Tudo que você precisa saber sobre a falha repetitiva da FIV. Continue a leitura e saiba como realizar a investigação! Boa leitura.
A fertilização in vitro (FIV) é uma técnica amplamente utilizada para tratar a infertilidade. Apesar dos avanços tecnológicos e das melhorias nas técnicas laboratoriais, a falha repetitiva da FIV (FRF) continua sendo um desafio significativo para especialistas em fertilidade.
Este guia tem como objetivo fornecer uma análise abrangente das causas, diagnósticos e abordagens terapêuticas para a FRF, facilitando o desenvolvimento de estratégias personalizadas e eficazes para aumentar as taxas de sucesso da FIV.
Fertilização in vitro
A fertilização in vitro (FIV) é uma técnica de reprodução assistida (TRA). Esta envolve a combinação de oócitos e espermatozóides em laboratório para formação de embriões, os quais são posteriormente transferidos para o útero com a intenção de iniciar uma gravidez.
Utiliza-se a FIV para tratar diversas causas de infertilidade e tem evoluído significativamente desde sua introdução, resultando em melhorias nas taxas de sucesso.
Indicações da FIV
Indica-se a FIV em diversas situações de infertilidade, que é considerada como a incapacidade de um casal conceber uma gravidez após 12 meses de relações sexuais regulares e desprotegidas. Para mulheres com mais de 35 anos, este período é reduzido para 6 meses devido à diminuição da reserva ovariana e da qualidade dos oócitos com a idade.
Classifica-se a infertilidade como primária, quando o casal nunca conseguiu conceber, ou secundária, quando há dificuldade em conceber após uma gestação prévia.
Divide-se os tipos de infertilidade em:
- Feminina: Relacionada a fatores que afetam a saúde reprodutiva da mulher. Ex.: distúrbios ovlários, uterinos, tubários, cerviciais e endometriose.
- Masculina: Relacionada a fatores que afetam a saúde reprodutiva do homem. Ex.: distúrbios da reprodução e função dos espermatozóides, obstrução do trato reprodutivo, fatores hormonais, ambientais e de estilo de vida.
- Combinada: Quando ambos os parceiros têm fatores contribuintes.
- Inexplicada: Quando, após uma avaliação completa, não é encontrada nenhuma causa identificável para a infertilidade. É um diagnóstico de exclusão.
Saiba mais:
Para saber mais sobre os tipos de infertilidade, seus tratamentos e mais, leia nossos artigos sobre o tema e apronfunde seus conhecimentos sobre o assunto:
- Infertilidade sem causa aparente (ISCA): como conduzir o diagnóstico?
- Fertilidade Integrativa: abordagem inovadora para tratar a infertilidade
- Histeroscopia ambulatorial no tratamento da infertilidade: procedimento e seus benefícios
Procedimento da FIV
O processo de FIV envolve várias etapas bem definidas e tecnicamente complexas. Tudo se inicia com a estimulação ovariana controlada. Nesta fase, ocorre a administração de gonadotrofinas exógenas para estimular o desenvolvimento de múltiplos folículos ovarianos. A mulher é então monitorada através de ultrassonografia transvaginal e dosagens hormonais para ajustar a medicação e determinar o momento ideal para a coleta dos oócitos.
A segunda fase é a coleta de oócitos. Estes são aspirados dos folículos maduros e transferidos para o laboratório de embriologia. O procedimento de aspiração folicular é realizado sob orientação da ultrassonografia transvaginal, geralmente sob sedação.
A terceira fase é fertilização, onde os oócitos coletados são incubados com espermatozóides preparados, ou através da injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), especialmente indicada em casos de fator masculino severo. A fertilização é confirmada 16-18 horas após o procedimento.
Cultivo e transferência dos embriões
Após ter confirmado a fertilização, é feito o cultivo de embriões em meio apropriado e monitorados quanto ao desenvolvimento até o estágio de blastocisto (5-6 dias) ou antes, dependendo da clínica. Avaliação morfológica e, em alguns casos, análise genética pré-implantacional (PGT) para selecionar embriões euploides.
Um ou mais embriões de qualidade são selecionados para transferência ao útero, utilizando um cateter fino e flexível sob orientação ultrassonográfica. A transferência geralmente ocorre no estágio de blastocisto para otimizar as taxas de implantação.
Fase lútea
Após a transferência dos embriões, é importante que a equipe forneça suporte à fase lútea. Neste momento deve-se administrar progesterona para apoiar o endométrio e facilitar a implantação.
Um teste de gravidez realizado aproximadamente 10-14 dias após a transferência embrionária para confirmar a gravidez.
Infelizmente nem sempre o resultado da FIV é positivo. Em alguns casos há falha na primeira tentativa do casal. Entretanto, em outros casos, esta falha ocorre mais de três vezes. Nestes casos, chamados de falha repetitiva da FIV.
Definição de Falha Repetitiva da FIV
A falha repetitiva da FIV é geralmente definida como a falha em obter uma gravidez clínica após três ou mais ciclos de FIV, nos quais embriões de boa qualidade foram transferidos. No entanto, a definição pode variar dependendo de fatores como a idade da paciente e a qualidade dos embriões.
Em alguns artigos, por exemplo, consideram a quantidade de transferência, número de embriões transferidos, qualidade morfológica ou outros fatores. .
De forma geral, o principal fator pré-procedimento que impacta no sucesso de uma FIV é a idade da mulher, responsável pela doação dos óvulos. Isso se deve tanto à diminuição da responsividade ovariana quanto à estimulação da gonadotrofina, o que resulta em um número reduzido de óvulos disponíveis para FIV, quanto a uma taxa de implantação reduzida por embrião transferido devido à baixa qualidade do óvulo.
