa leitura!

O osteocondroma é uma condição de origem espontânea responsável por aproximadamente 30% dos tumores benignos ortopédicos. Por isso, é fundamental que o médico ortopedista e radiologista estejam familiarizados com os principais sinais da condição no exame de imagem. 

O que é osteocondroma?

O osteocondroma, também chamado de exostose osteocartilaginosa, é um esporão ósseo. É revestido por cartilagem e surge na superfície externa de um osso. 

Abaixo vemos um corte transversal de um osteocondroma que mostra a capa de cartilagem calcificada sobreposta ao osso esponjoso mal organizado.

Seção transversal de osteocondroma. Fonte:  Rubin R, Strayer DS. Patologia de Rubin: Fundamentos Clínicos Patológicos da Medicina, Quinta Edição. Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins, 2008.

É considerado um tipo de tumor ósseo benigno que ocorre com mais frequência durante a infância e adolescência. É caracterizado pelo crescimento anormal de osso e cartilagem na superfície externa de um osso. Geralmente, um osteocondroma se desenvolve perto das extremidades dos ossos longos, como os ossos do braço ou da perna.

Os osteocondromas são tipicamente assintomáticos, o que significa que não causam dor ou desconforto na maioria dos casos. No entanto, se crescerem muito ou se localizarem em áreas que interfiram com a movimentação normal das articulações, podem causar sintomas como dor, inchaço ou restrição dos movimentos.

Osteocondroma de “couve-flor” do trocânter menor do fêmur. Fonte: Yochum TR, Rowe LJ. Fundamentos de Radiologia Esquelética de Yochum e Rowe, Terceira Edição. Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins, 2004.

Exames de imagem mais relevantes: radiografia, TC, RM e cintilografia

No caso do osteocondroma, a colaboração entre o médico radiologista e o ortopedista é essencial. 

Grande parte dos tumores ósseos benignos podem ser diagnosticados por um médico não radiologista com experiência no quadro. No entanto, um laudo preciso e específico é mais importante. Por isso, a discussão entre esses dois especialistas colabora grandemente para o diagnóstico. 

Somado a isso, a identificação dessas lesões, muitas vezes, ocorre incidentalmente, o que pode evitar a realização de exames desnecessários, submetendo o paciente à ainda mais radiação. 

Radiografia

As radiografias são a modalidade inicial na avaliação das lesões ósseas. Para que o diagnóstico seja mais preciso, devem ser incluídos os dois planos e é possível distinguir os tumores benignos, como os osteocondroma, de malignos. As características que chamam atenção para malignidade são: 

  • Borda bem definida ou esclerótica;
  • Zona nítida de transição do osso normal para o anormal;
  • Ausência de reação periosteal;
  • Confinamento por barreiras naturais (por exemplo, placa de crescimento, córtex);
  • Falta de destruição do córtex;
  • Falta de extensão para o tecido mole.

TC e RM

Por outro lado, exames como TC e RM são mais interessantes na avaliação de tumores pélvicos, escapulares ou de coluna. Elas serão úteis para trazer descrições mais completas dos tumores. A TC, por exemplo, pode definir melhor a localização do tumor com relação ao osso além de estimar melhor a mineralização da matriz subjacente. 

A ressonância magnética é a abordagem preferencial ao se suspeitar de um tumor ósseo maligno, destacando-se como a técnica mais sensível para avaliar mudanças na medula óssea e delinear a extensão da lesão. 

Além disso, oferece a mais alta resolução de contraste disponível, sendo especialmente eficaz na visualização de massas de tecidos moles e na identificação de possíveis invasões de estruturas circundantes. Recomenda-se, primeiramente, a obtenção de radiografias antes da ressonância magnética, a fim de descartar causas benignas que não requerem a avaliação avançada fornecida por este exame. 

A RM, utilizada em conjunto com as radiografias, complementa o diagnóstico ao fornecer informações adicionais. É importante notar que, em certos casos, a sedação pode ser necessária para garantir a qualidade das imagens adquiridas durante o procedimento de ressonância magnética. 

