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Quando indicar a realização do teste ergométrico e quais as vantagens no cuidado com o paciente?

Entenda quando o teste ergométrico é indicado, as vantagens do exame e como interpretar os seus resultados para uma abordagem adequada ao seu paciente. Boa leitura! 

O teste ergométrico é uma ferramenta valiosa na avaliação da saúde cardíaca, permitindo avaliar a capacidade do coração de responder ao estresse físico. Sua importância reside na capacidade de identificar anomalias cardíacas subjacentes, como arritmias, isquemia, e outras condições cardiovasculares.

É uma ferramenta não invasiva, acessível e amplamente utilizada na prática clínica para auxiliar na tomada de decisões médicas relacionadas à saúde do coração. Por isso, é fundamental que o médico esteja capacitado a identificar a necessidade de um teste ergométrico. 

Objetivos do teste ergométrico

O teste ergométrico é um exame completo e bastante importante na detecção de problemas cardiovasculares. 

Sendo um exame completo, o teste ergométrico pode avaliar muitas condições, além do monitoramento de doenças cardíacas do paciente. Por isso, o teste ergométrico é considerado um exame, muitas vezes, essencial para avaliação da saúde cardíaca, conseguindo nortear estratégias de prevenção para os pacientes.

As principais indicações do teste ergométrico são: 

  • investigação da doença coronariana obstrutiva;
  • avaliação de risco e prognóstico em pacientes de doença arterial coronariana;
  • após infarto do miocárdio;
  • avaliação antes de realização de atividade física acima dos 40 anos;
  • investigação de arritmias cardíacas.

Um exemplo disso é a importante avaliação de pacientes hipertensos que praticam exercícios físicos de alto desempenho. É de suma importância que ele realize o exame para ser compreendido o comportamento do seu coração durante a prática da atividade física.

Por outro lado, as contraindicações gerais para a realização de um TE são:

  • embolia pulmonar;
  • enfermidade aguda, febril ou grave;
  • limitação física ou psicológica;
  • intoxicação medicamentosa;
  • PA > 240/120mmHg;
  • distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos não corrigidos. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o TE possui uma sensibilidade de em média 67% para DAC, com especificidade de em média 71%, embora não seja o padrão ouro para o diagnóstico.

Normalmente são observados no estudo os seguintes indicadores:

  • frequência cardíaca;
  • pressão arterial;
  • eletrocardiograma (ECG);
  • avaliação de sintomas.

O exame é feito em uma esteira ou bicicleta ergométrica colocadas em uma inclinação, e monitora como o coração responde à atividade física. O teste é feito até o paciente atingir seu pico de esforço, mas pode ser interrompido em caso de dor no peito, tonteira, dificuldades respiratórias ou se há sinais preocupantes nas aferições de pressão arterial ou do eletrocardiograma.

Leia também: Como ser eficiente na avaliação cardíaca fetal e na detecção de cardiopatias?

Requisitos para realização do teste ergométrico na sala de emergência 

O TE pode ser um exame indicado na avaliação de pacientes que procuram o setor de emergência, especialmente em decorrência de dor torácica ou algum potencial equivalente anginoso.

Pensando nisso, os pacientes destinados a realizar o TE na sala de emergência geralmente são aqueles que possuem dor torácica, mas o seu risco para eventos cardiovasculares é muito baixo. Diante desse cenário, temos um paciente que terá alta precocemente, porém de forma segura, justificando o emprego do TE. 

Entretanto, antes que ele seja realizado, situações como síndrome coronariana aguda de moderado e alto risco devem ser afastados, bem como doenças agudas da aorta, tromboembolismo pulmonar, miocardite e pericardite. 

As seguintes condições são pré-requisitos para a realização do TE na sala de emergência: 

  • Duas amostras normais de marcadores de necrose miocárdica (Troponina I) em seis e 12 horas após o início dos sintomas;
  • Ausência de:
    • modificações do traçado do ECG de repouso da admissão e imediatamente anterior ao TE;
    • modificações do ECG imediatamente antes do esforço, em relação ao prévio;
    • sintomas no intervalo entre a coleta e o resultado da segunda amostra dos marcadores;
    • dor torácica sugestiva de isquemia no momento do início do esforço.
  • Completa estabilidade hemodinâmica.

