Artroscopia do punho: procedimentos, indicações e recuperação

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​A artroscopia do punho é uma técnica cirúrgica minimamente invasiva que tem revolucionado o diagnóstico e tratamento de diversas patologias articulares.

Portanto, utilizando pequenas incisões e instrumentos especializados, esse procedimento permite uma visualização detalhada das estruturas internas do punho, proporcionando benefícios significativos em comparação às abordagens cirúrgicas abertas tradicionais.

O que é a artroscopia do punho?

A artroscopia do punho envolve a inserção de um artroscópio — uma câmera de pequeno diâmetro — na articulação do punho através de incisões de aproximadamente 5 mm. Dessa forma, essa câmera transmite imagens em tempo real para um monitor, permitindo que o cirurgião examine minuciosamente as superfícies articulares, ligamentos e cartilagens.

Além disso, pode-se introduzir instrumentos cirúrgicos específicos para realizar procedimentos terapêuticos conforme necessário.​

Fonte: adaptado de guilhermeogaw (blog, 2024).

Indicações para a artroscopia do punho

Indica-se a artroscopia tanto para diagnóstico quanto para tratamento de várias condições, tais como:​

  • Lesões da fibrocartilagem triangular (TFCC): essenciais para a estabilidade do punho, pode-se reparar ou desbridar lesões nessa estrutura
  • Lesões ligamentares: particularmente as do ligamento escafossemilunar, que causam instabilidade e dor no punho
  • Fraturas intra-articulares: auxilia na visualização e redução de fraturas que envolvem a articulação do punho
  • Cistos sinoviais: permite a remoção de cistos originados na articulação
  • Corpos livres intra-articulares: remoção de fragmentos ósseos ou cartilaginosos que podem causar dor e bloqueio articular
  • Sinovites: pode-se tratar inflamações da membrana sinovial que revestem a articulação por meio de sinovectomia artroscópica.​

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Técnicas utilizadas e equipamentos necessários

Realiza-se o procedimento em ambiente hospitalar, sob anestesia adequada. Assim, posiciona-se o paciente com o punho em tração controlada para ampliar o espaço articular. As principais etapas incluem:​

  • Posicionamento e tração: coloca-se o punho em posição vertical com aplicação de tração para facilitar o acesso à articulação
  • Criação dos portais artroscópicos: faz-se pequenas incisões em locais específicos para a introdução do artroscópio e dos instrumentos cirúrgicos. Dessa forma, evita-se danos a estruturas neurovasculares e tendíneas
  • Exploração articular: o artroscópio é inserido, permitindo a inspeção detalhada das estruturas internas do punho
  • Procedimentos terapêuticos: conforme o diagnóstico, podem ser realizados desbridamentos, reparos ligamentares, remoção de corpos livres, entre outros.​

Os equipamentos essenciais incluem:​

  • Artroscópio: geralmente com 2,7 mm de diâmetro e angulação de 30 graus.
  • Instrumentos específicos: pinças, shavers, probes e outros instrumentos de pequeno porte adaptados para a articulação do punho​
  • Sistema de tração: dispositivo que permite a aplicação controlada de tração no punho durante o procedimento.

Comparação entre artroscopia e abordagens cirúrgicas abertas

A escolha entre a artroscopia e a cirurgia aberta depende de diversos fatores, incluindo a natureza e gravidade da lesão, bem como a experiência do cirurgião. No entanto, a artroscopia apresenta várias vantagens em relação à abordagem aberta:​

  • Menor invasividade: as incisões reduzidas resultam em menor trauma tecidual e cicatrizes menos evidentes.​
  • Recuperação mais rápida: devido ao menor dano aos tecidos, os pacientes tendem a recuperar a função mais rapidamente.
  • Menor risco de complicações: a incidência de infecções e rigidez articular é reduzida em comparação com a cirurgia aberta.

Contudo, em casos de lesões complexas ou quando há necessidade de reconstruções extensas, a cirurgia aberta pode ser mais apropriada.​

Vantagens da artroscopia do punho

As principais vantagens dessa técnica incluem:​

  • Diagnóstico preciso: a visualização direta das estruturas internas permite identificar lesões que podem não ser detectadas por exames de imagem convencionais.
  • Tratamento simultâneo: além do diagnóstico, é possível tratar diversas condições durante o mesmo procedimento, otimizando o tempo cirúrgico e a recuperação do paciente.

