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Denervação por radiofrequência no joelho: indicações e técnicas

Profissional de saúde realizando exame físico no joelho de um paciente, utilizando as mãos para palpar a articulação e avaliar possíveis alterações ou pontos de dor.

Índice

A denervação por radiofrequência no joelho é uma técnica minimamente invasiva utilizada principalmente no tratamento da dor crônica, especialmente em pacientes com osteoartrite avançada ou dor persistente após artroplastia total do joelho.

O procedimento visa interromper a condução dos estímulos dolorosos pelos nervos sensitivos que inervam a articulação, promovendo alívio significativo da dor e melhora funcional, sem necessidade de grandes intervenções cirúrgicas.

Por sua eficácia e baixo risco de complicações, tem se consolidado como uma alternativa terapêutica segura e eficaz em casos selecionados, especialmente quando as abordagens conservadoras não proporcionam controle satisfatório dos sintomas.

Dor crônica do joelho

Estima-se que a dor no joelho afeta cerca de 45% das pessoas ao longo da vida, e representa uma causa importante de incapacidade e redução da qualidade de vida. Além disso, entre os principais fatores de risco estão lesões ou cirurgias prévias, obesidade e envelhecimento.

A osteoartrite é a principal causa de dor crônica no joelho, caracterizando-se pela degeneração progressiva da cartilagem articular, embora outras condições como artrite reumatoide, traumas, artropatias por cristais e dor pós-cirúrgica também possam estar envolvidas.

Tratamento da dor crônica do joelho

O tratamento da dor no joelho varia conforme a etiologia e pode incluir desde fisioterapia e medicamentos até injeções e abordagens cirúrgicas.

As injeções, quando indicadas, podem ser aplicadas nos tecidos moles ou no espaço intra-articular, utilizando substâncias como corticosteroides. No entanto, essas abordagens exigem a integridade da articulação e não são indicadas após artroplastia total. O tratamento cirúrgico, por sua vez, inclui intervenções artroscópicas e próteses parciais ou totais.

Todavia, a dor persistente após o tratamento cirúrgico ainda é comum, afetando até 40% dos pacientes. Nesse contexto, a denervação por radiofrequência surge como uma alternativa promissora, especialmente para pacientes com dor refratária ou que não podem se submeter a novas cirurgias.

Leia mais sobre “Infiltração articular e periarticular: aplicações terapêuticas“.

O que é a denervação por radiofrequência

A denervação por radiofrequência, também chamada de ablação por radiofrequência, é um procedimento minimamente invasivo que utiliza ondas de rádio para gerar calor e provocar a destruição controlada de segmentos do tecido nervoso.

Portanto, o objetivo do procedimento é interromper a transmissão dos sinais de dor por meio da coagulação térmica seletiva dos nervos sensitivos responsáveis, modulando assim a passagem dos estímulos nociceptivos e promovendo alívio da dor através da inativação específica desses nervos.

Desde sua introdução na década de 1970, a denervação por radiofrequência tem sido continuamente aprimorada e atualmente é amplamente empregada no tratamento da dor crônica.

O uso específico da radiofrequência no tratamento da dor no joelho começou a ser explorado por Sluijter e colaboradores, que relataram, em uma pequena série de casos, a aplicação bem-sucedida da radiofrequência pulsada intra-articular em diferentes tipos de dor articular. Por exemplo, um dos casos mais notáveis envolveu um paciente com dor no joelho de origem pós-traumática e refratária, que apresentou remissão completa dos sintomas após o procedimento.

Leia também “Rizotomia: procedimento para alívio da dor“.

Técnica de denervação por radiofrequência

Durante o procedimento, um gerador de radiofrequência emite uma corrente alternada de alta frequência (entre 250 e 500 kHz) através de um eletrodo. Essa corrente induz movimentação de íons nos tecidos ao redor da ponta ativa, gerando calor por atrito molecular e promovendo a lesão térmica do nervo-alvo.

Uma variação da técnica, conhecida como radiofrequência resfriada, utiliza um sistema de resfriamento por água dentro da sonda, o que permite a formação de uma lesão mais ampla em comparação à técnica convencional.

Trata-se de um procedimento ambulatorial, geralmente realizado com anestesia local e, se necessário, sedação leve. A duração média é de 15 a 30 minutos, e o paciente costuma receber alta após um curto período de observação. Caso ocorra dor após o procedimento, ela costuma ser leve e pode ser controlada com analgésicos comuns.

A técnica de denervação por radiofrequência geralmente é precedida por um bloqueio diagnóstico com anestésico local, que ajuda a confirmar se o nervo alvo está realmente envolvido na origem da dor. Caso o bloqueio produza alívio significativo dos sintomas, em alguns casos, o procedimento pode ser realizado no dia seguinte.

