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Quatro fatores compõe cardiopatia chamada de Tetralogia de Fallot

Conheça quais são os fatores que compõe a Tetralogia de Fallot e como a doença é diagnosticada e tratada!

A tetralogia de Fallot é uma malformação cardíaca congênita, em que o coração do feto apresenta quatro características principais que são:

  1. Defeito do septo ventricular perimembranoso (DSV) com desalinhamento
  2. Cavalgamento da aorta sobre o septo interventricular
  3. Obstrução da via de saída do ventrículo direito em vários graus
  4. Hipertrofia ventricular direita (raramente presente no feto ou recém-nascido)

O quadro corresponde a 7 a 10% das anomalias cardíacas congênitas, o que representa aproximadamente 1:3.600 nascidos vivos e é a cardiopatia cianótica mais frequente. O primeiro médico a descrever essa condição foi Etienne-Louis Arthur Fallot, em 1888 e a chamou de “la maladie bleue” (a doença azul).

Fatores de risco

A etiologia da tetralogia de Fallot é multifatorial como a maioria das cardiopatias congenitas. Os fatores de risco que podem estar envolvidos são;

  • Casos familiares – recorrência de aproximadamente 3%
  • Anomalias cromossômicas ou gênicas como trissomia 21, 18 e 13 e síndrome de DiGeorge .
  • Síndrome CHARGE (coloboma, RCIU, atresia de coana, anomalias urinárias e de orelhas)
  • Associação VACTERL (defeitos vertebrais, anoretais, renais, fistulas esofágicas e defeitos de membros).

Sintomas da tetralogia de Fallot

A tetralogia de Fallot compreende um espectro de alterações na árvore pulmonar desde estenose e hipoplasia leve à atresia da valva ou agenesia (ausência) da valva pulmonar. Cada uma delas estará associada a sintomas clínicos diferentes e assim podemos ter desde bebês sem cianose e pouca sintomalogia, até aqueles com hipoxemia, cianose grave e circulação pulmonar dependente do canal ao nascimento. Na agenesia da valva pulmonar, tipo menos comum, ocorre ICC e obstrução respiratória alta.

Como diagnosticar?

A ecocardiografia fetal é o estudo indicado para detecção, já que consegue diagnosticar a malformação cardíaca e orientar o casal para o parto em local especializado em cardiologia pediátrica, aumentando as chances de sobrevida do recém-nascido. No entanto os estudos mostram que o diagnóstico pré-natal ocorre entre 30-60% dos casos apenas.

Para não perder o diagnóstico, durante o exame de ultrassom é importante observar que

  • O corte de  4 câmaras é habitualmente normal em > 95% dos casos. Um desvio do eixo mais à esquerda pode estar presente;
  • Defeito de septo periventricular tipo perimembranoso amplo com aorta cavalgando o septo;
  • Artéria pulmonar com dimensões menores;
  • Arco aórtico pode estar à direita;
  • Ramos pulmonares podem estar normais, ou alterado tanto em posição com tamanho;
  • Canal arterial pode estar pequeno ou ausente.

Após o nascimento, os sinais clínicos, a ausculta de sopro cardíaco e diminuição da segunda bulha cardíaca, níveis baixos de saturação de oxigênio detectados no teste do coraçãozinho podem contribuir no diagnóstico antes da alta hospitalar.

LEIA MAIS: Arritmia fetal: entenda causas de taquicardia e bradicardia em fetos

Como é o tratamento da tetralogia de Fallot?

Normalmente o tratamento dessa patologia é cirúrgico que pode ocorrer em um unico procedimento com correção definitiva ou pode ser necessário uma cirurgia prévia com interposição de um tubo criando um shunt aorto-pulmonar (cirurgia de Blalock-Taussig-Thomas).

A cirurgia definitiva para tetralogia de Fallot é feita com o fechamento do septo ventricular com um retalho cirúrgico  e a abertura da via de saída do ventrículo direito, com dilatação da valva  pulmonar obstruída ou ampliação por patch cirúrgico com monocuspide.

A cirurgia é quase sempre realizada de forma eletiva em geral até 8 meses de vida, mas pode ser feita a qualquer momento, se houver sintomas mais importantes.

Domine este e outros diagnósticos cardíacos do feto

O Cetrus tem uma Pós-Graduação em Ecocardiografia Fetal em que você fica imerso nesse tema e aprende não só a fazer o exame, como a lidar com as mais diversas patologias fetais. Aqui o aluno:

  • Saberá diagnosticar as arritmias do feto e saber conduzi-las com habilidade;
  • Aprenderá a utilizar a ultrassonografia para guiar procedimientos invasivos;
  • Diagnosticará defeitos cardíacos e alterações da função;
  • Estará apto a realizar a avaliação do coração fetal detalhada.

