Saiba mais sobre a utilização da ultrassonografia obstétrica 3D/4D. Conheça as indicações, técnicas e os principais achados.
A ultrassonografia é uma ferramenta essencial na obstetrícia devido à sua capacidade de fornecer informações detalhadas e em tempo real sobre a gravidez e o desenvolvimento fetal. Ela desempenha um papel crucial em todas as fases da gestação, contribuindo significativamente para a saúde materna e fetal.
No caso da ultrassonografia obstétrica 3D e 4D, são utilizadas técnicas avançadas de imagem usadas para avaliar o feto e estruturas relacionadas durante a gravidez. Elas fornecem imagens mais detalhadas e realistas em comparação com a ultrassonografia bidimensional (2D) convencional.
Abaixo abordaremos mais sobre elas.
Importância e usos da ultrassonografia na obstetrícia
A ultrassonografia é uma ferramenta indispensável na obstetrícia, contribuindo para a segurança e bem-estar tanto da mãe quanto do feto. Para além de fornecer informações sobre a idade gestacional, a confirmação da gravidez e sexo do recém-nascido, ela fornece informações valiosas para o diagnóstico precoce e monitoramento contínuo, permitindo intervenções médicas oportunas quando necessário.
A ultrassonografia na obstetrícia permite avaliar o crescimento e desenvolvimento do feto ao longo da gravidez, verificando se ele está se desenvolvendo conforme o esperado para a idade gestacional. Assim, avalia-se avaliar a posição, função e integridade da placenta e do cordão umbilical, detectando possíveis anomalias que podem afetar a saúde do feto e da mãe.
Avalia o líquido amniótico, identificar anomalias estruturais e genéticas do feto, como defeitos cardíacos, problemas renais, anomalias craniofaciais e outras condições congênitas, muitas vezes nas primeiras fases da gravidez.
Quando deve ser solicitada?
De forma geral, assim que a mulher suspeita que está grávida e faz o teste confirmatório, é realizada um USG transvaginal para confirmação e identificação da idade gestacional, mais ou menos na 4,5 e 8 semanas de gestação.
Durante o pré-natal é obrigatório solicitar as ultrassonografias de primeiro e segundo trimestres, realizadas entre 12 e 13 semanas e 18 a 22 semanas, respectivamente.
Após este período, são realizadas as ultrassonografias obstétricas com doppler para avaliar a vitalidade fetal, geralmente sugerida a partir do terceiro trimestre de gestação.
Caso a paciente esteja em um pré-natal de alto risco, é fundamental repetir essa USG com doppler com mais recorrência para averiguar o crescimento fetal, líquido amniótico, peso fetal, artérias umbilical e cerebral média, entre outros achados.
Ultrassonografia obstétrica
Na obstetrícia podemos dividir as ultrassonografias em três tipos:
- Modo B e modo M – ultrassonografias bidimensionais (2D)
- Ultrassonografia com Doppler
- Técnicas avançadas – ultrasonografia tridimensional (3D), quadridimensional (4D), sonohisterografia, elastografía e ultrassonografia doppler microvascular de fluxo lento.
De forma geral, o modo B ou modo de brilho, é o mais utilizado. É útil para avaliar em tempo real a anatomia do feto, movimento de estruturas, medições biométricas, respiração e tônus fetal. O modo M, ou modo de movimento, é mais utilizado para avaliar o coração fetal.
A ultrassonografia Doppler é empregada para examinar a maioria dos principais sistemas de circulação do feto e é especialmente valiosa para avaliar o funcionamento do sistema cardiovascular fetal, o fluxo sanguíneo entre o feto e a placenta, bem como entre o útero e a placenta, além de identificar cistos e tumores na região pélvica. É muito útil na:
- Avaliação do bem-estar fetal em gestação com risco de redução do crescimento fetal
- Avaliação de anemia fetal
- Diagnóstico de placenta acreta
- Avaliação de suspeita de vasa prévia
- Avaliação do fluxo sanguíneo para tumores ovarianos e endometriais.
