Tendinipatia Calcária

Também chamada de tendinopatia calcificada ou calcificante, a tendinopatia calcária é uma patologia de depósito de hidroxiapatita (fosfato de cálcio) nos tendões. Por tratar-se de uma doença cíclica, sofre formação e reabsorção espontânea após um período variável, cursando com sintomatologia variável, incluindo dor de alta intensidade e incapacitante na fase de reabsorção.
PREVALÊNCIA:
Mais comum em mulheres (2:1) predomina na faixa de 30 a 50 anos. Ocorre em 3% da população, sendo 25% das vezes bilateral e 50% das vezes sintomática. Acomete mais frequentemente pessoas cuja ocupação exigem uso dos braços em rotação interna e leve abdução, como trabalhadores de mesa, caixas, alfaiates e trabalhadores da linha de produção.
ETIOLOGIA:
Sem relação mecânica ou com trauma, é pouco compreendida. Sua fisiopatologia parece estar relacionada a fatores metabólicos nos tendões ou hipóxia. Na fase de reabsorção ocorre liberação de macrófagos que tentam destruir essa calcificação levando a processo inflamatório importante. São tipicamente associadas a um manguito rotador intacto, sendo assim diferentes das encontradas em degenerações tendíneas (calcificações distrofias).
LOCAIS:
O tendão mais afetado é o supraespinhal (80%), seguido pelo infraespinhal no terço inferior (15%) e fibras pré-insercionais do subescapular (5%). Apesar da grande maioria das vezes ser observada nos tendões do manguito rotador, pode ser encontrada em outros locais do corpo
FASES:
É dividida em 2 fases, conforme evolução fisiopatológico:
1. Fase de síntese:
Também chamada fase “dura”, corresponde a 80% dos casos. Representa a fase de síntese das calcificações, onde ocorre a deposição dos cristais de hidroxiapatita, apresentando consistência endurecida.
Clínica: oligossintomático; ⁃ Imagem ao US: focos hiperecóicos intra-tendinosos, de limites bem definidos, produtores de forte sombra acústica (semelhante a cálculos).

2. Fase de reabsorção:
Chamada fase “mole”, inicia-se a migração de macrófagos para o local, levando a intensa inflamação e reabsorção, fragmentando os focos de calcificação, que ficam com aparência cremosa, em “pasta de dente”. Persiste, sem tratamento, por 1 a 2 semanas.

Clínica: dor bastante intensa, incapacitante; ⁃ Imagem ao US: focos hiperecoicos intra-tendinosos, de limites imprecisos, sem sombra acústica posterior, podendo romper para dentro da bursa subacromialsubdeltoidea.

Diagnóstico Diferencial:
Tendinopatia Calcária : | Calcificações distróficas: |
Maiores | Menores |
Intratendíneas | Geralmente Sobre o Tubérculo Maior do Úmero; |
Autolimitada (Pode Desaparecer) | Permanentes |
Tendão Tipicamente Saudável. | Associado a Tendão Degenerado (Tendinose) e Osteoartrose. |
Tendinopátia Calcária
⁃ Doença de depósito de hidroxipatita, autolimitada e cíclica; ⁃ Mais comum em mulheres entre 30 e 50 anos; ⁃ Tendões mais afetado: supraespinhal (80%), infraespinhal (15%) e o subescapular (5%); mas pode ocorrer fora do ombro também; ⁃ Síntese: chamada “dura”, não dói (oligossintomatica); US: imagem ecogênica produtora de forte sombra acústica; ⁃ Reabsorção: chamada “mole”, dói de forma intensa, muitas vezes limitando movimentos; US: imagem ecogênica de limites imprecisos, semelhante a “pasta de dente”, que não faz sombra; ⁃ Outra condição dolorosa que pode ser diagnosticada com ultrassom é a bursite, quando a calcificação migra do tendão para a bursa subdeltoide subacromia.
Dr. Lucas Gadioli
Médico Ultrassonografista Geral;
Membro do Núcleo Técnico de Conteúdo do Cetrus.