Referências

  1. Shinebourne EA, Narayan SVB, Carvalho JS. Tetralogia de Fallot : from fetus to adult .Heart. 2006 92(9): 1353–1359
  2. Yoo SJ, Lee YH, Ryu HM, Kim My, Yang JH, Chun YK, Hong SR. Tetralogy of Fallot in the fetus: findings at targeted sonography. Ultrasound Obstr Gynecol;2002 ; 14 :1
  3. Tetralogy of Fallot. American Heart Association. Disponível em: https://www.heart.org/en/health-topics/congenital-heart-defects/about-congenital-heart-defects/tetralogy-of-fallot. Acessado em: 22 de dezembro de 2020
  4. Facts about Tetralogy of Fallot. CDC Centers for Disease Control and Prevention. Disponível em: https://www.cdc.gov/ncbddd/heartdefects/tetralogyoffallot.html. Acessado em: 22 de dezembro de 2020

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25 Replies to “Tetralogia de Fallot: o que é e seus quatro componentes”

  1. Tenho 59 anos, nasci com Tetralogia de Fallot e fiz a cirurgia tardiamente aos 9 anos (em 1973) com dr Zerbini no hospital Beneficência Portuguesa em SP. Tenho 1 filha de 25 anos e um filho de 19 anos , sou cirurgiã dentista e levo uma vida normal. Faço acompanhamento anualmente e fico muito agradecida por ter tido esta chance de viver pois não conheço ninguém com a minha idade que tenha feito esta mesma cirurgia.

    1. Célia, muito obrigado pelo seu depoimento!!!
      Não sabe o alívio que senti.

      Longa vida a você e a todos nós que nascemos com tetralogia.

  2. Tenho 21 anos e fui diagnosticada quando nasci, fiz 3 cirurgias de correção parcial quando criança, com 1 ano, 7 e 9, agora estou aguardando a data da próxima que creio que será a definitiva. Tenho uma vida completamente normal.

  3. Me chamo Isabella e nasci com tetralogia de fallot, diagnosticada nos meus primeiros dias de vida. Com um ano, fiz a cirurgia para inserção da prótese de blalock e, aos 4 anos, fiz a correção total. Hoje, tenho 27 anos, vivo uma vida normal, tenho um filho lindo e que não nasceu com nenhum problema cardíaco, graças a Deus. Faço acompanhamento anual e, a princípio, com 40 anos devo trocar a válvula pulmonar. Muito feliz de encontrar esse espaço e conhecer tantas pessoas que também passaram pelo mesmo que eu. ♥

  4. Oi Paulo, tudo bem?
    Desculpe a pergunta, mas como minha filha nasceu com estenose pulmonar, que é um dos defeitos da tetralogia de fallot, gostaria de saber se você tem algum problema residual na valva pulmonar, ou seja, se tem alguma insuficiência (regurgitação) ou não…

    Obrigada

  5. Fiz a cirurgia de correção total aos 2 anos. Faço acompanhamento desde então, tendo feito um cateterismo com 10 anos e outro aos 23 (implantando um stent)…
    Não pude ser um jogador de futebol como era o meu sonho de criança, mas brinquei muito, corri muito e me machuquei tanto quanto as outras crianças da rua… tive uma infância com restrições, mas MUITO feliz. Hoje tenho 32 anos, sou casado com a mulher da minha vida, tenho um bom emprego e até já escrevi um livro, um romance, que foi publicado…

    Faço acompanhamento todo ano, será assim para sempre… e estou aqui para dizer a todos vocês que é possível viver bem, é possível realizar coisas e quando essas crianças se tornarem adultas, elas serão muito gratas à vocês, pais e mães, assim como sou com os meus… Além do conhecimento abençoado dos médicos, é da misericórdia de Deus, é a força de vocês, pais e mães, que nos garante uma nova chance de viver.

  6. Deus abençoe cada um que tem Tetralogia de fallot, já fez cirurgia ou vai fazer 🙏
    Em.2006 nasceu minha primeira filha, tão desejada, tão sonhada… nasceu com Tetralogia de fallot, com 5 meses fez a primeira cirurgia, a blalok o dr falou q com 1 ano e 5 meses faria a correção total do coração, mas depois da cirurgia, da última, da correção total ela não aguentou, Deus a levou pra glória… hoje sei q a medicina avançou muito, e isso é mto bom , acho q se fosse agora ela teria mais chance de sobreviver…

  7. Estou gestante de 33 semanas, descobri a tetralogia de fallot com 28 semanas em uma eco de rotina.
    Agora estou com o coração apertado e preocupada, pois não sei o que nos aguarda.
    Más confesso que Deus está junto comigo o tempo todo, e creio na recuperação da minha princesa Heloísa Victória.