Por fim, realiza-se a denervação por meio da introdução de uma agulha especial através da pele, guiada por imagens de fluoroscopia ou ultrassonografia, de modo a posicionar a ponta da agulha com precisão junto aos nervos geniculares.

Indicações da denervação por radiofrequência

As principais indicações da denervação por radiofrequência no joelho incluem:

  • Casos de osteoartrite moderada a grave (estágios 3 e 4 da classificação de Kellgren-Lawrence).
  • Quando há dor de moderada a intensa e falha em aliviar os sintomas com tratamentos conservadores por vários meses.
  • Pacientes com dor persistente mesmo após artroplastia total de joelho.
  • Pacientes elegíveis para artroplastia que optam por abordagens não cirúrgicas

Contraindicações da denervação por radiofrequência

Os procedimentos de radiofrequência apresentam algumas contraindicações que devem ser cuidadosamente avaliadas antes da realização.

A presença de infecção ativa no local da aplicação ou infecção sistêmica, por exemplo, constitui contraindicação absoluta, devendo-se adiar o procedimento até a resolução do quadro infeccioso.

Além disso, existem contraindicações relativas, que exigem cautela e avaliação individualizada. Entre elas, destacam-se:

  • Fraturas.
  • Presença de tumores.
  • Massas ou implantes metálicos sobrejacentes.
  • Radiculopatia ativa.
  • Coagulopatias.

Fatores associados aos resultados do tratamento com denervação por radiofrequência

Diversos fatores podem influenciar os resultados do tratamento com denervação por radiofrequência para dor no joelho.

Entre os preditores de sucesso, destacam-se:

  • Presença de osteoartrite localizada no compartimento medial do joelho associada a dor consistente na mesma região.
  • Lesões grandes ou múltiplas que respondem bem a intervenções direcionadas.
  • Realização de bloqueios diagnósticos controlados que confirmam a origem da dor.

Por outro lado, fatores que podem estar associados ao insucesso do procedimento incluem:

  • Maior gravidade da doença, caracterizada por sintomas de longa duração e níveis elevados de incapacidade funcional.
  • Histórico de cirurgias prévias na região afetada.
  • Uso contínuo de opioides.
  • Condições psicológicas adversas, como transtornos psiquiátricos, e quadros de dor difusa, como a fibromialgia, que dificultam o controle efetivo da dor localizada.

Evidências científicas de eficácia da denervação por radiofrequência

A eficácia da denervação por radiofrequência pode variar entre os indivíduos, especialmente devido à capacidade de regeneração dos nervos tratados. Essa regeneração pode resultar em retorno da função normal, desenvolvimento de neurite aguda ou alterações sensoriais crônicas indesejadas.

Diversos estudos, incluindo ensaios clínicos randomizados, demonstram que a denervação por radiofrequência pode ser altamente eficaz no controle da dor, especialmente em pacientes previamente submetidos a bloqueios diagnósticos bem-sucedidos antes de realizar o procedimento. Nesses casos, mais de 65% dos pacientes relatam alívio da dor superior a 50%, com duração de pelo menos três meses. Além disso, quando há recorrência da dor, a repetição do procedimento também mostra-se promissora.

No caso específico do joelho, a denervação por radiofrequência tem mostrado ser uma alternativa terapêutica segura e eficaz para pacientes selecionados, proporcionando alívio significativo da dor com alívio sustentado da dor por pelo menos três meses

Todavia, apesar dos resultados encorajadores, ainda são necessários mais estudos para aprimorar a seleção dos alvos nervosos, otimizar os critérios de indicação (incluindo o uso de bloqueios prognósticos) e comparar sua eficácia com outras modalidades terapêuticas disponíveis.

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Referências

  • Copenhaver, D. J.; Pritzlaff, S. G.; Jung, M.; Singh, N. S. Interventional therapies for chronic pain. UpToDate, 2025.
  • Jamison, D. E.; Cohen, S. P. Radiofrequency techniques to treat chronic knee pain: a comprehensive review of anatomy, effectiveness, treatment parameters, and patient selection. J Pain Res. 2018.
  • Lima, D. A. et al. Indicações da Neurotomia dos Nervos Geniculares por Radiofrequência para o Tratamento da Osteoartrite do Joelho: Uma Revisão da Literatura. Rev Bras Ortop (São Paulo). 2019.
  • Maas, E. T. et al. Radiofrequency denervation for chronic low back pain. Cochrane Database Syst Rev. 2015.

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