A rizotomia é um procedimento médico indicado principalmente para o alívio da dor crônica, especialmente aquelas associadas a condições neuropáticas e musculoesqueléticas. Este tratamento intervencionista tem ganhado destaque, dada sua capacidade de oferecer alívio significativo a pacientes que não respondem bem a terapias convencionais, como medicamentos ou fisioterapia.
Em um cenário onde a dor crônica é uma das principais causas de incapacidade no mundo, procedimentos como a rizotomia desempenham um papel essencial no manejo de condições dolorosas, melhorando a qualidade de vida de muitos pacientes.
O que é rizotomia?
A rizotomia é uma técnica que envolve a interrupção ou destruição das raízes nervosas responsáveis pela transmissão da dor. O termo “rizotomia” vem da combinação das palavras gregas “rhiza” (raiz) e “tome” (corte), refletindo precisamente a ideia de cortar ou destruir uma raiz nervosa. Essa intervenção é geralmente realizada de forma seletiva, com o objetivo de aliviar sintomas dolorosos persistentes, frequentemente associados a doenças como a artrite, neuropatias periféricas, síndrome de dor miofascial, entre outras condições crônicas.
Assim, o procedimento pode ser realizado por diferentes abordagens, como a rizotomia por radiofrequência, rizotomia química, ou a rizotomia por lesão direta das raízes nervosas. A escolha do método depende da condição clínica do paciente, da área afetada e da experiência do profissional.
Indicações clínicas da rizotomia
A rizotomia é indicada para pacientes que apresentam dor crônica, muitas vezes em situações em que outras formas de tratamento não surtiram o efeito desejado. Entre as principais indicações, destacam-se:
- Dor nas costas: comum em pacientes com condições como a hérnia de disco, estenose espinhal ou osteoartrite, a rizotomia pode aliviar a dor, interrompendo assim a condução dos sinais nociceptivos
- Neuralgia do trigêmeo: caracterizada por dor intensa no rosto, pode-se tratar a neuralgia do trigêmeo eficazmente com a rizotomia para interromper a condução nervosa nas raízes do nervo trigêmeo
- Síndrome da dor miofascial: pode-se controlar a dor associada a pontos-gatilho nos músculos por rizotomia, especialmente quando outros tratamentos não são eficazes
- Dor crônica no pescoço e nos ombros: em casos de dor irradiada por raízes nervosas, a rizotomia é eficaz para interromper os sinais de dor provenientes das raízes nervosas afetadas
- Dor neuropática periférica: pacientes com neuropatia diabética, por exemplo, podem se beneficiar de rizotomia para controlar a dor crônica que essas condições provocam.
Mecanismo de ação da rizotomia
O mecanismo de ação da rizotomia está centrado na destruição de fibras nervosas específicas que transmitem sinais de dor. Isso pode ser feito por meio de diversas técnicas, sendo as mais comuns:
- Rizotomia por radiofrequência: nesse método, é aplicado um campo de radiofrequência para aquecer as raízes nervosas afetadas, causando a destruição das fibras responsáveis pela transmissão da dor. É uma técnica minimamente invasiva, eficaz em áreas como a coluna vertebral e as articulações. Portanto, a vantagem desse procedimento é que pode-se realizá-lo de forma percutânea, com o uso de agulhas finas, o que torna a recuperação mais rápida e com menor risco de complicações
- Rizotomia química: consiste na injeção de substâncias químicas diretamente nas raízes nervosas, com o objetivo de interromper a condução do estímulo doloroso. É uma alternativa eficaz para o tratamento de áreas específicas, especialmente em pacientes que não respondem adequadamente a outras abordagens. O procedimento requer alta precisão técnica para evitar lesões em estruturas adjacentes, e os resultados podem variar de acordo com a técnica utilizada e a resposta individual do paciente.