Já em relação às técnicas avançadas, focaremos na ultrassonografia tridimensional (3D) e quadridimensional (4D) abaixo.
Ultrassonografia obstétrica 3D/4D
A ultrassonografia obstétrica avançada é utilizada em complemento à ultrassonografia bidimensional, útil para quando se tem alguma dúvida ou quando se necessita de uma avaliação mais aprofundada.
A ultrassonografia 3D consegue demonstrar melhor a superfície do feto, fazendo com que o médico veja melhor as anormalidades previamente identificadas na ultrassonografia 2D. Ela é muito utilizada em anormalidades faciais, esqueléticas e do sistema nervoso central. Sem o movimento, ela possibilita a visualização bem nítida e realista em diferentes ângulos do corpo do bebê.
No caso da ultrassonografia 4D, também chamada de ultrassonografia 3D dinâmica e tridimensional, são úteis para o estudo do coração fetal, movimento fetal e os estados comportamentais do feto, isso porque este tipo de ultrassonografia possuem movimento em tempo real. Ou seja, é possível observar a qualidade da imagem 3D, somado aos movimentos que a 4D possibilita.
Imagens do bebê
Para além de auxiliar em outros diagnósticos e avaliar o desenvolvimento fetal, este tipo de USG obstétrico possibilita aos pais a “conhecer” o rostinho do seu filho(a). Isso porque as imagens feitas pela ultrassonografia 3D e 4D permitem uma visualização detalhada do corpo do bebê, possibilitando uma grande emoção aos pais.
Geralmente obtem-se melhor imagem do rosto entre 27 e 30 semanas de gestação, quando o bebê mais bem formado.
Diagnóstico pré-natal com uso da ultrassonografia obstétrica 3D/4D
O seu principal uso, entretanto, como já falamos, é para a identificação de estruturas anatômicas que o ultrassom comum não consegue ver. Com isso, consequentemente, é muito útil no diagnóstico de algumas patologias fetais.
O diagnóstico precoce de doenças no pré-natal ajuda muito no prognóstico materno-fetal. Com isso, este exame tem uma grande importância para a obstetrícia.
Confira abaixo algumas das patologias e como a ultrasonografia obstétrica 3D/4D pode ser útil e quais os seus principais achados na imagem.
Displasias esqueléticas
As displasias esqueléticas são uma variedade de condições nas quais há mudanças na forma, tamanho e composição dos ossos e/ou cartilagens. O diagnóstico através de ultrassonografia requer uma correta determinação da idade gestacional e normalmente só se torna visível durante o segundo ou terceiro trimestre da gravidez.
Para identificar as alterações provocada por essa patologia congênita, é preciso observar com mais atenção o comprimentos dos ossos longos, a ossificação craniana, dimensão do tórax, líquido amniótico e os pés e as mãos.
Classifica-se as displasias esqueléticas em letais e não letais. Conheça as principais delas:
Letais
Tipos mais comuns de displasias esqueléticas letais são:
- Osteogênese imperfeita tipo IIA;
- Displasia tanatofórica tipo I;
- Displasia tanatofórica tipo II;
- Acondrogênese tipo I;
- Fibrocondrogênese;
- Hipofosfatasia.
Não letais
Já as displasias não letais são:
- Acondroplasia
- Hipocondroplasia
- Displasia Diastrófica
Malformações fetais
Malformações fetais são anomalias estruturais ou funcionais que ocorrem durante o desenvolvimento do feto no útero materno. Essas anomalias podem afetar qualquer parte do corpo do feto e podem variar em gravidade, desde condições leves que podem não apresentar sintomas até anomalias graves que podem comprometer a saúde e o desenvolvimento do bebê.
Essas malformações podem ser causadas por uma variedade de fatores, incluindo fatores genéticos, ambientais, exposição a substâncias teratogênicas (que causam defeitos congênitos), infecções maternas durante a gravidez, entre outros.
