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Como diagnosticar lesão condral através do exame físico e de imagem?

Aprenda o que é fundamental para realizar o diagnóstico preciso de lesão condral com o exame físico e de imagem, ofertando um cuidado oportuno ao paciente. Boa leitura! 

As lesões condrais do joelho decorrem de degradação da cartilagem articular. Estima-se que elas atinjam entre 10 e 12% das pessoas, mas como muitos pacientes são assintomáticos, pode ser que o número seja ainda maior.

Nesse sentido, podem ocorrer devido a desordens metabólicas, genéticas, vasculares e traumáticas. Além disso, podem ser ocasionadas por um único episódio de sobrecarga excessiva na articulação do joelho ou por episódios cíclicos de pequena magnitude.

Portanto, é indispensável para o médico saber reconhecer uma possível lesão condral a partir de um exame físico e de imagem de qualidade. 

Causas de lesão condral

As lesões condrais afetam a cartilagem das articulações e podem surgir de diversas maneiras, incluindo:

  • trauma agudo, como lesões esportivas ou quedas, que levam a danos imediatos na cartilagem e são uma das causas mais comuns de lesão condral;
  • atividades repetitivas ou excessivas, como esportes intensos ou movimentos repetitivos no trabalho, que sobrecarregam as articulações ao longo do tempo; 
  • condições médicas, como osteoartrite ou artrite reumatoide, que podem gradualmente deteriorar a cartilagem, contribuindo para lesões condrais.

Ainda, vale ressaltar que os fatores genéticos podem aumentar a predisposição a problemas articulares.

Imagem ilustrativa de médico ortopedista fazendo exame de ressonância magnética em paciente. O médico especializado em ortopedia busca o diagnóstico de lesão condral.

Tipos de lesão condral

As lesões condrais variam em sua apresentação, podendo ser:

  • focais, localizadas em uma área específica da cartilagem e muitas vezes associadas a lesões agudas, como contusões;
  • difusas, afetando uma área mais ampla da cartilagem e relacionadas ao desgaste crônico ou a condições degenerativas com frequência;
  • osteocondrais, que afetam a cartilagem e o osso subjacente, resultando muitas vezes em traumas mais severos.

Assim sendo, compreender as diferentes causas e tipos de lesões condrais é crucial para um diagnóstico preciso e para determinar o plano de tratamento mais adequado para cada paciente. Além disso, essas lesões podem variar em sua gravidade e localização, influenciando diretamente as opções terapêuticas e o prognóstico do paciente.

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Classificação das lesões

A classificação das lesões condrais é essencial para médicos que lidam com problemas articulares, ao permitir uma linguagem comum entre os profissionais de medicina. Essa classificação facilita a troca de informações sobre a lesão, auxiliando na descrição de informações detalhadas do dano na cartilagem como:

  • extensão;
  • localização;
  • gravidade.

Ao estudar essa classificação, os médicos adquirem a capacidade de correlacionar achados clínicos com exames de imagem, o que é fundamental para identificar a melhor abordagem terapêutica. 

Contudo, cada tipo de lesão pode exigir estratégias específicas de tratamento, seja fisioterapia, cirurgia ou outras modalidades terapêuticas. Além disso, compreender a classificação auxilia na previsão do prognóstico do paciente, fornecendo informações sobre a probabilidade de recuperação completa e possíveis complicações futuras.

Nesse sentido, o estudo detalhado da classificação das lesões condrais é uma ferramenta valiosa no arsenal de um médico, permitindo uma melhor compreensão, diagnóstico e planejamento de tratamento para pacientes com problemas articulares.

O sistema ICRS (International Cartilage Repair Society) divide as lesões nos seguintes graus:

Tabela do sistema ICRS para classificação de lesões condrais em quase normais, anormais, lesões graves e lesões muito graves.
Classificação das lesões condrais conforme o sistema ICRS (International Cartilage Repair Society). Fonte: Marcantonio et al., 2023.
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Sintomas da lesão condral

Os sintomas de uma lesão condral podem variar dependendo da gravidade, localização e tipo específico da lesão, sendo a dor articular um dos sintomas primários. Essa dor varia em intensidade, podendo ser constante ou intermitente. Além disso, é possível localizar a dor pela articulação afetada na lesão condral.

No entanto, existem outros sinais e sintomas comuns associados a essas lesões, incluindo:

  • inchaço, causado pelo acúmulo de líquido na articulação e resultando em desconforto adicional;
  • rigidez articular, incluindo dificuldade em movimentar a articulação afetada, especialmente após períodos de inatividade;
  • crepitação, como sensação ou som de estalos, rangidos ou crepitação ao mover a articulação;
  • limitação de movimento, ocorrendo a diminuição da amplitude de movimento na articulação afetada e dificultando atividades cotidianas;
  • sensação de travamento, relatada por alguns pacientes que podem notar limitações durante o movimento;
  • instabilidade articular, sendo a sensação de que a articulação está frouxa ou instável.

Entretanto, nem todas as lesões condrais apresentarão todos esses sintomas. Em alguns casos, inclusive, esses sintomas podem ser sutis no início, tornando o diagnóstico desafiador sem uma avaliação médica apropriada.