Cintilografia

A cintilografia óssea desempenha um papel relevante na detecção de doenças metastáticas ou processos multifocais, conforme indicado. Contudo, sua utilidade é limitada devido à falta de especificidade e detalhes anatômicos, o que restringe seu emprego na avaliação primária de lesões ósseas isoladas.

Principais sinais nos exames de imagem

As proeminências ou projeções ósseas é frequentemente visto na superfície de ossos adjacentes. Elas podem variar em tamanho, forma e localização a depender de onde se localiza o tumor. 

Osteocondroma em Raio-X (imagem: Shutterstock) e em paciente (arquivo Cetrus)
Osteocondroma em Raio-X (imagem: Shutterstock) e em paciente (arquivo Cetrus)

Na extremidade da projeção óssea, pode haver uma área de cartilagem hialina que cobre a ponta do osteocondroma. Isso é característico desse tipo de tumor, o que é conhecido como Cartilagem Cap

A cartilagem cap é uma parte integrante da estrutura do osteocondroma e é a razão pela qual, em radiografias e exames de imagem, a extremidade da projeção óssea parece estar coberta por uma área mais clara, que é a cartilagem. Essa característica é frequentemente usada por radiologistas e médicos para auxiliar no diagnóstico diferencial entre osteocondromas e outros tipos de lesões ósseas.

No entanto, apesar de ser benigna, a cartilagem cap dos osteocondromas pode causar alguns problemas. Em alguns casos, essa camada de cartilagem pode se tornar irregular, espessada ou inflamada, o que pode levar a dor ou desconforto na área. Além disso, em casos raros, a cartilagem cap também pode sofrer degeneração, especialmente se o osteocondroma estiver crescendo rapidamente.

A pseudoarticulação também pode ser vista nos exames de imagem sendo uma complicação que, embora rara, pode ser resultado de infecções ou mesmo vascularização insuficiente. Nela, ocorre uma fusão entre o osso e a articulação, 

Leia também: conheça a carreira do ortopedista especializado em coluna

Diferenciação de outras condições 

O diagnóstico diferencial do osteocondroma são outros tumores também formadores de cartilagem, como: 

  1. Encondromas;
  2. Condroma periosteal;
  3. Condroblastoma;

Locais comuns de tumores ósseos. Fonte: Daffner RH. Radiologia Clínica: The Essentials, 3ª Edição. Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins, 2007.

Encondromas

Os encondromas assim como os osteocondromas afetam principalmente os ossos longos, podendo também ser assintomáticos. No entanto, diferente dos osteocondromas que se desenvolvem na superfície óssea, os encondromas se desenvolvem na medula óssea e afetam principalmente a cartilagem hialina. 

Por isso, geralmente ocorrem dentro dos ossos, afetando principalmente os ossos das mãos e dos pés, embora possam ser encontrados em outras partes do corpo. Podem aparecer como áreas de calcificação dentro da medula óssea, muitas vezes com uma aparência de “vidro fosco” nas radiografias. Como vemos abaixo (fêmur distal), o que pode ser encontrado na radiografia é uma matriz floculenta semelhante a anéis. A calcificação concentra-se no centro da lesão. 

Encondroma solitário do fêmur. Fonte: Daffner RH. Radiologia Clínica: The Essentials, 3ª Edição . Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins, 2007. 

Condroma periosteal

O condroma periosteal, como o nome já diz, é um tumor benigno mais comum no periósteo. Este tipo de tumor é mais comum em adultos jovens e de meia-idade, e é mais frequentemente encontrado nos ossos longos das extremidades, como o fêmur e a tíbia.

Em termos de aparência nas radiografias e outros exames de imagem, o condroma periosteal costuma se manifestar como uma massa bem definida na superfície do osso, muitas vezes apresentando uma aparência lobulada. Geralmente, esses tumores são lentos no crescimento e tendem a ser assintomáticos, mas podem causar dor ou desconforto se crescerem o suficiente ou interferirem com as estruturas vizinhas.