Pode-se detectar as malformações fetais durante exames de ultrassonografia realizados ao longo da gravidez, principalmente durante o exame morfológico fetal, que geralmente é realizado entre as 18 e 22 semanas de gestação. Em alguns casos, diagnósticos mais detalhados podem ser realizados através de imagens 3D/4D ou através de análise genética do feto.
As malformações fetais podem afetar diversos sistemas do corpo, incluindo o sistema nervoso central, o sistema cardiovascular, o trato gastrointestinal, o sistema geniturinário, entre outros. Alguns exemplos de malformações fetais incluem:
- Espinha bífida e defeitos do tubo neural
- Cardiopatias congênitas
- Lábio leporino e fenda palatina
- Extrofia da bexiga e Síndrome da bexiga em ameixa seca
- Onfalocele
- Anomalias cromossômicas, entre outros.
O diagnóstico precoce e o acompanhamento médico adequado são fundamentais para o manejo das malformações fetais. Dependendo da gravidade da anomalia, pode ser necessário planejar intervenções médicas durante a gestação, preparar o parto para um ambiente hospitalar especializado e garantir o suporte médico e emocional adequado para os pais e suas famílias. Em alguns casos, pode ser necessária intervenção médica logo após o nascimento do bebê para tratar ou corrigir as malformações.
Patologias do sistema nervoso central
O ultrassom 4D, é muito útil na visualização de alterações do sistema nervoso central. Entre os principais diagnósticos encontrados, temos:
- Hidrocefalia: é uma condição em que há acúmulo anormal de líquido cerebroespinhal (líquor) nos ventrículos do cérebro, causando aumento da pressão intracraniana.
- Mielomeningocele: também conhecida como espinha bífida aberta, é um tipo de defeito do tubo neural em que a medula espinhal e as meninges (as membranas que revestem a medula) ficam expostas na parte inferior das costas do bebê, devido ao fechamento incompleto da coluna vertebral durante o desenvolvimento fetal.
- Agenesia do corpo caloso: É uma anomalia congênita em que o corpo caloso, uma estrutura que conecta os dois hemisférios cerebrais e facilita a comunicação entre eles, não se forma adequadamente durante o desenvolvimento fetal. Isso pode levar a problemas de desenvolvimento neurológico, incluindo atrasos no desenvolvimento motor e cognitivo.
- Anencefalia: É uma grave malformação congênita em que uma parte significativa do cérebro e do crânio não se forma durante o desenvolvimento fetal.
- Encefalocele: uma malformação congênita na qual uma parte do tecido cerebral protrui através de uma abertura anormal no crânio. Essa protrusão é protegida por uma membrana e pode ocorrer em diferentes áreas da cabeça, como a parte frontal, occipital ou nasoetmoidal. A encefalocele pode variar em gravidade, dependendo do tamanho e localização da protrusão, e pode estar associada a outros defeitos do sistema nervoso central.
Curso intensivo em ultrassonografia em 3D/4D
A ultrassonografia obstétrica 3D/4D é uma tecnologia avançada que permite uma visualização mais detalhada e realista do feto durante a gestação. Participar de um curso oferecido pelo Cetrus permite que os profissionais se familiarizem com essa tecnologia e aprendam a utilizá-la de forma eficaz, permitindo uma detecção mais precoce e uma avaliação mais detalhada das estruturas anatômicas do feto.
Referências
- SHIPP, T.D. Overview of ultrasound examination in obstetrics and gynecology. UpToDate, 2024
- COUTINHO, T.; COUTINHO, C.M; COUTINHO, L.M. Diagnóstico pré-natal de displasia camptomélica: relato de caso. Relato de Caso • Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 30 (5) • Maio 2008
- MACEDO, M.P. Displasias esqueléticas fetais: uma nova maneira de encará-las. Radiologia brasileira, vol. 53 nº 2 – março/abril de 2020
- ABCMED, 2016. Malformações fetais – causas, tipos, diagnóstico, tratamento e prevenção. Disponível aqui.
- FIOCRUZ. Diagnóstico e abordagem das malformações fetais. Portal de boas práticas em saúde da mulher, da criança e do adolescente. Disponível aqui.