Ainda, nas orientações ao paciente que realizará o teste para função diagnóstica é fundamental acerca das medicações de uso contínuo, seguindo:

Tabela com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia para a execução do teste ergométrico.
Tempo para suspensão dos medicamentos para a realização do teste ergométrico quando a finalidade é diagnosticada. Fonte: III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre o Teste Ergométrico.
Saiba também: Sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção da arritmia cardíaca

Contraindicações para a realização de TE na sala de emergência 

Por outro lado, é importante que o médico esteja atento às contraindicações à realização do TE na sala de emergência. São elas: 

  • alterações do segmento ST no ECG de repouso, novas ou em evolução;
  • marcadores séricos de necrose miocárdica acima dos valores normais;
  • incapacidade ou limitação para o paciente se exercitar;
  • piora ou persistência dos sintomas de dor torácica sugestiva de isquemia até a realização do TE;
  • perfil clínico indicativo de alta probabilidade para realização de coronariografia;
  • arritmia complexa;
  • sinais de disfunção ventricular. 
Descubra também: Principais complicações mecânicas do infarto agudo do miocárdio e como conduzir

Tipos de teste ergométrico e quando aplicá-los

Os testes ergométricos, também conhecidos como testes de esforço ou teste de esteira, são usados para avaliar a resposta do coração e do corpo ao esforço físico. Existem diferentes tipos de testes ergométricos, cada um com suas aplicações específicas, sendo:

Teste ergométrico convencional (TEC) ou teste de esforço em esteira

É o teste mais comum. O paciente caminha ou corre em uma esteira enquanto sua frequência cardíaca, pressão arterial e atividade cardíaca são monitoradas. É usado para diagnosticar doença arterial coronariana, avaliar a capacidade aeróbica e determinar limitações de exercício.

Teste ergométrico computadorizado (TEC)

Similar ao teste convencional, mas usa sistemas computadorizados para análise mais detalhada dos dados cardiovasculares durante o exercício.

Teste ergométrico com imagem (ecocardiograma de esforço ou cintilografia de perfusão miocárdica)

Realiza-se o teste de esforço ao mesmo tempo que se faz um exame de imagem do coração para avaliar o fluxo sanguíneo e a função cardíaca durante o exercício. É usado para diagnosticar doenças cardíacas estruturais.

Teste cardiopulmonar (ergoespirometria)

Combina o teste de esforço com a análise dos gases respiratórios para avaliar a capacidade cardiorrespiratória. Ajuda a identificar problemas pulmonares e cardíacos.

Avaliação de atletas

Realizado de forma específica para atletas de alto rendimento, com protocolos diferenciados para avaliar o desempenho atlético e detectar anomalias cardíacas potencialmente perigosas durante o exercício.

Qual tipo de teste ergométrico devo indicar?

Cada tipo de teste ergométrico tem suas vantagens, sendo indicado conforme a condição clínica e a necessidade de avaliação do paciente. Nesse sentido, o médico deve decidir o tipo específico de teste com base nos sintomas do paciente e nos objetivos da avaliação cardiovascular.

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Como o teste avalia a resposta do coração ao esforço físico

Durante um teste ergométrico, o coração é monitorado enquanto o paciente realiza atividade física, geralmente em uma esteira ergométrica. Sendo assim, o coração precisa bombear mais sangue para suprir a demanda aumentada de oxigênio e nutrientes pelos músculos durante o exercício.

O eletrocardiograma (ECG) é utilizado para monitorar a atividade elétrica do coração. Desse modo, eletrodos são colocados no peito do paciente para registrar a atividade elétrica do coração durante o repouso, o exercício e o período de recuperação.

Além disso, a frequência cardíaca e pressão arterial são medidas regularmente durante o teste para avaliar como o coração responde ao esforço físico.

A frequência cardíaca aumenta de forma esperada durante o exercício para atender à demanda do corpo por mais oxigênio. Sendo assim, a pressão arterial também é monitorada para verificar como o sistema cardiovascular está respondendo ao esforço.

Durante o teste, o médico pode procurar sinais de isquemia, sendo a redução do fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco devido a bloqueios nas artérias coronárias. Isso pode ser evidenciado por alterações no padrão do ECG durante o exercício, como elevação ou depressão do segmento ST.

Leia também: Processo, benefícios para pacientes e papel dos profissionais de saúde na reabilitação cardíaca

Protocolo de Bruce: o mais utilizado

O protocolo de Bruce é o mais utilizado com aumento progressivo de velocidade e inclinação durante o TE. Por isso, indica-se especialmente para estabelecimento de diagnóstico ou de avaliação da capacidade funcional em pacientes com algum grau de condicionamento físico. 

