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Ultrassom transvaginal: como conduzir o exame com excelência e dicas sobre o posicionamento do aparelho

Aprenda como conduzir exames de ultrassom transvaginal, posicionamento do transdutor e modos do aparelho de USG para uma melhor condução da avaliação do paciente. Boa leitura!

O ultrassom transvaginal se consolidou como uma ferramenta valiosa para o diagnóstico de condições ginecológicas e obstétricas e é frequentemente utilizado como parte da abordagem de cuidados de saúde da mulher. Por isso, é fundamental que o médico saiba indicar adequadamente esse exame, também conhecendo a condução e posicionamento do aparelho.

Indicações para realização de um ultrassom transvaginal

O ultrassom transvaginal está sendo amplamente adotado como a principal abordagem de avaliação em pacientes que apresentam sangramento uterino anormal e outras condições.

Essa técnica é considerada uma ferramenta de grande relevância no diagnóstico de diversas condições ginecológicas. Diversos estudos têm estabelecido uma associação entre a espessura do endométrio e a presença de doenças intracavitárias, com base em amostras obtidas por meio de curetagem.

As principais indicações da realização de uma ultrassonografia transvaginal são:

Avaliação Obstétrica

  • Monitoramento da Gravidez: O ultrassom transvaginal é frequentemente usado para monitorar o desenvolvimento do feto durante a gravidez, avaliando o crescimento, a anatomia fetal e a placenta.
  • Primeiro Trimestre: Pode ser usado no primeiro trimestre para confirmar a gravidez, verificar a idade gestacional e rastrear anomalias cromossômicas.
  • Avaliação da Cervix: Pode ser usado para avaliar o colo do útero (cervix) em busca de complicações durante a gravidez.

Investigação de Sangramento Anormal

Mulheres com sangramento uterino anormal podem ser submetidas ao ultrassom transvaginal para avaliar a causa, como pólipos, miomas, adenomiose ou outras anormalidades do útero.

Avaliação de Massas Pélvicas

O ultrassom transvaginal é eficaz na detecção e caracterização de massas pélvicas, como cistos ovarianos, tumores uterinos e outras lesões anexiais.

Infertilidade

O exame pode ser usado para avaliar a saúde dos órgãos reprodutivos, incluindo os ovários e o útero, em mulheres com problemas de fertilidade.

Dor Pélvica

O ultrassom pode ajudar a identificar a causa da dor pélvica, como endometriose, cistos ovarianos, inflamação pélvica ou outros problemas ginecológicos.

Controle de Tratamento

Após cirurgias ginecológicas ou tratamento de doenças, o ultrassom transvaginal pode ser usado para monitorar o progresso e a eficácia do tratamento.

Planejamento de Procedimentos

Antes de procedimentos cirúrgicos ginecológicos, como a remoção de miomas ou a histerectomia, o ultrassom transvaginal pode ser usado para avaliar a anatomia e planejar a cirurgia.

Avaliação de Doenças Pélvicas Inflamatórias

Pode ser usado para identificar condições inflamatórias, como doença inflamatória pélvica (DIP) e abscessos pélvicos.

Triagem para Câncer

Pode ser usado para monitorar mudanças no endométrio em mulheres em risco de câncer de endométrio.

Outras Indicações

  • Avaliação de anormalidades uterinas, como septos uterinos.
  • Controle de anticoncepção intrauterina (DIU).
  • Avaliação de incontinência urinária.
  • Identificação de causas de dor durante o sexo.

É importante destacar que a decisão de realizar um ultrassom transvaginal é baseada nas necessidades clínicas e nas queixas da paciente.

O procedimento deve ser conduzido com sensibilidade e respeito à privacidade da paciente, com o devido consentimento informado, como falaremos melhor adiante.

Leia também: como reconhecer tipos de rotura de prótese mamária na ultrassonografia?

Identificação das estruturas anatômicas-chave

A identificação das estruturas anatômicas-chave durante um ultrassom transvaginal é essencial para um diagnóstico preciso e eficaz.

Útero

O útero é uma estrutura em forma de pera localizada na pelve. As partes do útero que devem ser avaliadas incluem o corpo, o colo do útero (cérvix), a cavidade uterina e a espessura do endométrio.

