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Como conduzir os atendimentos médicos e responder as principais dúvidas sobre sexualidade humana?

Aprenda a conduzir de forma adequada atendimentos médicos sobre questões sexuais delicadas, conhecendo os limites éticos. Boa leitura! 

O que é a sexualidade humana?

O primeiro passo para conduzir de forma respeitosa um atendimento que aborde a sexualidade, é importante entender a tradução desse conceito. 

Segundo Maia e colaboradores, a sexualidade é o nome que damos para o aspecto da vida composto por vários fatores que se relacionam entre si, mas não estão restritos à prática sexual. 

Gráfico, Diagrama

Descrição gerada automaticamente
Os componentes da sexualidade. Fonte: Maia e colaboradores. Departamento de Psicologia da Faculdade de Ciências da Unesp – Bauru.

Como vemos, o sexo faz parte da sexualidade. No entanto, independente de a pessoa em questão ter ou não relações sexuais, ela é uma pessoa “sexuada”, uma vez que são capazes de sentir o bem-estar, diante de sensações prazerosas táteis, sensações confortantes diante da afetividade e acolhimento amoroso, vindo de relacionamentos conjugais ou mesmo fraternos ou de amizade.

Coletando uma história sexual detalhada

Ao coletar uma história sexual detalhada durante uma consulta médica, é crucial estabelecer um ambiente de confiança e respeito

É interessante que se iInicie a conversa de maneira sensível, demonstrando empatia e criando um espaço acolhedor para que o paciente se sinta à vontade para compartilhar informações sobre sua saúde sexual.

Uma boa maneira de fazer isso é perguntar se há preocupações específicas ou dúvidas sobre a saúde sexual do paciente. Pensando na integridade das informações, evite direcionar as respostas e use perguntas abertas para permitir que o paciente se expresse livremente

Aborde uma variedade de tópicos sempre mantendo uma linguagem neutra e respeitosa, como:

  • Relacionamentos passados e atuais;
  • Experiências sexuais;
  • Métodos contraceptivos utilizados ou desejados;
  • Histórico de doenças sexualmente transmissíveis;
  • Preferências sexuais. 

É importante ser sensível aos limites do paciente, não pressionando por informações que possam deixá-lo desconfortável. Respeite a privacidade e o consentimento a todo momento. 

Ao finalizar a conversa, pode ser uma boa ideia fazer um resumo dos pontos discutidos para garantir clareza e oferecer um espaço para o paciente esclarecer qualquer dúvida que possa surgir.

É crucial registrar as informações de maneira precisa e confidencial no prontuário médico, garantindo a segurança e a privacidade do paciente. A coleta de uma história sexual detalhada requer sensibilidade, respeito e a criação de um ambiente seguro para que o paciente se sinta confortável ao compartilhar aspectos íntimos de sua vida.

Leia: Hiperplasia Prostática Benigna: como diagnosticar

Sexualidade humana na infância 

De acordo com os conceitos de Freud, desde o nascimento, há uma existência do corpo erótico, e o prazer associado a ele não se limita apenas aos órgãos genitais. 

Segundo ele, o erotismo é expresso por meio do que ele denominou de “zonas erógenas”, áreas específicas do corpo em que a estimulação produz sensações prazerosas

Nas fases iniciais do desenvolvimento, as crianças experimentam prazer erógeno por meio da estimulação da boca, como chupar ou mamar, e no ato de controlar as fezes durante o processo de defecação. 

Além disso, comportamentos masturbatórios são comuns nessa fase. Vale destacar que as zonas erógenas primárias podem ser alteradas ao longo do processo de crescimento e desenvolvimento.

É relevante salientar que reconhecer a natureza sexual da criança não implica na manifestação de uma sexualidade genital adulta. Embora a criança possa experimentar prazer nessas expressões eróticas, essa experiência não é equiparável à vivência de fantasias sexuais adultas, pois não está sujeita ao mesmo controle social de repressão. 

Frequentemente, a maior dificuldade em lidar com as expressões sexuais na infância é observada nos adultos, que interpretam a sexualidade infantil com base em suas próprias experiências ou lacunas na educação sexual ao longo da vida.