    1. Olá, a minha filha nasceu em novembro de 2017, descobri que tinha tetralogia de Fallot às 30 semanas de gestação. Fez duas cirurgias, uma antes dos 2 meses e a corretiva com 16 meses. Houve momentos de muita ângustia entre as duas cirurgias, mas entreguei tudo a Deus, afinal eu não conseguia controlar nada. Hoje tem 5 anos e é uma menina super enérgica, feliz, comunicativa… ninguém acredita que tem uma cardiopatia. Quem soube da situação dela desde o nascimento diz que ela é um verdadeiro milagre de Deus! E é, dou graças a Deus pelo que fez e faz por ela todos os dia!
      Vou orar pela sua menina. Espero que esteja tudo bem!

  8. Descobrir a Tetralogia de Fallot no meu filho com 9 dias de nascido, como o quadro dele era estável ( não tinha crises) , resolvemos fazer a cirurgia com 11 meses de idade, levou vida normal até Abril /22 com 11 anos , Ele fez uma nova cirurgia para troca de válvula dia 28/09/22, e a recuperação estar sendo tranquila.

  9. Descobrir a Tetralogia de Fallot no meu filho com 9 dias de nascido, como o quadro dele era estável ( não tinha crises) , resolvemos fazer a cirurgia com 11 meses de idade, levou vida normal até Abril /22 com 11 anos , quando começou sentir ardumes e palpitações na região do peito , e cansaço , após avaliação foi recomendado fazer cirurgia para troca de válvula ( quando ele fez cirurgia com 01 ano de idade o médico falou que poderia acontecer essa troca de válvula quando ele tivesse a idade de 11/12 anos), Ele fez a cirurgia para troca de válvula dia 28/09/22 , hoje ele estar em recuperação na UTI ( BIOCOR- NOVA LIMA – BH) , graças a Deus estar se recuperando bem.

    1. Oi Manuel, tudo bem?
      Desculpe a pergunta, mas como minha filha nasceu com estenose pulmonar, que é um dos defeitos da tetralogia de fallot, tenho uma pergunta. O médico disse quanto tempo dura a válvula, daqui quanto tempo terá que ser trocada?

      Obrigada

  10. Pingback: 40% das malformações congênitas são cardiopatias - Medicina News

  11. Meu bebê está com 5 meses e 8 dias. Descobri a tetralogia ainda na gestação. Estamos aguardando somente a data da cirurgia total daqui a 1 mês no máximo. Coração apertado,mas com Fé que tudo dará certo. Aquece o coração esses comentários!😍🙌

  12. Gostei muito, agradeço pelo conhecimento recebido.

  13. Meu filho fez a cirurgia logo que nasceu, 14 dias, a paliativa e depois com 1 ano fez a definitiva. Está com 16 anos. Mto bem!!
    Acompanhado pela cardio uma vez ao ano.

  14. Meu bebê fez a correção total da TF com 4 meses! Ele está agora com 6 meses e está super bem graças a Deus! 🙌

  15. Fui diagnósticado com a tretalogia de Fallout ao meus 6 anos por falta de atenção e fiz minha primeira cirurgia aos 20 anos, hoje fasso acompanhamento médico de 6 em 6 meses, hoje tenho 24 anos e tô sempre em recuperação devido ter operado tarde demais.

  16. Minha filha fez a cirurgia paliativa com 3 meses de vida .. Hj ela está com 1 ano e 11meses e estamos aguardando a próxima cirurgia corretiva …. 🙌

  17. Pingback: Goiana pede ajuda para parto e tratamento de filha com deficiência grave no coração

    1. Meu filho foi diagnosticado com a tetralogia de fallot, ele está com 5 dias

    2. Oi Paulo, tudo bem?
      Desculpe a pergunta, mas como minha filha nasceu com estenose pulmonar, que é um dos defeitos da tetralogia de fallot, gostaria de saber se você tem algum problema residual na valva pulmonar, ou seja, se tem alguma insuficiência (regurgitação) ou não…

      Obrigada

  20. Boas informações. Vamos ficar atentos ao coração fetal. Quatro câmaras normal não é sinal de coração sem defeitos !

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