Contraceptivos reversíveis de longa ação (LARC): avanços e estratégias

Contraceptivos reversíveis de longa ação

Índice

Os contraceptivos reversíveis de longa ação (LARC, do inglês Long-Acting Reversible Contraceptives) consistem em métodos contraceptivos que proporcionam uma prevenção eficaz e duradoura contra a gravidez, podendo ser revertidos a qualquer momento, caso a mulher deseje engravidar. Os principais tipos de LARC incluem os dispositivos intrauterinos (DIUs) e os implantes contraceptivos.

A adoção de LARCs tem aumentado significativamente em diversas partes do mundo, refletindo uma mudança nas preferências contraceptivas devido às suas vantagens em termos de conveniência e eficácia. Assim, estudos indicam que os LARCs são mais eficazes do que os métodos de curto prazo, como pílulas anticoncepcionais, preservativos e anéis vaginais, devido à menor margem de erro humano.

Tipos de contraceptivos reversíveis de longa ação

Os dispositivos intrauterinos (DIUs) e os sistemas intrauterinos (SIUs) são ambos métodos contraceptivos de longa duração, mas diferem em seus mecanismos de ação e composição. Assim, o DIU é ideal para mulheres que evitam hormônios, enquanto o SIU pode ser preferido por aquelas que desejam reduzir cólicas e sangramentos menstruais.

Os LARCs são frequentemente a primeira escolha em várias situações clínicas, especialmente para pacientes em que uma gravidez não é uma opção aceitável. Os principais tipos de contraceptivos reversíveis de longa ação são:

  • Dispositivo Intrauterino (DIU) de Cobre
  • Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG)
  • Implante subdérmico de etonogestrel.

Dispositivo intrauterino (DIU) de cobre

Insere-se o DIU são preferencialmente durante o período menstrual para garantir que a mulher não esteja grávida. No entanto, em pacientes que estão usando regularmente outro método contraceptivo, pode-se inserir o DIUem qualquer fase do ciclo menstrual.

O DIU de cobre é um tipo de dispositivo intrauterino usado como método contraceptivo de longa duração, com os modelos TCu-380A IUD e Multiload R375 IUD sendo os mais comuns. Um pequeno dispositivo em forma de “T” feito de plástico flexível, com partes revestidas de cobre, inserido no útero por um profissional de saúde.

O cobre presente no DIU atua como espermicida, inibindo a mobilidade e a viabilidade dos espermatozoides, o que impede a fertilização do óvulo. Além disso, o cobre provoca uma resposta inflamatória no endométrio (revestimento do útero), que dificulta a implantação de um óvulo fertilizado.

Principais características do DIU de cobre

O DIU de cobre é uma opção contraceptiva altamente eficaz e de longa duração, podendo permanecer no útero e fornecer proteção contra a gravidez por até 10 anos. Além disso, o DIU de cobre requer manutenção mínima, não exigindo ação diária ou mensal da usuária, diferentemente de métodos como pílulas anticoncepcionais ou anéis vaginais.

Outra grande vantagem do DIU de cobre é que ele não contém hormônios. O que o torna uma excelente opção para mulheres que preferem ou precisam evitar métodos hormonais. Assim, elimina-se os efeitos colaterais associados aos contraceptivos hormonais, como alterações de humor, ganho de peso ou dor de cabeça.

Indica-se o uso de DIU especialmente em situações onde os métodos hormonais são contraindicados, e suas contraindicações são bastante raras, incluindo:

  • Malformações uterinas
  • Doença inflamatória pélvica (DIP) aguda ou recorrente (mais de três episódios)
  • Sangramento genital de causa desconhecida
  • Infecção após o parto ou aborto.

Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG)

Composto por um polímero em formato de “T” com 32 mm de comprimento. Sua barra vertical possui um reservatório de silastic, material conhecido por sua utilização em próteses e considerado não imunogênico. Este reservatório contém 52 mg de levonorgestrel, um hormônio progestagênio.

Dessa forma, a liberação do levonorgestrel ocorre a uma taxa de 20 μg por 24 horas, garantindo uma contracepção eficaz por um período mínimo de 5 anos.

Frequentemente recomenda-se os sistemas intrauterinos (SIUs) para pacientes que buscam benefícios adicionais além da contracepção. Por exemplo, indica-se para mulheres que sofrem de sangramento uterino anormal e desejam amenorreia (ausência de menstruação), assim como para puérperas até 48 horas e até 4 semanas após o parto. Além disso, considera-se para pacientes com condições como:

  • Endometriose
  • Adenomiose
  • Miomatose de pequeno volume, embora o uso para essas últimas três condições considere-se “off-label”.

Uma vantagem adicional é o efeito protetor contra a doença inflamatória pélvica (DIP), que ocorre devido ao aumento da viscosidade do muco cervical, dificultando a ascensão de bactérias, e à redução da espessura do endométrio. Durante o uso dos SIUs, é possível experimentar sangramentos leves ou escapes inesperados nos primeiros 3-6 meses, mas que tendem a diminuir ao longo do tempo, podendo até mesmo levar à amenorreia. É raro ocorrer um aumento significativo no sangramento.

