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Avaliação Ultrassonográfica do Fígado ao Modo B

Saiba quais os pontos mais importantes na avaliação ultrassonográfica do fígado ao modo B e melhore sua acurácia diagnóstica.

Um exame de ultrassonografia tem objetivos e requisitos claros que, ao serem seguidos, podem trazer maior acurácia.

No estudo hepático, esses critérios são:

  • avaliar a anatomia, ecotextura, ecogenicidade e dimensões hepáticas;
  • identificar possíveis variantes anatômicas;
  • reconhecer lesões difusas ou focais.

Lembrando que o modo B é uma representação em escala de cinza da estrutura avaliada.


Ajustes e anatomia superficial

Antes de iniciar o estudo devemos ajustar o aparelho quanto as definições de preset, ganho, foco e profundidade. Após estes ajustes podemos observar a anatomia hepática.

O fígado pode ser acessado por janelas acústicas subcostais, intercostais (pelo hipocôndrio direito e flanco direito) e também pela região epigástrica (Figura 1).

Figura 1 – Anatomia do abdome superior.

Deve apresentar bordos finos, tanto no lobo esquerdo como no lobo direito. Estes achados estão intimamente relacionados às dimensões normais do fígado. Na suspeita de hepatomegalia, os bordos frequentemente se apresentam globosos ou rombos. Outra maneira de avaliar as dimensões é através da hepatimetria (saiba como realizar a hepatimetria e avaliar os bordos hepáticos de forma correta clicando aqui).

O fígado deve apresentar uma ecogenicidade média, hipoecóico ou isoecóico em relação ao baço e isoecóico ou levemente hipercóico em relação ao cortéx renal, com um aspecto de padrão difusamente homogêneo sendo intercalado por estruturas vasculares.


Identificando as estruturas vasculares e ligamentos

Durante a varredura subcostal, em que fazemos um movimento de báscula, podemos identificar, num plano em direção ao diafragma, as veias hepáticas, vasos praticamente sem paredes ecogênicas que confluem com a veia cava inferior (Figura 2).

Figura 2 – Veias hepáticas.

Os vasos com paredes mais ecogênicas são os vasos portais. Esses vasos podem ser observados desde a sua entrada no fígado, através do tronco porta, na região conhecida como hilo hepático, até as regiões mais distantes e periféricas.

O tronco porta se subdivide em ramos direito e esquerdo (Figura 3).

Figura 3 – Bifurcação dos ramos portais.

Do ramo esquerdo partem dois ligamentos, um que sai da porção anterior e penetra o fígado chamado ligamento redondo que, em corte transversal, provoca uma sombra acústica posterior característica. O outro ligamento vai até a parte póstero-superior do fígado, chamado ligamento venoso. Esses dois ligamentos determinam o lobo esquerdo do fígado, logo todas as estruturas à esquerda desses ligamentos fazem parte do lobo esquerdo hepático.

Entre o ligamento venoso, o ramo esquerdo da veia porta e a veia cava inferior, delimita-se o lobo caudado do fígado que pode ser medido no seu sentido transversal entre o ligamento venoso e a veia cava inferior.

No ramo portal direito, podemos observar uma linha hiperecogênica que parte em direção à parede anterior, chamada fissura interlobar, que se apresenta alinhada com a vesícula biliar. O que se encontra à direita da fissura interlobar ou da vesícula biliar faz parte do lobo direito.

Entre a fissura interlobar e o ligamento redondo, superiormente ao lobo caudado, fica o lobo quadrado.
Esta avaliação topográfica do fígado é importante para que possamos nos orientar durante a busca de lesões focais.


Variantes anatômicas

Dentre as variantes mais comuns está o lobo de Riedel (conheça o que é e como identificar o lobo de Riedel clicando aqui).


Identificando lesões difusas e focais

Através da avaliação de parâmetros como dimensões, ecogenicidade, ecotextura, morfologia e análise dos bordos hepáticos, podemos suspeitar de alterações difusas, como esteatose hepática, doenças de depósito ou cirrose, assim como lesões focais, entre elas cistos simples, cistos hidáticos, abscessos e nódulos ou ainda lesões expansivas com efeito de massa.

Dessa maneira, ressaltamos os pontos mais importantes para sistematizar o seu exame. Isso permitirá uma melhor elaboração de hipóteses diagnósticas e uma documentação mais adequada, objetiva e completa.


Dr. Fernando Parreira Miranda
Médico Radiologista Geral;
Membro do Núcleo Técnico de Conteúdo do Cetrus.

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