O Doppler colorido nos vasos orbitais é uma técnica de imagem médica utilizada para avaliar o fluxo sanguíneo nos vasos sanguíneos localizados na órbita ocular.
A técnica baseia-se no efeito Doppler, que é a mudança na frequência do som ou da luz devido ao movimento relativo entre a fonte do som ou luz e o observador.
Confira mais sobre essa técnica e quando ela deve ser usada na prática clínica!
Fisiologia dos olhos
O olho, também designado como globo ocular ou bulbo ocular, é um órgão altamente especializado situado na órbita. Sua principal função é a detecção de estímulos visuais, conhecida como fotorrecepção, transmitindo essa informação ao cérebro por meio do nervo óptico (NC II). No cérebro, essa informação é processada e, finalmente, convertida em imagens.
A capacidade visual do olho humano é notável, permitindo a percepção de aproximadamente 100 cores diferentes, e apresenta uma resolução impressionante de 576 gigapixels. Essas características excepcionais são viabilizadas pela complexa estrutura do globo ocular, composto por três camadas:
- Túnica fibrosa ou externa
- Vascular
- Interna (retina).
Funcionalmente, a camada mais crucial é a retina, responsável por captar o estímulo visual externo. No polo posterior do olho, encontra-se o nervo óptico (NC II), responsável por conduzir a informação da retina até o cérebro. Após o processamento no córtex cerebral, o estímulo visual é transformado em informação visual, resultando na percepção consciente das imagens.
Qual a técnica utilizada no doppler colorido dos vasos orbitais?
Para iniciar o procedimento, o paciente é posicionado de maneira confortável, e um transdutor de ultrassom é aplicado na região da órbita ocular. Este transdutor emite ondas sonoras de alta frequência, que penetram nos tecidos e interagem com as células sanguíneas em movimento.
Com o efeito doppler, as ondas sonoras refletidas pelas células sanguíneas em movimento retornam ao transdutor. Essa mudança na frequência é traduzida em um mapa colorido em tempo real, onde o:
- Vermelho indica fluxo sanguíneo em direção ao transdutor
- Azul representa o fluxo afastando-se.
A análise das imagens coloridas auxilia no diagnóstico de condições como oclusões vasculares, inflamações ou a presença de tumores que possam afetar a circulação.
Como interpretar um doppler colorido dos vasos orbitais sem alterações?
A interpretação de um doppler colorido dos vasos orbitais sem alterações é uma conclusão positiva, indicando que o fluxo sanguíneo nessa região está dentro dos parâmetros normais.
Os padrões de fluxo sanguíneo nos vasos orbitais devem seguir uma direção consistente com as características normais. As artérias geralmente apresentam um padrão de fluxo pulsátil, enquanto as veias exibem um padrão de fluxo mais contínuo.
Fonte: rb.org.br/
Padrões de fluxo no doppler colorido dos vasos orbitais
Os padrões de fluxo sanguíneo nos vasos orbitais devem seguir uma direção consistente com as características normais.
As artérias geralmente apresentam um padrão de fluxo pulsátil, enquanto as veias exibem um padrão de fluxo mais contínuo.
Coloração homogênea
A coloração nas imagens deve ser homogênea, indicando um fluxo sanguíneo uniforme e sem áreas de turbulência.
As áreas coloridas (vermelho ou azul) devem ser consistentes ao longo dos vasos, sem interrupções ou mudanças abruptas.
Velocidades normais
As velocidades do fluxo sanguíneo devem estar dentro dos limites considerados normais para a região orbital. Variações significativas nas velocidades podem indicar obstruções, estenoses ou outras anomalias.
Simetria
A simetria entre os olhos é um fator importante. Se ambos os olhos foram avaliados, é esperado que as características do Doppler colorido sejam simétricas, a menos que haja uma condição específica em um dos olhos.
Quando indicar o doppler colorido dos vasos orbitais?
O Doppler colorido dos vasos orbitais é indicado em diversas situações clínicas. Quando há suspeita de obstruções vasculares, como estenoses ou trombose, o exame é valioso para identificar possíveis comprometimentos no fornecimento de sangue aos olhos.
Além disso, em doenças vasculares oculares, como a arterite de células gigantes, o Doppler colorido pode fornecer informações cruciais sobre o estado dos vasos sanguíneos na órbita.
No cenário pós-cirúrgico, especialmente após procedimentos oculares ou oculoplásticos, o doppler colorido é empregado para monitorar a vascularização da área e avaliar o fluxo sanguíneo durante o processo de cicatrização.
Em casos de inflamações oculares ou orbitárias, o exame é útil para compreender o impacto no sistema vascular e identificar eventuais complicações.
O doppler colorido também desempenha um papel importante na avaliação de tumores oculares ou orbitários, permitindo a caracterização do fluxo sanguíneo em torno dessas lesões e auxiliando no acompanhamento do tratamento. Quando pacientes apresentam sintomas de isquemia ocular, como visão turva ou dor ocular, o exame pode ser solicitado para investigar a circulação sanguínea na região.
Traumas na região orbitária podem resultar em danos vasculares, e o Doppler colorido é valioso para avaliar a extensão desses danos. Além disso, em casos de anomalias vasculares congênitas que afetam a órbita ocular, o exame é uma ferramenta diagnóstica importante.