É importante compreender que após o nascimento, sons, cheiros, sensações táteis e emoções associadas ao afeto e ao conforto são expressões relevantes da sexualidade. 

O erotismo na infância é mais pronunciado a partir dos dois anos, quando há desenvolvimento do controle esfincteriano e a exposição do corpo da criança se torna mais frequente. É nessa fase que a masturbação infantil tende a ocorrer com maior frequência, geralmente em torno dos 4 anos de idade.

Desenho de personagem de desenho animado

Descrição gerada automaticamente com confiança média
Crianças brincando. Fonte: Maia e colaboradores. Departamento de Psicologia da Faculdade de Ciências da Unesp – Bauru.

Importância do ensino sobre sexualidade na infância

O ensino sobre sexualidade humana na infância desempenha um papel fundamental na formação de adolescentes e adultos com saúde emocional e mental equilibrada, reduzindo a ansiedade relacionada ao corpo e contribuindo para a prevenção do abuso sexual. 

Crianças bem instruídas têm uma maior capacidade de identificar e se proteger contra situações de violência. Além disso, estão mais propensas a não reproduzir comportamentos discriminatórios ou violentos, nem sentir pressão para se enquadrar em padrões estéticos pré-estabelecidos. 

Uma educação sexual sólida e respeitosa na infância não apenas auxilia os adolescentes a lidarem com suas questões corporais e dúvidas, mas também promove a emancipação de adultos e idosos, permitindo que vivenciem plenamente sua sexualidade e assumam um papel importante como educadores sexuais.

Adaptação da abordagem sobre sexualidade humana por faixa etária 

Jovens

  • Abertura e Educação:
    • Para adolescentes e jovens adultos, é importante criar um ambiente acolhedor que estimule a abertura na comunicação sobre sexualidade.
  • Ênfase na Educação Preventiva:
    • Explique sobre métodos contraceptivos, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e práticas sexuais seguras.
  • Confidencialidade e Privacidade:
    • Assegure ao paciente jovem que suas informações estão seguras e serão mantidas em sigilo, promovendo assim a confiança.


      Mudanças físicas no corpo de meninos e meninas que ocorrem na puberdade. Fonte: Maia e colaboradores. 

Adultos

  • Consideração à Saúde Reprodutiva:
    • Para adultos, pode ser importante discutir questões relacionadas à fertilidade, planejamento familiar e métodos contraceptivos mais adequados para diferentes fases da vida.
  • Exploração da Saúde Sexual Atual:
    • Aborde aspectos relacionados à atividade sexual, disfunção erétil, menopausa, entre outros, de acordo com a fase da vida em que se encontram.

Idosos

  • Atenção às Mudanças Fisiológicas:
    • Para idosos, é crucial considerar as mudanças físicas e emocionais associadas ao envelhecimento e como essas mudanças podem afetar a saúde sexual.
  • Discussão sobre Condições Crônicas:
    • Aborde questões de saúde específicas da idade, como a influência de doenças crônicas ou medicamentos na função sexual.
  • Necessidade de Informações Específicas:
    • Paciência ao abordar preocupações relacionadas à sexualidade em idades avançadas, já que podem surgir questões sobre libido, intimidade e saúde sexual em geral.

Em todos os casos, a abordagem deve ser personalizada, respeitando a individualidade e as preocupações específicas de cada faixa etária. 

A empatia, a sensibilidade e o respeito à privacidade são fundamentais para estabelecer uma comunicação eficaz em qualquer idade.

Confira: Sexualidade na menopausa

Questões acerca da sexualidade humana

Disfunção erétil (DE)

A disfunção erétil (DE) é a incapacidade persistente de manter uma ereção suficiente para a atividade sexual. Pode ser causada por fatores físicos, como problemas vasculares, neurológicos, hormonais ou efeitos colaterais de medicamentos

Aspectos psicológicos, como estresse, ansiedade, depressão e questões de relacionamento, também podem desempenhar um papel significativo.

O tratamento da DE envolve uma abordagem multidisciplinar. Inicialmente, é essencial identificar e tratar quaisquer condições médicas subjacentes. Terapias psicológicas, incluindo aconselhamento individual ou em casal, podem ajudar a abordar questões emocionais associadas. 