Diferença entre o SIU Kyleena e Mirena

Uma diferença notável entre eles está na quantidade de levonorgestrel que contêm, com Kyleena apresentando 19,5 mg e Mirena, 52 mg. Além disso, Kyleena é um pouco menor em tamanho em comparação com Mirena.

Em termos de indicações, recomenda-se Kyleena frequentemente para mulheres que ainda não tiveram filhos. Já o Mirena é comumente prescrito para mulheres que já tiveram filhos, embora ambas possam ser usadas em diferentes grupos de mulheres.

Na imagem abaixo é possível observar as principais diferenças entre os dois tipos de SIU:

Fonte: sol.medicamentosespeciais

Implante subdérmico de etonogestrel

Este método contraceptivo consiste em um bastão de 40 x 2 mm projetado para implantação subdérmica, que contém 68 mg de etonogestrel, um progestágeno. Envolto por uma membrana de etileno vinil acetato, que permite a liberação controlada do fármaco ao longo do tempo. O etonogestrel é um metabólito ativo do desogestrel, um progestágeno sintético de terceira geração, usado em outros métodos contraceptivos, como o anel vaginal e certos contraceptivos orais.

Aprovado pelo FDA para uso contínuo por 3 anos, em estudos recentes sugere-se eficácia mantida por até 5 anos. Estudos mostram que este método possui o menor índice de falhas entre os contraceptivos disponíveis, superando até mesmo a ligadura tubária.

Esse método contraceptivo atua inibindo a ovulação e aumentando a espessura do muco cervical, impedindo a passagem dos espermatozoides. Após a retirada do método, a fertilidade é restaurada imediatamente, geralmente durante o primeiro ciclo menstrual, em um período que varia entre 3 a 6 semanas. Os níveis séricos do hormônio tornam-se indetectáveis dentro de aproximadamente uma semana após a remoção.

Inserção dos contraceptivos reversíveis de longa ação

Os contraceptivos reversíveis de longa ação, como os dispositivos intrauterinos (DIUs) e os implantes contraceptivos, são inseridos de maneira diferente de acordo com o tipo de método.

DIUs e SIUs

Realiza-se o procedimento geralmente no consultório médico. A paciente recebe instruções sobre a inserção e deverá realizar um exame pélvico antes do procedimento.

Durante o procedimento, o médico insere um especulo vaginal para visualizar o colo do útero. Em seguida, o limpa-se o colo do útero com uma solução antisséptica. Insere-se o DIU através de um aplicador especial dentro do útero. Uma vez no lugar, remove-se o aplicador, deixando o DIU no útero.

Após a inserção, o médico pode realizar um ultrassom para confirmar a posição correta do DIU no útero. É possível que essa aplicação ocorra em uma sala cirúrgica, com sedação, para diminuir o desconforto da paciente.

Implantes contraceptivos

O procedimento também é realizado no consultório médico. Assim, administra-se uma anestesia local para diminuir o desconforto durante a inserção. O médico faz uma pequena incisão na parte interna do braço superior e insere o implante sob a pele. Uma vez inserido, o médico aplica um curativo esterilizado sobre a incisão.

Após a inserção, aconselha-se a retornar ao consultório médico para uma verificação de acompanhamento, geralmente dentro de algumas semanas.

Principais avanços relacionados aos contraceptivos reversíveis de longa ação (LARC)

Nos últimos anos, houve vários avanços significativos relacionados aos contraceptivos reversíveis de longa ação (LARC), que têm impactado positivamente a eficácia, segurança e acessibilidade desses métodos contraceptivos.

Assim, foram desenvolvidos DIUs com diferentes formulações hormonais e tamanhos, oferecendo mais opções às mulheres. Além disso, os DIUs modernos são mais eficazes e seguros do que as versões anteriores.

Além disso, houve melhorias na formulação dos implantes contraceptivos, resultando em dispositivos mais eficazes e com menos efeitos colaterais. Utilizou-se novos materiais para aumentar a flexibilidade e a durabilidade dos implantes.

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É essencial para os profissionais de saúde possuírem um conhecimento abrangente sobre os métodos contraceptivos de longa duração (LARCs), pois estes têm sido cada vez mais procurados e questionados por mulheres em idade reprodutiva, desempenhando um papel importante no planejamento familiar contemporâneo.

Assim, ao completar o curso de Inserção de DIU e Implante Subdérmico, os médicos estarão habilmente capacitados para realizar a inserção de DIU de cobre e hormonal, além de implantar e remover dispositivos subdérmicos com segurança e eficácia.

Referências

  1. ALMEIDA, A. et al. Implante subcutâneo como melhor método anticonceptivo: uma revisão sistemática. 
  2. ACUÑA, M.C. Implantes hormonais e terapia de reposição hormonal na menopausa: uma revisão de literatura. João Pessoa, 2021.
  3. Intrauterine contraception: Background and device types. Tessa Madden, MD, MPH. UpToDate
  4. Intrauterine contraception: Management of side effects and complications. Katherine D Pocius, MD, MPH. UpToDate
  5. Levonorgestrel intrauterine device: Drug information. Lexicomp. UpToDate

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