Obstruções vasculares
As obstruções vasculares nos olhos referem-se a bloqueios ou interrupções no fluxo sanguíneo nas artérias ou veias que irrigam a região ocular. Essas obstruções podem ocorrer em diferentes partes do sistema vascular dos olhos, levando a complicações que afetam a visão. Existem duas condições principais associadas a obstruções vasculares nos olhos:
- Oclusão da artéria da retina (OAR)
- Oclusão da veia da retina (OVR).
A oclusão da artéria da retina (OAR) geralmente resulta de um coágulo de sangue que bloqueia uma das artérias que fornece sangue à retina. Pode causar perda súbita e indolor da visão em uma parte do campo visual. Outros sintomas podem incluir visão embaçada ou distorcida.
Já a oclusão da veia da retina resulta do bloqueio ou obstrução de uma veia que drena o sangue da retina. Pode levar a sintomas como visão turva, diminuição da visão, ou mesmo perda súbita de visão. Às vezes, pode ocorrer inchaço na retina.
Doenças vasculares oculares
As doenças vasculares oculares são condições que afetam os vasos sanguíneos na região dos olhos. Essas condições podem envolver as artérias, veias ou outros componentes do sistema vascular ocular.
Alguns exemplos de doenças vasculares oculares incluem:
- Retinopatia diabética
- Hipertensão ocular
- Degeneração macular relacionada à idade
- Vasculite ocular
Inflamações oculares ou orbitárias
As inflamações oculares ou orbitárias referem-se a condições em que há inflamação nos tecidos ao redor dos olhos ou na órbita ocular.
Essas inflamações podem envolver diversas estruturas, incluindo os:
- Olhos
- Pálpebras
- Conjuntiva
- Músculos oculares
- Nervos.
Tumores oculares ou orbitários
Tumores oculares ou orbitários referem-se ao crescimento anormal de células nos olhos ou na órbita, a cavidade que envolve o globo ocular. Esses tumores podem ser benignos ou malignos e podem afetar diferentes estruturas oculares.
Alguns exemplos de tumores oculares e orbitários incluem:
- Retinoblastoma
- Melanoma uveal
- Hemangioma capilar da órbita
- Linfoma orbitário
- Neuroblastoma orbitário
- Tumor de glândula lacrimal
Traumas na região orbitária
Esses traumas podem envolver os olhos, pálpebras, ossos orbitários, músculos, nervos e outras estruturas adjacentes.
Os traumas orbitários podem ser causados por vários incidentes, como acidentes automobilísticos, quedas, agressões, acidentes esportivos ou outros eventos traumáticos.
Esses traumas podem ser causados por:
- Fraturas orbitárias
- Lesões de tecidos moles
- Hematoma subconjuntival
- Lesões do nervo óptico
Quais as principais vantagens do doppler colorido dos vasos orbitais?
O Doppler colorido é um método não invasivo, o que significa que não envolve procedimentos cirúrgicos ou a introdução de instrumentos no corpo. Isso minimiza o desconforto para o paciente e reduz os riscos associados a procedimentos invasivos.
Além disso, a técnica fornece imagens em tempo real do fluxo sanguíneo nos vasos orbitais, permitindo a visualização dinâmica e a análise imediata do padrão de circulação. Isso é particularmente útil para avaliar alterações no fluxo sanguíneo durante diferentes fases do exame.
O doppler colorido utiliza um sistema de mapeamento colorido para representar a direção e a velocidade do fluxo sanguíneo. Isso facilita a interpretação visual das informações, tornando mais fácil para os profissionais de saúde identificarem anomalias, obstruções ou áreas de fluxo anormal.
Principais desvantagens do doppler colorido dos vasos orbitais
O alcance do Doppler colorido pode ser limitado em profundidade. Isso significa que a técnica pode ter dificuldades em visualizar estruturas mais profundas ou vasos sanguíneos localizados em regiões anatomicamente desafiadoras. Além disso, a presença de estruturas ósseas, como osso craniano, pode interferir na transmissão e recepção das ondas sonoras, dificultando a obtenção de imagens claras em algumas áreas da órbita.
Outro fator importante é que a qualidade das imagens e a interpretação dos resultados muitas vezes dependem da habilidade e experiência do operador. A falta de experiência pode levar a interpretações equivocadas ou à não detecção de certas condições.
Embora seja eficaz na avaliação do fluxo sanguíneo, o doppler colorido não fornece imagens anatômicas detalhadas dos tecidos oculares. Outros exames, como a ressonância magnética ou tomografia computadorizada, podem ser necessários para obter informações mais detalhadas sobre a anatomia.
A aquisição e manutenção de equipamentos de ultrassom podem ser dispendiosas, e o treinamento adequado para operar o doppler colorido requer habilidade e experiência, o que pode aumentar os custos e limitar a disponibilidade em certas localidades.
Conheça nossa especialização em USG ocular
A ultrassonografia ocular representa um exame de imagem especializado, possibilitando ao médico analisar a estrutura dos olhos e compreender a hemodinâmica do paciente. No entanto, é um conhecimento que apenas alguns oftalmologistas dominam. Considerando essa lacuna, o Cetrus lançou o curso de ultrassonografia ocular.
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