Estudo compara o uso de ácido hialurônico e corticosteroides para tratamento do neuroma de Morton
No estudo publicado no The Bone e Joint Journal, o tratamento do Neuroma de Morton com injeções de ácido hialurônico, foi comparado com a eficácia do uso de corticosteróides. A pesquisa detalha os resultados do estudo, classificado como controlado e randomizado, destacando as diferenças em termos de alívio da dor e função ao longo de 12 meses.
Neuroma de Morton: O que é?
O Neuroma de Morton é uma neuropatia compressiva, comumente localizada entre o terceiro e quarto metatarsos, resultante do espessamento do nervo interdigital. A etiologia envolve irritação crônica ou trauma repetitivo, levando à fibrose perineural e à inflamação.
Clinicamente, os pacientes apresentam dor neuropática aguda na região plantar do antepé, associada a parestesias, sensação de queimação ou choque elétrico, exacerbada pela compressão ou uso de calçados apertados. O diagnóstico é predominantemente clínico, com o sinal de Mulder positivo e doloroso, auxiliado por exames de imagem, como ecografia ou Ressonância Magnética.
Tratamentos disponíveis para o neuroma de Morton
O manejo do neuroma de Morton é gerenciado em etapas, inicialmente através de tratamentos conservadores. Contudo, quando existe falha no tratamento inicial, procedimentos cirúrgicos abertos e minimamente invasivos podem ser recomendados, como a excisão do neuroma e a crioablação.
Tratamentos conservadores
Nesta etapa inicial, a abordagem é voltada para técnicas não invasivas, incluindo a utilização de palmilhas, medicações anti-inflamatórias ou intervenções como infiltrações locais com injeções de corticosteroides.
Tratamento com corticosteróide
O manejo do Neuroma de Morton com injeções de corticosteroides, como triamcinolona ou metilprednisolona, é considerada uma abordagem conservadora eficaz para aliviar a dor neuropática causada pela compressão do nervo interdigital, pelo seu auto poder anti-inflamatório.
A injeção é feita diretamente no espaço intermetatarsal, reduzindo a inflamação e o edema perineural, o que diminui a pressão sobre o nervo e proporciona alívio dos sintomas.
Embora uma ou duas injeções possam oferecer alívio de curto a médio prazo, o uso prolongado deve ser cauteloso devido a possíveis complicações, como atrofia da gordura plantar e instabilidade articular.
Tratamento com ácido hialurônico
Assim, diante da eficácia do uso dos anti-inflamatórios injetáveis, questionou-se a utilização do ácido hialurônico como possível tratamento do neuroma de Morton.
Classificado como um glicosaminoglicano não protéico e não sulfatado, desempenha um papel importante na biomecânica fisiológica do líquido sinovial, na lubrificação e elasticidade. Já utilizado no tratamento de pacientes com osteoartrite degenerativa, alguns estudos já demonstraram benefícios do uso do ácido hialurônico em patologias extra-articulares do pé e tornozelo.
Objetivo do estudo
O uso de infiltração de ácido hialurônico guiada por ultrassom foi detalho no estudo publicado pelo The Bone e Joint Journal como opção precoce no tratamento do neuroma de Morton.
O estudo foi realizado pelo Instituto Prevent Senior, localizado em São Paulo, incluindo o médico Dr. Gabriel Ferraz de Ferreira, coordenador do curso de Artroscopia Básica do Tornozelo no Cetrus, centro de referência para o aprendizado de conteúdos e técnicas médicas.
Assim, sendo o primeiro estudo nesta área desenvolvido no Brasil, teve como objetivo comparar os resultados clínicos de uma injeção de ácido hialurônico guiado por ultrassom com um padrão semelhante de tratamento com corticosteroides, em pacientes com Neuroma de Morton.
Metodologia
No estudo, os pacientes diagnosticados com neuroma de Morton através do exame clínico e confirmado pelos exames de imagem, foram divididos em dois grupos:
O primeiro grupo recebeu tratamento com injeções guiadas por ultrassom de ácido hialurônico. Já o grupo controle, recebeu injeções com o tratamento padrão de corticosteróides. Além das injeções, os grupos foram avaliados através de uma escala de dor subjetiva (VAS).
As medidas dos resultados foram registradas antes de iniciar os procedimentos, um, três, seis e 12 meses depois. Elas revelam que o grupo que utilizou as injeções de ácido hialurônico não obtiveram nenhuma reação adversa em comparação ao grupo controle, onde alguns doentes apresentaram complicação local em relação à descoloração da pele. Contudo, nenhum paciente em ambos os grupos foram submetidos a cirurgia durante o período de seguimento de um ano.
Resultados
Ácido Hialurônico x Corticosteroide: Qual a melhor opção para o neuroma de Morton?
Ao final do estudo, os autores observaram que a infiltração com três injeções semanais de corticosteroides levou a um alívio da dor e resultados significativamente melhores dos pacientes até um ano após o tratamento, em comparação com o mesmo padrão de injeções de ácido hialurônico. Desta forma, podemos compreender do estudo que:
- Corticosteroide são mais eficaz no curto prazo: As injeções de corticosteroide proporcionaram alívio da dor e melhora da função do pé mais rapidamente, especialmente nos primeiros seis meses.
- Ácido hialurônico proporciona menos efeitos colaterais: O ácido hialurônico não apresentou efeitos colaterais significativos, enquanto o corticosteroide causou leve descoloração da pele em alguns pacientes.
- Ambos os tratamentos eficazes a longo prazo: Após 12 meses, tanto o ácido hialurônico quanto o corticosteroide mostraram melhora significativa da dor e da função do pé.
Tendo em vista os resultados encontrados, as injeções de corticosteroides mostraram resultados funcionais e analgésicos com maior relevância estatística no tratamento do neuroma de Morton. Desta forma, devem ser consideradas como a primeira opção de tratamento injetável, sendo a única indicação para o uso de injeções com ácido hialurônico, pacientes nos quais o uso de corticosteroides esteja contraindicado.
Acesse o artigo
A leitura na íntegra do artigo proporciona uma análise detalhada dos resultados e implicações para a prática clínica e pesquisa, abordando de forma abrangente os dados coletados e discutindo como eles podem influenciar futuras investigações e estratégias de intervenção.