Ovários

Os ovários são duas pequenas glândulas localizadas nos lados do útero. Durante o ultrassom transvaginal, os ovários devem ser examinados quanto ao tamanho, forma e textura, e quaisquer anormalidades, como cistos ou tumores, devem ser identificadas.

Trompas de Falópio

As trompas de Falópio são estruturas que conectam os ovários ao útero. Embora sejam difíceis de visualizar diretamente, alterações indiretas nas trompas de Falópio, como hidrossalpinge (acúmulo de líquido), podem ser observadas.

Endométrio

O endométrio é o revestimento interno do útero que é examinado quanto à espessura e textura. Mudanças na espessura do endométrio podem ser indicativas de condições como pólipos ou hiperplasia endometrial.

Bexiga

A bexiga está localizada na parte inferior do abdômen e pode aparecer no campo de visão durante o ultrassom transvaginal. Uma bexiga cheia pode ajudar a visualizar as estruturas pélvicas com mais clareza.

Músculos do assoalho pélvico

Durante o exame, é importante observar a integridade dos músculos do assoalho pélvico, que oferecem suporte ao útero e outros órgãos pélvicos.

Ligamentos uterinos

Os ligamentos uterinos são importantes para a posição e a sustentação do útero. Eles podem ser visualizados e avaliados durante o exame.

Vasos sanguíneos

Os vasos sanguíneos que irrigam a pelve também podem ser observados para identificar qualquer sinal de anormalidades, como a presença de massas ou tumores que podem afetar o fluxo sanguíneo.

Abaixo vemos uma imagem ultrassonográfica demonstrando um útero em anteroversão, compreendendo toda sua extensão desde o óstio interno ao fundo uterino. Anteriormente, vemos a bexiga urinária distendida preenchida por urina.

Equipamento e sonda para o exame de ultrassom transvaginal

O exame de ultrassom transvaginal utiliza equipamentos específicos e observa rigorosas medidas de higiene para garantir a privacidade e a segurança da paciente.

Esse equipamento de ultrassom transvaginal é composto por várias partes essenciais. O componente central é o aparelho de ultrassom, que emite e recebe ondas sonoras de alta frequência para criar imagens em tempo real das estruturas internas do corpo.

Um dos elementos mais essenciais é o transdutor transvaginal, uma sonda especial projetada para este tipo de exame. É um dispositivo alongado, semelhante a uma sonda, projetado para ser inserido na vagina da paciente. Ele é relativamente fino e flexível para facilitar a inserção e minimizar o desconforto.

A exibição no monitor é fundamental para que o médico possa avaliar as estruturas com precisão. O sistema de gravação e arquivamento permite que o médico capture e arquive imagens e vídeos para referência futura e registro médico.

Higiene e privacidade da paciente durante a transvaginal

Na preparação do paciente, a higiene é um fator crítico para assegurar o sucesso do exame e o bem-estar da paciente. Isso começa com a lavagem adequada das mãos pelo médico e qualquer assistente, utilizando água e sabão ou um desinfetante para as mãos.

A utilização de luvas médicas estéreis é fundamental para evitar qualquer contato direto com a paciente durante o exame, e estas luvas são descartadas adequadamente após o procedimento.

A higiene da sonda transvaginal é fundamental. Ela deve ser limpa e desinfetada completamente antes e depois de cada exame para prevenir a transmissão de infecções. Além disso, todos os materiais descartáveis, como luvas, bainhas da sonda e capas, devem ser descartados de acordo com os regulamentos de resíduos biomédicos.

E quanto à privacidade da paciente no exame de ultrassom transvaginal?

É essencial garantir a privacidade da paciente. Ela deve ser fornecida com uma vestimenta apropriada para preservar sua privacidade e cobrir o corpo durante o exame.

A paciente deve ser completamente informada sobre o procedimento, incluindo o motivo do exame, o que esperar durante o procedimento e a opção de ter um acompanhante, como uma enfermeira, presente durante o exame, caso ela deseje.

Em resumo, a privacidade e a higiene são preocupações centrais durante um exame de ultrassom transvaginal. O uso adequado do equipamento, incluindo o transdutor transvaginal, e a adesão a práticas rigorosas de higiene garantem que o procedimento seja conduzido com segurança, respeitando o conforto e a dignidade da paciente.

Saiba mais: como realizar o exame da ultrassonografia vascular e quais são os principais achados?

