Classificação e principais causas das hidronefroses no período pós natal
A hidronefrose é uma das anormalidades mais comuns do rim neonatal, e como sabemos, a ultrassonografia é uma ferramenta diagnóstica fundamental na avaliação dessa patologia, bem como na identificação do fator etiológico.
A maior utilização da ultrassonografia obstétrica contribuiu significativamente para a detecção da hidronefrose pós natal, pois, dessa forma, aumentou-se o número de diagnósticos dessa patologia, sendo o maior desafio, agora, classificá-las e descobrir quais são suas possíveis causas.
Classificação das Hidronefroses
Classificar essas hidronefroses realmente se tornou um desafio atualmente, uma vez que existem mais de um tipo de classificação. Sabemos que a classificação das hidronefroses está relacionada com o grau de dilatação (pelve e cálices) e compressão do sistema-coletor (parênquima). Dentre elas, temos a classificação radiológica/urológica, que é universalmente aceita e se divide da seguinte forma:
1. Classificação Radiológica/Urológica
- Grau 0: normal
- Grau 1: dilatação apenas da pelve renal
- Grau 2: dilatação da pelve renal e alguns cálices
- Grau 3: dilatação da pelve renal e todos os cálices
- Grau 4: dilatação da pelve renal e todos os cálices, associada a afilamento cortical

Entretanto, a classificação descrita acima é mais utilizada na análise de métodos radiológicos contrastados, podendo ser utilizada por todos os especialistas que trabalham na área de diagnóstico por imagem. Contudo, há outra classificação reservada aos ultrassonografistas, a qual classifica as hidronefroses em leve, moderada ou acentuada, como exemplificado abaixo:
Hidronefrose leve: Dilatação da pelve renal e/ou grupamentos caliciais em grau inicial

Hidronefrose moderada: Dilatação mais evidente da pelve e cálices, sem alterações associadas do parênquima renal

Hidronefrose acentuada: Dilatação Global do sistema pielocalicial, associada a afilamento da cortical renal

Uma observação importante a ser relatada nos laudos é que, nos casos de hidronefrose acentuada, faz-se necessária a medida da cortical residual, uma vez que esse valor é de suma importância para os especialistas (nefrologistas e urologistas) que irão receber e avaliar o exame ultrassonográfico:

Vale ressaltar que, independentemente da classificação, a avaliação das características morfológicas, a medida do ântero-posterior da pelve e a descrição dos aspectos ultrassonográficos é o que torna o exame ainda mais rico e completo. Dentre as características que não podem faltar na avaliação do rim com hidronefrose, e devem constar obrigatoriamente no laudo ultrassonográfico, podemos citar:
- Medida do ântero-posterior da pelve (no corte transversal do rim).
- Se há dilatação somente da pelve ou da pelve e cálices.
- Medida da espessura do parênquima renal ( ou do córtex renal residual, em caso de hidronefroses acentuadas).
- Avaliação do aspecto do parênquima renal ( ecogênicidade, diferenciação córtico-medular, presença de cistos corticais.
- Avaliação do ureter (medida do calibre do ureter, em casos de dilatação ureteral- isso é de grande valia para o especialista que irá receber o exame).
- Avaliação da bexiga.

Tabela com os parâmetros ultrassonográficos incluídos no Sistema de Classificação da Dilatação do Sistema Urinário:
| Parâmetros US | Medidas/Achados | Observações |
| Diâmetro AP da Pelve Renal (APRPD) | mm | Medida na imagem transversal no diâmetro máximo da pelve intra-renal |
| Dilatação calicial | -Central (cálices maiores) e -Periféricos ( cálices menores) | Sim/Não Sim/Não |
| Aspecto do parênquima | Normal/anormal | Avaliar ecogenicidade, diferenciação cortico/ medular e presença de cistos corticais. |
| Ureter | Ureter Normal/anormal | Dilatação do ureter é considerada anormal; mas a visualização transitória é considerada normal no período pós natal. |
| Bexiga | Normal/anormal | Avaliar a espessura da parede, a presença de ureterocele e de uretra posterior dilatada. |
Medida do ântero-posterior: Do diâmetro máximo da pelve intra-renal (pós-natal), no corte transversal do rim:

Uma situação interessante e que merece observação nos exames de ultrassom do sistema urinário é a presença de pelve extrarrenal, que é uma variação da normalidade:
Pelve extrarrenal: protrusão da pelve renal para fora do seio renal (variação da normalidade)

Em casos de pelve extrarrenal, é importante que o diagnóstico seja feito no corte transversal do rim, para evitarmos erros de interpretação, o qual poderá implicar em um diagnóstico equivocado de hidronefrose. Embora a pelve extrarrenal seja assintomática na maioria dos casos, complicações como infecção e formação de cálculos foram relatadas em alguns casos. Portanto, é importante relatá-la no laudo, porém sempre deixar claro, de que se trata de uma variação da normalidade.
Principais Causas da Hidronefrose Neonatal
Sobre as causas da hidronefrose neonatal, existem inúmeros fatores obstrutivos e não obstrutivos que podem ser responsáveis por ocasionar esse achado. O mais comum deles é o que chamamos de hidronefrose transitória/hidronefrose fisiológica, que estão relacionadas a imaturidade do sistema urinário e normalmente regridem espontaneamente, sem maiores preocupações.
As causas da hidronefrose neonatal podem ser divididas em obstrutivas e não obstrutivas:
- Hidronefrose transitória/fisiológica: A mais comum, relacionada à imaturidade do sistema urinário, geralmente com regressão espontânea.
- Estenose da junção uretero-piélica (JUP): Causa obstrutiva frequente.
- Refluxo vesicoureteral: Diagnóstico confirmado por uretrocistografia miccional.
- Outras causas raras: Estenose da junção uretero-vesical (JUV), válvula de uretra posterior (VUP) e Síndrome de Prune Belly.
Aprimore sua Expertise em Ultrassonografia Pediátrica e Neonatal com o Curso do Cetrus!
Se você deseja aprofundar seus conhecimentos na avaliação ultrassonográfica de recém-nascidos e crianças, o Curso de Pós-Graduação em Ultrassonografia Pediátrica e Neonatal do Cetrus é a oportunidade ideal. Com uma abordagem prática e embasada em evidências, o curso é coordenado por especialistas renomados e proporciona treinamento intensivo em diagnósticos fundamentais, como a hidronefrose neonatal. Aprimore sua expertise e amplie suas possibilidades profissionais. Saiba mais e inscreva-se agora!

Dra. Cibele Alvarenga Andrade
> Coordenadora do Curso de Ultrassonografia Pediátrica do Cetrus> Título de Especialista em Diagnóstico por Imagem pelo CBR/AMB
> Mestrado em Radiologia Clínica e Ciências Radiológicas pela UNIFESP
> Membro da Equipe do Setor de Ultrassonografia Neonatal do Complexo Santa Joana/Promatre/Santa Maria







