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Restrição de Crescimento Intrauterino: diagnóstico atual e classificação

A restrição de crescimento intrauterino (RCIU) é uma grave complicação da gestação. Definida como uma condição em que o feto não alcançará seu potencial biológico de crescimento, acomete cerca de 5 a 10% de todas as gestações. Trata- se de um dos principais fatores de aumento de morbimortalidade no período perinatal.

A saber, existem várias causas de RCIU, por isso, neste momento nos limitaremos a abordar critérios diagnósticos relacionados a RCIU por Insuficiência Placentária. Em outras palavras, significa aquela placenta que progressivamente reduz o aporte de oxigênio e nutrição para o feto.

O diagnóstico precoce possibilita um acompanhamento individualizado. Desse modo, contribui de maneira substancial para a redução de complicações materno-fetais.


Protocolo Delphi para Restrição de Crescimento Intrauterino

O protocolo Delphi é um consenso realizado em 2016 entre os maiores especialistas em RCIU, (nível de evidência 5). Ele define os critérios diagnósticos de RCIU mais utilizados hoje em dia.

Este documento tem como objetivo identificar e classificar os fetos restritos adequadamente. Para tanto, a fisiopatologia da doença será avaliada de acordo com a idade gestacional, permitindo a distinção entre restrição precoce e tardia. Vale ressaltar que os critérios estão relacionados a situações de Insuficiência Placentária. Assim sendo, não devem ser utilizados em fetos com malformações (Cromossomopatias, Doenças Gênicas, Infecções etc.).

Para o diagnóstico são utilizados o peso fetal, a circunferência abdominal e o estudo Dopplervelocimétrico, divididos em critérios maiores e menores. Esta classificação é capaz de orientar quanto ao tipo de acompanhamento pré-natal, momento do parto e local de recepção desse recém-nascido.

Caso queira conhecer o trabalho original, clique aqui: Consensus definition of fetal growth restriction: a Delphi procedure.

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Critérios Diagnósticos para Restrição de Crescimento Intrauterino

São usados como critérios diagnósticos o peso fetal, a circunferência abdominal e o estudo Doppler.


Critérios maiores para Restrição de Crescimento Intrauterino

Trata-se daqueles que, quando presentes, definem isoladamente o diagnóstico de RCIU. Na restrição precoce, aquela cujos achados são encontrados em gestações menores de 32 semanas, os critérios são:

  •    Peso fetal <p3 ou;
  •    Circunferência abdominal <p3 ou;
  •    Doppler da ateria umbilical com diástole zero.

Na restrição tardia, acima de 32 semanas de gestação, os critérios maiores são:

  •     Peso fetal <p3 ou;
  •     Circunferência abdominal <p3.

Vale acrescentar que a presença de um critério maior confirma o diagnóstico.

LEIA MAIS: Pré-eclâmpsia: quando realizar o rastreamento

Critérios menores para Restrição de Crescimento Intrauterino

Critérios menores são aqueles que devem estar presentes em conjunto para definir o diagnóstico de RCIU.

Na restrição precoce deve estar presente ao menos um critério biométrico juntamente com 1 critério Dopplervelocimétrico.

Os critérios biométricos são:

  •  Peso fetal <p10 ou
  •  Circunferência abdominal <p10

Os critérios Dopplervelocimétricos são:

  • Aumento da resistência da artéria uterina (IP>p95);
  • Aumento da resistência da artéria umbilical (IP>p95).

Na restrição tardia a presença de dois critérios entre os três estabelece o diagnóstico:

  •     Peso fetal ou circunferência abdominal <p10;
  •     Relação cérebro-placentária (RCP) <p5 ou Doppler da umbilical IP>p95;
  •     Queda de 2 quartis no peso fetal, em medidas seriadas.

Em primeiro lugar é preciso conhecer os critérios diagnósticos de Restrição de Crescimento Fetal por Insuficiência Placentária. Em seguida, é possível definir o estágio de evolução da doença. Por fim, é estabelecida a conduta mais adequada. Feito isso, certamente, haverá a redução da morbimortalidade materna e fetal relacionada a esta frequente condição.

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4 Replies to “Restrição de Crescimento Intrauterino: diagnóstico atual e classificação”

  1. Olá!
    No quadro de critérios diagnósticos: critérios menores de RCIU tardia não seria AU > p95 ou ACM < p5?
    Obrigada!

  2. Aula e resumo fantásticos!!! Isso sim é utilidade para o médico. Parabéns aos autores e envolvidos!

  3. Muito bom saber que a ultrassonografia possibilitou um melhor conhecimento da circulação útero placentária , tornando possível acompanhar e diagnosticar insuficiência dela, e desse modo , através da intervenção obstétrica “em tempo” evitar a morte intrauterina do feto.

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