Sendo assim, considera-se nessa avaliação que: 

  • Homens (2,9 x tempo em minutos) + 8,33
  • Mulheres – VO2 = (2,74 x tempo em minutos) + 8,03 

O protocolo de Bruce modificado estabelece o primeiro estágio com a velocidade de 1,7 mph ou 2,7 km/h, com inclinação de 5%. A partir do estágio três segue-se o protocolo original, descrito acima.  

Complementaridade com outras modalidades de exames cardíacos

O teste ergométrico é uma ferramenta valiosa na avaliação da saúde cardíaca, mas sua complementaridade com outras modalidades de exames cardíacos é fundamental para obter uma imagem mais completa e precisa.

Nesse sentido, algumas modalidades frequentemente combinadas com o teste são: 

  • Ecocardiograma de estresse, que oferece detalhadas de coração durante o exercício, e identificando válvulas cardíacas anormais, além de problemas estruturais e insuficiência cardíaca;
  • Cintilografia miocárdica de perfusão, capaz de detectar o fluxo sanguíneo reduzido, indicativo de isquemia, sendo mais sensível que o ECG; 
  • Ressonância magnética cardíaca (RMC), fornecendo imagens precisas das estruturas, sendo útil em situações em que outros exames não podem oferecer informações suficientes;
  • Angiografia coronariana, usada para detectar bloqueios ou estreitamentos significativos nas artérias do coração;
  • Holter e MAPA, podendo identificar arritmias e alterações na PA durante o exercício. 
Saiba também: Manejo e tratamento inicial do paciente na emergência de insuficiência cardíaca aguda descompensada

Estratégias de interpretação dos resultados em situações específicas

A interpretação dos resultados do teste ergométrico é crucial para avaliar a função cardíaca e identificar problemas potenciais. Por isso, listamos algumas estratégias específicas de interpretação que podem ser usadas em diferentes situações, incluindo: 

Durante o teste

A resposta da frequência cardíaca aumenta de maneira apropriada com o exercício, sendo que uma resposta anormal pode indicar problemas de função cardíaca.

A pressão arterial durante o exercício é esperado. Dessa maneira, pressão excessivamente alta ou baixa pode ser indicativa de problemas cardiovasculares. Por conseguinte, alterações no ECG durante o exercício, como arritmias, elevações ou depressões no segmento ST, que podem indicar isquemia cardíaca.

Após o teste

Uma recuperação lenta da frequência cardíaca após o exercício pode indicar problemas cardíacos. Além disso, deve retornar aos níveis de repouso após o exercício e, se a pressão arterial permanecer elevada, pode indicar um problema subjacente.

Comparação com padrões normais

Considerar esses fatores ao interpretar os resultados variam conforme a pessoa. Por isso, utilizar valores de referência para determinar se os resultados estão nos limites normais nem sempre é o ideal, mas colabora com a interpretação.

Descubra também: Passo a passo para elaborar o laudo de um teste ergométrico

Quando o exame deve ser interrompido?

A decisão de interromper o exame depende do médico executor, em sua avaliação de riscos e benefícios do exame. Nesse caso, entende-se que o paciente está em situação de risco durante a realização do teste. 

É indicado que o exame seja interrompido nas seguintes situações:

  • angina importante;
  • PAS > 260 mmHg;
  • PAD > 140 hipertenso e > 120 normotenso;
  • queda PAS < 10 mmHg;
  • infra ST = 3 mm ou Supra ST > 2 mm;
  • aparecimento de BAV 2º ou 3º;
  • arritmias ventriculares complexas;
  • fibrilação atrial.

Para complementar o entedimento sobre esse assunto, assista o vídeo do Dr. Murillo Antunes sobre como elaborar o laudo de um teste ergométrico:

Dr. Murillo Antunes explica como elaborar o laudo de um teste ergométrico.
Leia também: Por que fazer uma especialização médica com o Cetrus?

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Referências 

  • III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre o Teste Ergométrico. Departamento de Ergometria, Exercício e Reabilitação Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DERC/SBC).

2 Replies to “Teste ergométrico: quando indicar e vantagens no cuidado com o paciente”

  1. Fazer o teste ergométrico sem parar de tomar aradois pode causar um resultado falso negativo da resposta pressórica?

  2. Cetros é um curso de bom aproveitamento na pratica TE . Desejo saber o custo .

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