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Tendinopatia do Tendão Calcâneo

História

É também chamado de tendão aquiles, em referência ao herói grego Aquiles, que tornou-se invulnerável quando foi banhado ao nascer por sua mãe, a deusa Tétis, nas águas do rio Estige segurado pelos calcanhares que, por não ter sido molhado, continuou vulnerável participante da Guerra de Tróia e maior guerreiro da Ilíadas de Homero, sua morte teria sido causada por uma flecha envenenada no calcanhar

Anatomia

O tendão do calcâneo é o maior e mais resistente tendão do sistema osteoarticular. Tem por ação a flexão plantar do tornozelo. É formado pela junção dos tendões dos músculos gastrocnêmios e sóleo, eventualmente o plantar delgado, com inserção na tuberosidade posterior do calcâneo.

Fonte: Anatomia do Tendão de Aquiles. Asplund, Chad A., & Best, Thomas M. (2013)

É recoberto por um paratendao e não possui bainha sinovial. Sua nutrição se da pela face anterior, onde também se encontra um coxim gorduroso denominado triangulo de Kager. Apresenta ainda uma bursa sinovial retrocalcânea e retroaquileana.

Técnica do Exame

Usando o transdutor linear, cortes transversais mostram um aspecto em crescente, com a face posterior convexa em toda sua extensão, sendo a anterior cada vez mais côncava à medida que se aproxima da transição miotendínea.

Os cortes longitudinais são imprescindíveis ao diagnóstico das tendinopatis, devendo ser avaliado desde sua inserção na calcâneo até sua região proximal (3 a 6 cm da inserção).

Quadro Clínico

O quadro clinico principal é dor, por exemplo, ao usar sapato baixo (por tração do tendão) ou ao usar sapato fechado (por piora da compressão, como na patologia de Haglund), porem pode também cursar de forma assintomática.

Lesões

Baseado em exames histológicos, as lesões podem ser divididas em tendinopatias e paratendinite, apesar de frequentemente coexistirem e se apresentarem com achados clínicos similares. As tendinopatias podem ser:

– insercionais;

– não insercionais.

Tendinopatias

Correspondendo a 20% das lesões envolvendo os tendões de tornozelo e pé. Várias causas são implicadas, incluindo biomecânica (hiperpronação, saltar com pés em flexão plantar, microtraumas), drogas (quinolonas, corticóides), doenças sistemicas (DM, IRC, doenças reumáticas), trauma direto ou indireto.

As patologias devem ser procuradas no corpo do tendão quando o mecanismo estiver relacionado a tração ou na porção distal com mecanismo de lesão por compressão.

Tendinopatias não Insercionais:

Causadas principalmente por mecanismo de tração, associado a menor vascularização tendínea nessa região (zona crítica). São alterações degenerativas, divididas em quatro padrões histológicos: fibromatose hipóxica, lípide, mixóide e cálcica (ossificante). A primeira é a mais comum.

A degeneração hipóxica e mixóide estao fortemente associada à ruptura espontânea do tendão de Aquiles.

Ao exame de ultrassom observa-se:

– Hipoecogenicidade;

– Perda do padrão fibrilar;

– Espessamento difuso ou, mais comumente, focal, fusiforme, geralmente nas fibras mediais;

– Pode estar associado a textura heterogênea com áreas hipoecóicas focais intratendinas.

Vale lembrar que o espessamento fusiforme do tendão é o marcador mais importante ao estudo ultrassonográfico e a perda da concavidade anterior do tendão em imagens transversais são alterações precoces em casos sutis.

Tendinopatias insercionais:

Predominam em praticantes de atividade física esporádica, sobrepeso ou doenças degenerativas ou reumatológicas. Processo inflamatório é mais presente do que nas não insercionais, pelo mecanismo de compressão. Calcificações podem ser encontradas formando entesófitos, mais comum em homens mais velhos, talvez com predisposição genética. Na doença de Haglund, mais comum em mulheres jovens, a presença de uma proeminência do tubérculo póstero-superior do calcâneo levando a aumento da fricção

do tendão, perpetua o processo inflamatório levando a bursite retrocalcanea e tendinopatia distal do tendão, acima da inserção, cursando com dor e edema local.

Ao exame ultrassonográfico encontramos:

– Espessamento próximo a inserção tendinea;

– Hipoecogenicidade insercional;

– Eventualmente sinais de ruptura focal;

– Focos de calcificação (entesófitos);

– Bursite retrocalcanea com hipervascularizacao ao estudo Doppler.

– Espessamento e hipoecogenicidade do paratendão;

– Borramento e hipercogenicidade da gordura de Kager (kageite), quase sempre associado;

– Se isolada, a estrutura intratendinea se mostra normal.

O espessamento e hipoecogenicidade do paratendão são geralmente visíveis na região posterior, pois a região mais acometida é a mais profunda do paratendão.

Embora estudos demonstrem a importância da atividade física na prevenção e manutenção de um padrão de vida saudável e estejamos observando um aumento crescente de praticantes, a pratica pode determinar um aumento da ocorrência de lesões entre os praticantes.

Portanto, estar preparado para sua avaliação e diagnóstico corretos se torna fundamental.

Dr. Lucas Gadioli

Médico Ultrassonografista Geral;
Membro do Núcleo Técnico de Conteúdo do Cetrus.

2 Replies to “Tendinopatia do Calcâneo”

  1. BOM CONTÉUDO DA LESÃO DO TENDÃO CALCÂNEO. MUITA VEZES A SUA REPARAÇÃO É ENVOLTA DE COMPLICAÇÕES, QUÃO GRANDE É A DEGENERAÇÃO DE SUAS FIBRAS, DIFICULTANDO A SUTURA, MESMO
    QUANDO SE USA TÉCNICAS MAIS MODERNAS.

  2. Hola y muchas gracias Dr. Gadioli por su magnifica explicación. Es muy claro, Le felicito y mas que todo con la historia del héroe griego de la iliada.

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