Articulação sacroilíaca: protocolo completo de intervenção guiada por imagem

A imagem mostra uma equipe médica em uma sala de cirurgia. Em primeiro plano, um profissional de saúde está colocando luvas cirúrgicas, preparando-se para um procedimento. Ao fundo, outros membros da equipe — também vestidos com aventais e máscaras cirúrgicas — estão próximos a um paciente deitado em uma maca coberta por lençóis estéreis.

Índice

A intervenção guiada por imagem na articulação sacroilíaca representa uma abordagem essencial para o diagnóstico e o tratamento de diversas condições que acometem essa região, como disfunções mecânicas, processos inflamatórios e alterações degenerativas.

Essa técnica, realizada com o auxílio da ultrassonografia ou tomografia computadorizada, permite acesso exato à articulação, garantindo maior segurança na administração de agentes terapêuticos e um melhor monitoramento da resposta clínica.

Anatomia e relevância clínica da articulação sacroilíaca

A articulação sacroilíaca (SI) conecta o sacro ao ílio e atua como ponto de transição entre a coluna vertebral e a pelve, sendo essencial para a estabilidade e distribuição de cargas do tronco aos membros inferiores.

Classificada como articulação sinovial diartrodial, ela é envolta por uma cápsula fibrosa e contém líquido sinovial em seu interior. Suas superfícies articulares, compostas por cartilagem hialina no sacro e fibrocartilagem no ílio, apresentam irregularidades que aumentam com o envelhecimento, promovendo um encaixe anatômico que limita o movimento e reforça a estabilidade, razão pela qual luxações nessa região são raras.

A sustentação da articulação é garantida por ligamentos robustos, especialmente o sacroilíaco interósseo, considerado um dos mais forte do corpo humano. Outros ligamentos, como o sacroilíaco posterior, sacrotuberoso e sacroespinhoso, também desempenham papel fundamental na limitação dos movimentos.

Clinicamente, a articulação sacroilíaca tem grande relevância por ser uma fonte comum de dor lombopélvica, podendo representar até 27% dos casos de lombalgia. Essa dor, frequentemente confundida com outras causas lombares, agrava-se por atividades como ficar em pé ou sentado por longos períodos e pode irradiar para as nádegas, virilha e coxa. Além disso, entre os fatores associados à disfunção da SI estão traumas, discrepâncias no comprimento dos membros, hipermobilidade ligamentar, alterações hormonais, degeneração articular e inflamações, incluindo as sacroileítes infecciosas ou associadas a espondiloartropatias.

Indicações para intervenção guiada por imagem

Indicam-se as intervenções guiadas por imagem na articulação sacroilíaca para diagnóstico e tratamento da dor nessa articulação, quando métodos clínicos e exames de imagem convencionais não são suficientes.

Indicações diagnósticas incluem:

  • Injeções diagnósticas: utilizadas para confirmar se a dor tem origem na articulação sacroilíaca, uma vez que testes clínicos provocativos e exames de imagem isolados não fornecem diagnóstico definitivo.
  • Biópsias e aspirações: indicadas em casos de suspeita de infecção, processos inflamatórios ou tumores (primários ou metastáticos), permitindo análise laboratorial do líquido sinovial ou do tecido articular e garantindo precisão diagnóstica.

Por outro lado, indicações terapêuticas incluem:

  • Injeções terapêuticas de anestésicos e corticosteroides, indicadas quando o tratamento conservador, como anti-inflamatórios e fisioterapia, não é eficaz. Essas intervenções promovem alívio da dor e melhora funcional.

O uso de imagem por TC ou ultrassonografia aumenta a precisão do procedimento, permite planejamento adequado da abordagem e evita lesões em estruturas adjacentes à articulação, garantindo segurança e eficácia.

Métodos de imagem utilizados no procedimento

Realizam-se as intervenções na articulação sacroilíaca com auxílio da ultrassonografia (USG) ou da tomografia computadorizada (TC), que proporcionam orientação precisa para biópsias, aspirações e injeções terapêuticas.

A ultrassonografia é uma técnica prática, de baixo custo e sem radiação, permitindo a visualização em tempo real da agulha e das estruturas periarticulares, sendo especialmente útil para identificação de efusões, bursites e trajetórias seguras para injeção.

Já a TC oferece imagens detalhadas da anatomia óssea e dos espaços articulares, sendo preferida quando a visualização ultrassonográfica é limitada ou quando é necessária precisão máxima em locais de difícil acesso.

Ambos os métodos aumentam a segurança do procedimento, minimizam complicações e otimizam a eficácia diagnóstica e terapêutica.

Protocolo de intervenção na articulação sacroilíaca

Biópsia e aspiração guiadas por TC da articulação sacroilíaca

As biópsias e aspirações da articulação sacroilíaca guiadas por tomografia computadorizada são indicadas em casos de suspeita de infecção, doenças inflamatórias como espondilite anquilosante ou artrite inflamatória, tumores (primários ou metastáticos) e dor crônica de origem indefinida, fornecendo informações diagnósticas importantes.