Além disso, medicamentos orais, dispositivos a vácuo, injeções penianas ou até mesmo intervenções cirúrgicas podem ser considerados dependendo da gravidade e da causa subjacente da DE.

Contracepção e a sexualidade humana

A contracepção refere-se aos métodos utilizados para evitar a gravidez. Existem várias opções disponíveis, desde métodos hormonais até barreiras físicas e dispositivos intrauterinos. 

A escolha do método contraceptivo ideal depende das preferências individuais, estado de saúde, idade, planejamento familiar e necessidades específicas.

Métodos contraceptivos hormonais, como pílulas anticoncepcionais, adesivos, anéis vaginais e implantes, funcionam alterando os níveis hormonais para prevenir a ovulação ou espessar o muco cervical, dificultando a passagem dos espermatozoides. 

Métodos não hormonais, como preservativos, diafragma e DIU de cobre, funcionam bloqueando fisicamente a fertilização.

Identidade de gênero

A identidade de gênero refere-se à forma como uma pessoa se identifica em termos de gênero, que pode ou não corresponder ao sexo atribuído ao nascimento. Para muitas pessoas, a identidade de gênero é uma parte fundamental de quem são.

É crucial reconhecer e respeitar a identidade de gênero de cada indivíduo. Muitas pessoas podem se identificar como homem ou mulher, enquanto outras podem se identificar como não binárias, agênero, genderqueer, entre outras identidades. Criar um ambiente de apoio e respeito é fundamental para garantir que as pessoas se sintam aceitas e compreendidas em relação à sua identidade de gênero.

Cada um desses tópicos demanda uma abordagem personalizada, sensível e inclusiva para atender às necessidades individuais dos pacientes. É fundamental para os profissionais de saúde estar atualizados e preparados para oferecer informações precisas e apoio emocional aos pacientes que buscam orientação sobre esses assuntos.

Aconselhamento sobre práticas sexuais seguras 

O aconselhamento sobre práticas sexuais seguras é uma parte fundamental da saúde sexual. Envolve diversos aspectos essenciais para garantir a proteção contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e promover relações sexuais saudáveis

O uso correto de preservativos é uma prática-chave, pois é altamente eficaz na prevenção de DSTs, como HIV, clamídia, gonorreia e sífilis. Aprender a colocar o preservativo corretamente é crucial para garantir sua eficácia.

Além disso, fazer testes regulares de DSTs, especialmente após atividade sexual de risco ou com diferentes parceiros, é importante para identificar precocemente infecções e iniciar o tratamento adequado. 

A comunicação aberta e honesta com o parceiro sobre histórico de DSTs, testes anteriores e uso de proteção é essencial. Isso inclui o consentimento mútuo e a comunicação clara durante a atividade sexual, garantindo uma experiência saudável e consensual para ambas as partes.

Conhecer e respeitar os próprios limites, assim como respeitar os limites do parceiro, contribui para uma experiência sexual segura e positiva para todos os envolvidos. Evitar compartilhar objetos cortantes e tomar precauções ao realizar atividades sexuais que possam causar ferimentos são práticas para reduzir riscos de transmissão de DSTs.

É essencial buscar informações confiáveis e atualizadas sobre práticas sexuais seguras e saúde sexual. Esse conhecimento contínuo promove relações sexuais mais saudáveis e seguras, contribuindo para a prevenção de DSTs e o bem-estar geral. 

O aconselhamento sobre práticas sexuais seguras visa oferecer uma abordagem abrangente para a saúde sexual, destacando a importância da prevenção, do respeito mútuo e da comunicação eficaz entre parceiros.

Confira: Estética e cirurgia íntima: por que se especializar nessa área?

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Referências 

Sexualidade e educação sexual. Ana Cláudia Bortolozzi Maia. UNESP.

4 Replies to “Sexualidade humana: como sanar dúvidas em consultório”

  1. Gostaria de saber se tem remedio para trata eu para ter prazer (GOZO) obtido por meio de
    relações sexuais, será se eu gonsigo.
    Cordialmente

    Martins

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