Processo de recuperação e reabilitação

Após a artroscopia do punho, o processo de recuperação geralmente envolve uma fase inicial de imobilização, que pode incluir o uso de órtese ou tala, dependendo do procedimento realizado, com o objetivo de proteger a articulação. O controle da dor e do edema é feito com o uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios prescritos conforme a necessidade.

A fisioterapia costuma ser iniciada precocemente, visando restaurar a amplitude de movimento, fortalecer a musculatura e recuperar a funcionalidade do punho. O retorno às atividades ocorre de forma gradual: tarefas leves podem ser retomadas em algumas semanas, enquanto aquelas que exigem maior esforço físico podem demandar um tempo mais prolongado, de acordo com a orientação médica.

Complicações potenciais e como preveni-las

Embora a artroscopia do punho seja considerada um procedimento seguro e de baixo risco, é fundamental que tanto o cirurgião quanto o paciente estejam cientes das possíveis complicações. Contudo, felizmente a maioria delas pode ser evitada com técnica adequada, experiência cirúrgica e cuidados pós-operatórios rigorosos.

Principais complicações

Entre as complicações mais relatadas na literatura médica, destacam-se:

  • Lesões neurovasculares: pequenos nervos e vasos localizados próximos aos portais artroscópicos podem ser lesionados, especialmente se a anatomia do paciente não for cuidadosamente respeitada durante o procedimento
  • Infecção: apesar da baixa incidência, existe o risco de infecção articular, que exige assim intervenção rápida com antibióticos ou até mesmo lavagem articular
  • Rigidez articular: a falta de movimentação precoce pode levar à limitação funcional do punho, reforçando a importância da reabilitação supervisionada
  • Sinovite reativa ou persistente: pode ocorrer inflamação residual da membrana sinovial, especialmente em casos de sinovectomia extensa ou doenças inflamatórias pré-existentes
  • Dor crônica: embora menos comum, pode haver dor persistente, principalmente quando a patologia de base não é completamente resolvida.

Estratégias de prevenção

Para prevenção de complicações é necessário:

  • Mapeamento pré-operatório por exames de imagem de alta resolução
  • Posicionamento anatômico correto dos portais
  • Uso de técnicas de tração e irrigação padronizadas
  • Realização do procedimento por profissionais treinados e experientes
  • Orientação clara sobre o plano de reabilitação pós-operatória.

Vale reforçar que a adoção dessas medidas não apenas reduz riscos, como também melhora significativamente os desfechos funcionais.

Reabilitação pós-artroscopia: etapas e prognóstico

A recuperação após uma artroscopia do punho depende da complexidade do procedimento realizado. Dessa forma, em casos simples, como sinovectomia parcial ou desbridamento, o retorno às atividades habituais pode ocorrer em até quatro semanas. Já procedimentos mais complexos, como reparo de ligamentos bem como ressecção de cistos, podem exigir de dois a três meses para reabilitação completa.

Fases da reabilitação

  • Fase inicial (1ª a 2ª semana):
    • Controle da dor com analgésicos e crioterapia
    • Imobilização com órtese em posição funcional
    • Movimentação ativa dos dedos e cotovelo.
  • Fase intermediária (3ª a 6ª semana):
    • Remoção progressiva da órtese
    • Início dos exercícios de amplitude de movimento
    • Terapias manuais e mobilização articular passiva assistida.
  • Fase tardia (6ª a 12ª semana):
    • Fortalecimento muscular e propriocepção
    • Retorno gradativo às atividades laborais e esportivas
    • Avaliação funcional para alta.

Assim, durante todas as fases, a adesão ao protocolo de fisioterapia é determinante para o sucesso da recuperação. Portanto, a comunicação entre equipe cirúrgica e equipe de reabilitação deve ser constante.

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Referências bibliográficas

  • CHAMMAS, M.; RICHTER, M.; ALMEIDA, M. F. de. Atlas de Anatomia Cirúrgica das Mãos e Punhos. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
  • BERGER, R. A.; BISHOP, A. T. The Wrist: Diagnosis and Operative Treatment. 2nd ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2010.
  • CHINN, H.; MOJICA, E.; WONG, T. Wrist Arthroscopy. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2023. Disponível em: PubMed Central.​
  • MORAIS, R. P.; RIBEIRO, T. A.; AMORIM, L. M. Complicações da artroscopia do punho: uma revisão narrativa. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 57, n. 2, p. 215–220, 2022.
  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA DA MÃO (SBCM). Artroscopia do Punho. Disponível em: https://www.sbcm.org.br. Acesso em: 10 abr. 2025.

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