Condroma periosteal da mão e do úmero. Fonte: Yochum TR, Rowe LJ. Fundamentos de Radiologia Esquelética de Yochum e Rowe, Terceira Edição. Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins, 2004.

Condroblastomas

Os condroblastomas, por sua vez, são tumores também benignos, mais comuns em homens jovens (10 a 25 anos). Os condroblastomas geralmente se apresentam como lesões benignas, mas podem ser agressivos localmente e causar erosão óssea. Os sintomas podem incluir dor, inchaço e limitação da função na área afetada. Radiografias e exames de imagem como a ressonância magnética são usados para diagnosticar o condroblastoma, e frequentemente revelam uma lesão bem definida com áreas de calcificação.

A localização mais comum do condroblastoma é nos ossos curtos e planos, como a extremidade proximal do fêmur (a parte superior do osso da coxa) e a extremidade proximal da tíbia (a parte superior da perna). No entanto, ele também pode ocorrer em outros ossos, como os ossos do pé, as mãos, o úmero e a pelve.

Na radiografia é descrita como uma lesão radiotransparente. 

Condroblastoma do joelho. Fonte: Yochum TR, Rowe LJ. Fundamentos de Radiologia Esquelética de Yochum e Rowe, Terceira Edição. Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins, 2004.

Ênfase na importância da identificação precisa de osteocondromas

Embora os osteocondromas sejam tumores ósseos benignos, sua presença pode causar desconforto, dor, limitação de movimento e, em casos raros, complicações mais graves.

Por isso, um diagnóstico preciso e precoce da doença pode poupar o paciente da perda significativa da qualidade de vida. Ainda, possibilita que a equipe médica tome uma conduta compartilhada com o paciente mais brevemente. 

Em alguns casos, os osteocondromas podem crescer o suficiente para causar dor, desconforto ou interferir na função normal do membro afetado. Identificar e tratar precocemente pode prevenir complicações mais sérias, como fraturas, deformidades ou danos aos tecidos circundantes. Erros de diagnóstico podem levar a tratamentos inadequados ou desnecessários, causando atrasos no cuidado apropriado e potencialmente agravando o quadro clínico.

Em suma, a identificação precisa de osteocondromas é essencial para garantir um cuidado eficaz e oportuno. Se você ou alguém que você conhece está preocupado com a presença de um osteocondroma ou qualquer outra condição de saúde, é aconselhável procurar a avaliação de um profissional médico qualificado para um diagnóstico preciso e orientação adequada.

Leia também: Por que fazer uma especialização médica com o Cetrus?

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Referências 

  1. Nonmalignant bone lesions in children and adolescents. John E Tis, MD. UpToDate. 

5 Replies to “Osteocondroma: o que preciso saber sobre o diagnóstico?”

  1. Tenho 52 anos
    Descobri agora pelo rx, que Tenho osteocondroma na coxa esquerda. Desejo ter mais informações sobre o caso. Obg

  2. Tenho essa doença na perna esquerda a quase 2 anos tenho 14 anos, isso apareceu depois que eu bati o local na parede e depois disso cresceu não sinto dor a noite e não dói, mas hoje senti que ele desceu o que acontece se ele estourar?

  3. FUI DIAGNOSTICADA COM OSTEOCONDROMA
    GOSTARIA DE SABER COMO TRATAR
    NO JOELHO
    DOI MUITO

  4. Meu filho esta com osteocondrome no loelho diagnosticado pelo raio x
    Cada movimento forcado que faz sente dor e incha muito
    O que devo fazer?
    Ele tem 14 anos

  5. Boa tarde gostaria de saber como faço pará fazer tratamento do joelho, minha mãe está muito ruim do joelho e com diagnóstico de artrose severa…Poderiam me ajudar com informações sobre possível cirurgia de prótese do joelho…muito obrigada e estempestades respostas…meu nome é Aldeni

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