Vale ressaltar, ainda, que os sintomas podem variar com base na localização da lesão, na extensão do dano e nas atividades diárias do indivíduo.

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Principais exames para detecção da lesão condral

Os exames desempenham um papel crucial no diagnóstico preciso das lesões condrais, oferecendo informações complementares fundamentais para a compreensão e tratamento dessas condições.

Nesse sentido, o raio-x, embora não seja o melhor para visualizar a cartilagem, é valioso para afastar outras condições, como lesões degenerativas ou fraturas. Ele também pode revelar sinais de osteocondrite dissecante, uma condição onde há uma lesão condral completa acompanhada por um fragmento solto na articulação.

Importância da ressonância magnética na análise de lesões de cartilagem

A ressonância magnética é considerada a melhor técnica de imagem para estudar lesões de cartilagem. Devido ao seu excelente contraste de partes moles, ela permite uma avaliação detalhada da morfologia da superfície, espessura, volume da cartilagem e condição do osso subjacente, fornecendo um panorama abrangente da lesão.

Abaixo vemos imagens de um homem de 26 anos submetido à microperfuração nas imagens de RM ponderadas em T2 com saturação de gordura, sendo que:

  • a imagem axial (A) do pré-operatório mostra lesão condral profunda na zona central da tróclea femoral (seta);
  • as imagens em sagital (B) e axial (C) mostram os trajetos das microperfurações associadas a edema subcondral (setas) e tecido fibrocartilaginoso preenchendo o local da lesão condral.
Imagem de exame de ressonância magnética para apontar a diferença entre a lesão condral profunda no pré-operatório e no pós-operatório.
Lesão condral profunda em pré e pós-operatório. Fonte: Souza et al., 2020.

Tomografia computadorizada pode avaliar lesões condrais?

A tomografia computadorizada, embora possa ser associada à injeção de contraste intra-articular (artrotomografia), vem sendo gradualmente substituída pela ressonância magnética devido à capacidade superior desta última de avaliar as lesões condrais com maior precisão e detalhes.

Artroscopia no diagnóstico de patologias intra-articulares do joelho

A artroscopia é considerada o padrão-ouro para o diagnóstico de patologias intra-articulares do joelho. Além de confirmar o diagnóstico, a artroscopia permite a classificação precisa, localização exata e até mesmo o tratamento imediato das lesões condrais, já que é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo que permite intervenção direta na articulação.

Imagem para ilustrar a lesão condral vista com o exame de artroscopia.
Lesão condral à artroscopia. Fonte: Acervo Dr. Inácio Ventura.
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Como conduzir o tratamento da lesão condral?

O tratamento para lesões condrais é altamente variável e depende da gravidade da lesão, localização na articulação e necessidades individuais do paciente.

Assim sendo, existem tanto abordagens conservadoras como intervencionistas para lidar com essas lesões.As opções conservadoras de tratamento para a lesão condral incluem:

  • fisioterapia, que visa fortalecer os músculos ao redor da articulação e melhorar a estabilidade, assim como a modificação das atividades para reduzir o estresse na cartilagem afetada;
  • medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), sendo prescritos para controlar a dor e a inflamação com frequência;
  • suplementos como glucosamina e condroitina, que podem ser usados para auxiliar na saúde da cartilagem;
  • injeções intra-articulares de corticosteroides ou ácido hialurônico, podendo ser administradas para alívio temporário da dor.

Dessa forma, o tratamento eficaz das lesões condrais não apenas visa a mitigação dos sintomas, mas também visa preservar e melhorar a funcionalidade a longo prazo, promovendo uma qualidade de vida mais robusta para os pacientes.

Opções de tratamento para casos graves de lesões condrais

Em casos mais graves ou quando os tratamentos conservadores não são eficazes, as opções intervencionistas são consideradas, incluindo:

  • procedimentos cirúrgicos como microfraturas, onde pequenas perfurações são feitas no osso subjacente para estimular o crescimento de nova cartilagem;
  • transplante de condrócitos autólogos, onde células cartilaginosas são implantadas na área lesionada;
  • implantes de matriz de condrócitos podem ser utilizados para auxiliar na regeneração da cartilagem;
  • procedimentos de realinhamento ou osteotomia podem ser realizados para redistribuir o peso sobre a articulação, diminuindo a pressão na área lesionada.

Em estágios avançados, a artroplastia, que consiste na substituição parcial ou total da articulação por uma prótese, pode ser considerada.

A escolha do tratamento depende de uma avaliação detalhada da lesão, das necessidades do paciente e do impacto na função articular. É fundamental que o plano de tratamento seja discutido com um médico especializado para garantir a abordagem mais eficaz e adequada para cada caso individual.

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Referências

2 Replies to “Lesão condral: como diagnosticar com o exame físico e de imagem”

  1. Na ultrassonografia, ao encontrar osteófitos , seja nas tróclea ou bordas articulares, devo concluir que há lesão da cartilagem e que já há artrose no joelho

    Pode comentar por favor

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