- Rizotomia cirúrgica: embora menos comum, pode-se indicar em casos graves por meio de uma intervenção aberta, com a remoção ou interrupção das raízes nervosas responsáveis pela transmissão da dor. Este procedimento é geralmente reservado para casos mais graves, quando os tratamentos menos invasivos não demonstraram resultados satisfatórios. Por ser uma abordagem mais agressiva, a recuperação torna-se mais demorada e envolve riscos adicionais.
Escolhe-se o tipo de rizotomia com base na gravidade da dor, na localização e na resposta dos pacientes a tratamentos anteriores. Saiba mais sobre como classificar a dor!
Como é feita a rizotomia?
O procedimento de rizotomia é minimamente invasivo, sendo realizado sob anestesia local ou sedação, dependendo do tipo e da área tratada. No caso da rizotomia por radiofrequência, por exemplo, insere-se a agulha através da pele, guiada por imagem de fluoroscopia ou tomografia computadorizada, para alcançar a raiz nervosa alvo.
Uma vez localizada a raiz nervosa, aplica-se uma corrente elétrica para aquecer as fibras nervosas, interrompendo a condução de sinais de dor. O procedimento geralmente dura entre 30 a 60 minutos e é realizado de forma ambulatorial, o que significa que o paciente pode ir para casa no mesmo dia.
Recuperação pós procedimento
Após a rizotomia, a recuperação é geralmente rápida, com a maioria dos pacientes experimentando alívio da dor nas primeiras 24 a 48 horas.
No entanto, a duração do efeito analgésico pode variar de paciente para paciente. Alguns pacientes experimentam alívio de dor por meses, enquanto outros podem precisar de repetições do procedimento.
Vantagens da rizotomia
A rizotomia oferece várias vantagens no tratamento de dor crônica. Entre elas, destacam-se:
- Alívio da dor duradouro: ao interromper a transmissão da dor, esse procedimento pode proporcionar alívio duradouro, o que é especialmente útil para pacientes que não encontram resposta em tratamentos convencionais
- Minimamente invasivo: o procedimento é menos invasivo que outras opções, como a cirurgia, o que significa, assim, menor risco de complicações e recuperação mais rápida
- Melhora na qualidade de vida: o alívio da dor pode permitir que os pacientes retomem suas atividades diárias, promovendo maior funcionalidade e qualidade de vida
- Alternativa para pacientes com contraindicações a medicamentos: é uma opção para aqueles que não podem ou preferem evitar o uso de medicamentos analgésicos fortes, como opioides, devido ao risco de efeitos colaterais ou dependência.
Desvantagens e riscos
Como qualquer procedimento médico, a rizotomia apresenta alguns riscos. Embora a taxa de complicações seja relativamente baixa, alguns dos riscos incluem:
- Infecção: como qualquer intervenção que envolva a inserção de agulhas ou outros instrumentos, há um pequeno risco de infecção no local da aplicação
- Danos a estruturas adjacentes: em casos raros, pode ocorrer dano a tecidos ou estruturas adjacentes à raiz nervosa, como vasos sanguíneos ou nervos próximos
- Eficiência variável: embora a rizotomia seja eficaz para muitos pacientes, nem todos respondem ao procedimento, e o alívio da dor pode ser temporário, com a necessidade de novos tratamentos.
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É essencial que os médicos, especialmente os que lidam com dor crônica, como anestesistas, neurologistas, fisiatras e ortopedistas, estejam familiarizados com os benefícios e limitações da rizotomia. O procedimento pode ser uma opção importante em pacientes com dor crônica localizada e em casos de falha de outros tratamentos.
Dessa forma, médicos interessados em aprimorar seus conhecimentos sobre técnicas de manejo da dor, incluindo a rizotomia, podem se beneficiar de cursos especializados. Nesse sentido, nosso curso oferece uma oportunidade para aprofundar-se nos métodos mais atuais e eficazes de tratamento de dor crônica, incluindo abordagens intervencionistas.
Referências bibliográficas
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