Técnica

Durante o procedimento, posiciona-se o paciente em decúbito ventral. A tomografia prévia define o ponto de entrada ideal da agulha. Na aspiração, coleta-se o líquido articular para análise laboratorial e, na biópsia, obtêm-se fragmentos de tecido ou cartilagem. Após a retirada da agulha, aplica-se pressão local para evitar sangramentos, e o paciente é monitorado quanto a possíveis complicações.

Injeção terapêutica na articulação sacroilíaca guiada por TC ou ultrassonografia

A injeção terapêutica na articulação sacroilíaca, guiada por tomografia computadorizada ou ultrassonografia, é indicada para o manejo da dor lombossacral e glútea de origem sacroilíaca, comum em condições degenerativas, inflamatórias ou pós-traumáticas.

Técnica

Posiciona-se o paciente em decúbito ventral sobre a mesa de exame. Uma varredura inicial por TC ou, em alternativa, a avaliação ultrassonográfica com sonda convexa, é realizada para identificar o ponto ideal de punção, geralmente próximo à margem posterior da articulação.

Após assepsia rigorosa e anestesia local da pele e tecidos subjacentes, introduz-se uma agulha espinhal fina sob controle de imagem até a fenda articular sacroilíaca. Confirma-se o posicionamento com uma pequena injeção de contraste iodado (em TC) ou observação da dispersão do anestésico sob visualização direta (em USG).

A seguir, injeta-se uma combinação de anestésico local e corticosteroide de depósito, com volume geralmente entre 1 e 3 mL, distribuído ao longo do espaço articular. A injeção deve ser lenta e controlada, evitando resistência excessiva ou extravasamento.

Cuidados pós-procedimento

Após a injeção, o paciente permanece em observação por cerca de 30 minutos para monitoramento de possíveis reações adversas, como dor local, tontura ou reações vasovagais. Além disso, recomenda-se a restrição de atividades intensas nas primeiras 24 horas.

Por fim, a melhora clínica costuma ocorrer em horas a dias, dependendo do grau de inflamação e da resposta individual. Em casos de dor crônica, o procedimento pode ser repetido conforme a resposta terapêutica e avaliação médica.

Complicações nas intervenções guiadas por imagem

As intervenções guiadas por imagem na articulação sacroilíaca apresentam baixo índice de complicações quando executadas com técnica adequada e planejamento cuidadoso. No entanto, algumas intercorrências podem ocorrer, sendo essencial que o profissional esteja atento à prevenção e ao manejo imediato desses eventos.

As principais complicações relatadas incluem:

  • Sangramento no local de punção;
  • Infecção;
  • Dor pós-procedimento.

Sangramento

O sangramento geralmente é leve e autolimitado, mas pode ser prevenido e controlado com a aplicação de pressão local após a retirada da agulha. Em casos raros, hematomas mais extensos podem se formar, exigindo monitoramento e, eventualmente, intervenção adicional.

Infecção

A infecção é uma complicação menos frequente, mas potencialmente grave, que pode manifestar-se como dor persistente, febre ou sinais locais de inflamação. Para evitá-la, realiza-se a técnica em ambiente estéril, com rigoroso preparo da pele e uso de material devidamente esterilizado.

Lesão de estruturas

Outra possível complicação é a lesão de estruturas adjacentes, como vasos e nervos próximos à articulação. Portanto, evita-se essa situação por meio de um planejamento prévio detalhado, utilizando imagens de TC ou USG para definir o trajeto da agulha com segurança e precisão.

Dor após a intervenção

Além disso, a dor ou desconforto transitório após a intervenção é relativamente comum e, na maioria dos casos, manejada com analgésicos simples e observação clínica.

Manejo das complicações

O manejo das complicações segue princípios básicos de suporte e prevenção. Portanto, monitora-se o paciente após o procedimento para identificação precoce de qualquer alteração clínica, como sangramento, aumento da dor ou sinais de infecção. Caso surjam suspeitas infecciosas, a conduta deve incluir antibioticoterapia apropriada e, se necessário, drenagem. Em situações de lesão vascular ou neurológica, o encaminhamento imediato a um serviço especializado é fundamental.

De modo geral, o sucesso e a segurança das intervenções sacroilíacas guiadas por imagem dependem da combinação entre conhecimento anatômico, escolha adequada do método de imagem, técnica asséptica rigorosa e acompanhamento pós-procedimento criterioso. Essas medidas não apenas minimizam os riscos, mas também garantem resultados diagnósticos e terapêuticos eficazes, consolidando o papel da radiologia intervencionista no manejo das patologias da articulação sacroilíaca.

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Referências

  • Batra V, Spalkit S, Bugata SK, Chari R, Batta NS. Ultrasound and computed tomography-guided interventions for the hip joint and pelvis: Comprehensive imaging review. Indian Journal of Musculoskeletal Radiology, 2025.
  • Wong M, Sinkler MA, Kiel J. Anatomia, Abdômen e Pelve, Articulação Sacroilíaca. [Atualizado em 8 de agosto de 2023]. Em: StatPearls [Internet]. Ilha do Tesouro (FL): StatPearls Publishing; jan. de 2025. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK507801/

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