Posicionamento do paciente e do transdutor: como minimizar o desconforto da paciente?

A paciente deve ser posicionada em decúbito dorsal com os joelhos levemente dobrados e as pernas afastadas, uma posição geralmente confortável. Ajustar o ângulo e a rotação da sonda de acordo com a anatomia individual da paciente ajuda a minimizar o desconforto.

A inserção do transdutor deve ser suave e cuidadosa. O uso de gel lubrificante à base de água na extremidade da sonda pode facilitar a inserção e reduzir o atrito.

Como vemos na imagem acima, a empunhadura do transdutor faz toda diferença na imagem obtida na tela.

Uma vez inserida, gire suavemente a sonda até que o ângulo da mesma esteja alinhado com o eixo longitudinal pélvico. Você pode precisar girar a sonda ligeiramente para a direita ou esquerda para otimizar a visualização, dependendo da posição anatômica da paciente.

Como ajustar a imagem durante o exame do ultrassom?

No monitor do equipamento de ultrassom, ajuste a profundidade e o foco para obter a melhor imagem das estruturas pélvicas. Continue a fazer pequenos ajustes na posição da sonda, se necessário, para otimizar a visualização.

A qualidade de iluminação da tela também colabora com a boa visualização da imagem. O ideal é que as luzes da sala estejam apagadas associado a um bom ganho do monitor (mais luz). É interessante que o médico esteja posicionado próximo a tela, para que a visualização seja melhorada.

Ética médica no contexto do ultrassom transvaginal

Antes de realizar o ultrassom transvaginal, o médico deve obter o consentimento informado da paciente. Isso envolve explicar em detalhes o procedimento, seus objetivos, benefícios e potenciais riscos. A paciente tem o direito de consentir ou recusar o exame com pleno entendimento.

A paciente deve ser plenamente capacitada a dar seu consentimento informado. Em casos de pacientes menores de idade ou que não estão em condições de dar consentimento por si mesmas, a devida consideração ética deve ser dada.

Respeitar a privacidade e a dignidade da paciente é fundamental. Garanta que o ambiente seja apropriado e que a paciente seja adequadamente vestida para preservar sua privacidade. O exame deve ser conduzido com discrição e sensibilidade.

Existem particularidades quanto aos resultados do exame?

Todas as informações obtidas durante o exame, incluindo imagens e resultados, devem ser tratadas com confidencialidade absoluta. Isso significa que essas informações não devem ser compartilhadas sem o consentimento da paciente, a menos que existem razões médicas legítimas para fazê-lo.

Os princípios éticos de beneficência (fazer o bem) e não maleficência (não causar danos) devem ser seguidos. O médico deve buscar realizar o exame de forma a minimizar o desconforto da paciente e maximizar os benefícios diagnósticos.

Descubra: por que se especializar em ultrassonografia?

Últimas tendências e avanços na ultrassonografia transvaginal

O uso de ultrassom 3D e 4D tem se expandido, permitindo a aquisição de imagens mais detalhadas e em tempo real das estruturas pélvicas e fetais. Isso oferece uma visão mais realista das estruturas e permite uma melhor avaliação pré-natal.

O ultrassom 4D, além de proporcionar imagens tridimensionais, acrescenta a dimensão do tempo, o que permite visualizar movimentos em tempo real. Isso é particularmente útil em obstetrícia para observar o movimento do feto, mas também pode ser aplicado a outras áreas da medicina.

As imagens 3D e 4D podem oferecer uma visão mais clara e completa das estruturas examinadas, permitindo uma melhor caracterização e diagnóstico. Além disso, a visualização em tempo real (4D) pode ser valiosa para monitorar o movimento, como o batimento cardíaco fetal.

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Referências

5 Replies to “Ultrassom transvaginal: dicas para conduzir o exame com excelência”

  1. Gostaria de assistir essa aula, como posso fazer isso. Desde já agradeço 👍🏾

  2. Não consegui entrar na aula Por favor deixe disponível para revermos

  3. Perdi o webnar pq estava trabalhando. Tem como assistir depois?

  4. Bom dia, não consegui entrar mesmo tendo feito a inscrição… que pena, tem como repetir?

  5. Webinar excelente. Professores de alto nível e excelente didática. Pena que não consegui assistir na íntegra. Seria muito importante e produtivo para todos se fosse possível rever este webinar.

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