Além disso, mulheres com idade mais avançada, principalmente as acima de 35 anos, têm maior risco de perda da gravidez e de gestação com anormalidades cromossômicas.
Além da idade, algumas condições levam à falha da FIV. São eles:
- Reserva ovariana baixa;
- Hidrossalpinge;
- Uso de tabaco, álcool e drogas;
- Leiomioma;
- Endometriose;
- Obesidade;
- Dieta não saudável;
- Estresse.
Causas da Falha Repetitiva da FIV
No caso de falhas repetitiva da FIV, além destes fatores, ainda podemos classificar as causas em fatores relacionados aos embriões, ao útero, ao processo da FIV em si e a fatores imunológicos e genéticos.
Apesar disso, existem alguns casos em que a etiologia pode não ser identificada.
Fatores Relacionados aos Embriões
Neste caso, o problema pode acontecer antes da formação do embrião ou após a sua formação. No primeiro caso, podemos pensar em dificuldade para os folículos se desenvolverem devido à reserva ovariana diminuída ou então anormalidades do esperna, falta de penetração na zona pelúcida, falha de ativação do oócito ou um defeito não identificado previamente no oócito.
No caso de problemas pós-formação do embrião, pensamos em três possibilidades:
- Qualidade do embrião
- Desenvolvimento ou repectividade endometrial
- Eficiência de transferência dos embriões.
Essas duas últimas estão relacionadas ao útero e ao processo de efetivação da FIV.
Qualidade do embrião
Em relação à qualidade do embrião, podemos pensar em:
- Reserva ovariana diminuída
- Idade materna avançada
- Estimulação ovariana subótima (limita o número potencial de embriões formados)
- Condições de cultura laboratorial subótimas
- Danos causados por biópsia ou criopreservação
- Falha em sobreviver ao degelo
Fatores Relacionados ao Útero
- Receptividade Endometrial: Otimização da janela de implantação (WOI) é crucial. Alterações no endométrio, como endometrite crônica, podem prejudicar a implantação. Além disso, hidrossalpinges, infecções tornam o útero um ambiente não receptivo.
- Anomalias Uterinas: Miomas submucosos, pólipos endometriais e malformações uterinas podem impedir a implantação do embrião. Além disso, temos os septos uterinos que também podem atrapalhar a implantação do embrião.
Transferência de embriões
Transferências traumáticas, que podem acontecer devido ao uso de cateteres de transferência rígidos, podem prejudicar a efetividade do procedimento e causar falha repetitiva da FIV.
Além disso, podemos também ter o posicionamento impressivo dos embriões. Nestes casos, o uso de ultrassom pode auxiliar no procedimento, evitando erros.
Fatores Imunológicos e Genéticos
- Reações Imunológicas: A presença de anticorpos anti-fosfolípides e outras anormalidades imunológicas podem interferir na implantação.
- Fatores Genéticos: Alterações genéticas nos pais ou nos embriões podem resultar em falhas repetitivas.
Abordagens para a falha repetitiva da FIV
Conhecendo as prováveis etiologias, é importante que o médico atue nesses fatores para evitar a falha da repetitiva da FIV.
Inicialmente é importante ter uma consulta pré-conceptional com mãe e o pai, falando sobre aliementação, dieta, uso de substâncias e estilos de vida. Após as orientações, é importante fazer uma avaliação geral com estes futuros genitores, como:
- Espermograma para availiar a condição e saúde do espermatozóide
- Histeroscopia para avaliar a cavidade uterina para identificar e poder tratar as anormais;
- Ultrassonografia transvaginal e histerossalgingografia para avaliar a anatomia uterina e tubária.
- Testes Imunológicos para avaliação de fatores imunológicos que podem interferir na implantação.
- Cariótipo para análise cromossômica dos pais para identificar anomalias genéticas.
Avaliação e escolha dos embriões
A tecnologia já evoluiu bastante. O teste genético pré-implantacional (PGT) é uma das formas de analiar o embrião, identificar aneuploidia e ajudar a escolher embiões geneticamente normais para a transferência. É possível também realizar uma análise morfológica da qualidade dos embiões antes da implantação.
Caso existam poucos embiões adequados e de boa qualidade, pode-se lançar mão de suplementação com antioxidantes para ajudar a melhorar a qualidade espermática.
Preparação uterina
A preparação do endométrio é de grande importância. Além de analisarmos e tratarmos as alterações encontradas nos exames, como miomas, pólipos, endometrites, infecções, etc, é importante preparar o corpo da mulher para receber o embrião. Esta prepação deve ser feita com estrógeno e progesterona.
Além disso, hoje já existe um teste de receptividade endometrial, em que há uma análise da expressão gênica endometrial para identificar a fase receptiva, ou seja, momento ideal para se realizar a transferência do embrião.
Tempo para a realização da nova FIV
Outro fator importante que pode impactar no sucesso ou na falha repetitiva da FIV é o tempo entre os ciclos. Apesar de não existir um consenso entre literatura, o que se indica é que este período seja de pelo menos 6 meses após a perda gestacional.
Assista ao vídeo: Como avaliar o risco reprodutivo e preservar a fertilidade
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A infertilidade é uma condição que influencia muito na vida de um casal. É um tema muito importante e que o médico precisa estar preparado e muito bem qualificado para lidar com um sonho tão especial na vida de uma família.
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Referências
- HO, J. In vitro fertilization: Procedure. Uptodate, 2024
- HO, J. In vitro fertilization: Overview of clinical issues and questions. Uptodate, 2024
- ZIEGLER, D.; SCOTT JR, R.T.; PIRTEA, P. If recurrent implantation failure is rare, what could be the cause of repeated unsuccessful assisted reproductive technologies?. INKLINGS| VOLUME 121, ISSUE 5, P754-755, MAY 2024






