Tudo sobre a avaliação do Colo Uterino no 2º Trimestre e Predição de Parto Prematuro
Conheça a importância de se realizar a avaliação pelo USG do colo uterino no 2º trimestre de gestação e como pode ser feito para evitar o parto prematuro.
A avaliação do colo uterino no 2º trimestre da gravidez é uma parte importante do acompanhamento pré-natal, especialmente para a identificação de fatores de risco de parto prematuro. O colo uterino é a porção inferior do útero que se conecta com a vagina. Ele desempenha um papel crucial durante a gravidez, uma vez que permanece fechado para manter o feto no útero e se dilata durante o trabalho de parto.
A predição de parto prematuro envolve a avaliação de diversos fatores, incluindo o comprimento e a consistência do colo uterino. O parto prematuro ocorre quando o parto acontece antes das 37 semanas de gestação completas, o que pode aumentar o risco de complicações para o recém-nascido.
Exame de ultrassonografia na avaliação obstétrica
O exame de ultrassonografia é de grande importância na prática da ginecologia e obstetrícia. De forma rápida e prática, sem expor o paciente à radiação, e de baixo custo, é possível obter informações importantes sobre o útero, aparência do endométrio, miométrio, colo uterino, ovário, trompas de falópio. E bem como avaliar a presença de massas ou alterações importantes.
No caso da gestação em específico, entre os exames de triagem solicitados para pacientes grávidas, está a ultrassonografia. Um é realizado no primeiro trimestre. Este pode ser feito entre 7 e 10 semanas a fim de se obter informações sobre a gravidez ou entre a 11 e 14, o que é mais comum, para avaliar a translucência nucal.
O segundo exame de triagem é feito no 2º trimestre, entre a 18 e 20 semanas de gestação a fim de avaliar o desenvolvimento fetal, como a situação da placenta, cordão umbilical e comprimento cervical.
Exames ultrassonográficos no 3º trimestre não são tão comuns. Geralmente é apenas indicado à pacientes que têm um alto risco de gestação.
Predição de parto prematuro
Consideramos parto prematuro aqueles em que o nascimento acontece antes de 37 semanas completas de gestação. Eles são responsáveis por altos índices de morbimortalidade neonatal, o que requer uma atenção especial para causas que podem ser evitadas.
Fatores de risco de prematuridade
Existem muitos fatores de risco para o parto prematuro espontâneo e faz parte das consultas pré-natais e de aconselhamento gestacional tentar minimizá-los, como é o caso de fatores comportamentais, como:
- Tabagismo e uso de substâncias ilícitas
- Estresse excessivo, falta de apoio social
- Falta de pré-natal
- Desnutrição
- Atividades físicas exageradas e ocupacionais indevidas.
Entretanto, existem alguns outros fatores de risco que não dão para evitá-los antes da gestação, mas que é preciso estar atento durante todo o período que a mulher estiver grávida, a fim de evitar a prematuridade. São eles:
- Gestação multifetal na gravidez atual
- Colo do útero curto ou dilatado no meio do trimestre
- Conização prévia com bisturi a frio ou excisão eletrocirúrgica em loop
- Anomalia uterina congênita (septada, bicornea, unicornada, útero didelfo)
- Sangramento vaginal (uterino) no início da gravidez
- Dilatação prévia e curetagem
- Leiomioma uterino
- Pólipo cervical
- História pessoal de parto prematuro na mãe
- História familiar de parto prematuro na linhagem materna.
É por isso que é importante fazer acompanhamento adequado e os exames de triagem neonatal.
Quais as indicações do exame de ultrassonografia no 2º trimestre?
Segundo o Dr. Shipp (2023), o exame de triagem ultrassonográfico em mulheres que se encontram no 2º trimestre de gestação tem por objetivo auxiliar no rastreamento de anormalidades e avaliação da situação do feto e do corpo da mãe. Entre algumas possibilidades diagnósticas, temos:
- Avaliação da anatomia fetal
- Estimativa da idade gestacional e avaliação do crescimento fetal
- Avaliação de sangramento vaginal, dor abdominal ou pélvica
- Comprimento cervical
- Suspeita de descolamento prematuro da placenta
- Suspeita de anormalidades no líquido amniótico
- Marcadores bioquímicos
- Avaliação de ruptura pré-parto de membranas ou trabalho de parto prematuro
- Avaliação/acompanhamento da aparência e localização da placenta, incluindo suspeita de placenta prévia, vasa prévia e placenta anormalmente aderente.
Ou seja, de situações que podem levar a uma complicação no parto ou que podem indicar um parto prematuro, como é caso de placenta prévia, descolamento de placenta, comprimento cervical curto.
Avaliação do colo uterino no 2º trimestre de gestação
Durante o 2º trimestre da gravidez, geralmente entre a 18ª e a 24ª semana, o colo uterino é avaliado em busca de sinais que possam indicar um risco aumentado de parto prematuro. Isso é feito através de ultrassonografia transvaginal.
O comprimento do colo uterino é um indicador importante. Um colo uterino curto (geralmente considerado com menos de 25 mm) no 2º trimestre está associado a um risco aumentado de parto prematuro, uma das principais causas de morbidade e mortalidade neonatal. Isso ocorre porque um colo uterino mais curto pode não ser tão eficaz em manter o feto no útero.
Se for identificado um risco aumentado de parto prematuro com base na avaliação do colo uterino, o médico pode recomendar intervenções como repouso, restrição de atividade física e uso de medicamentos para inibir as contrações uterinas. Geralmente é indicado fornecer suplementação por via vaginal de progesterona ou realizar uma cerclagem a fim de prolongar a gestação.
Etiologia do encurtamento cervical
Ainda não se sabe as causas específicas para que ocorra o encurtamento do colo uterino. Algumas suposições considera que esse encurtamento seja decorrente de:
- Hiperdistensão uterina
- Insuficiência cervical congênita ou adquirida
- Hemorragia decidual
- Infecções
- Inflamações
- Variações biológicas.
Pós-Graduação Lato Sensu em Ultrassonografia Obstétrica, Morfológica e Doppler
As ultrassonografias obstétrica e morfológica são exames fundamentais no acompanhamento do desenvolvimento do feto. Com ele é possível analisar toda a saúde do feto e da gestante, prevendo problemas de saúde, evitando partos prematuros e mais.
Se você é médico e gostaria de aprimorar seus conhecimentos técnicos em USG obstétrica, morfológica e doppler, seu momento chegou. A Cetrus possuí um curso de pós graduação incrível em que vai te ajudar a sair dominando o assunto.
Referências
- BERGHELLA, V. Short cervix before 24 weeks: Screening and management in singleton pregnancies. UpToDate, 2023
- MACKENZIE, A. P.; STEPHENSON, C. D.; FUNAI, E. F. Prenatal assessment of gestational age, date of delivery, and fetal weight. UpToDate, 2023
- MANDY, G. T. Preterm birth: Definitions of prematurity, epidemiology, and risk factors for infant mortality. UpToDate, 2023
- ROBINSON, J. N.; NORWITZ, E. R. Spontaneous preterm birth: Overview of interventions for risk reduction. UpToDate, 2023
- ROBINSON, J. N.; NORWITZ, E. R. Spontaneous preterm birth: Overview of risk factors and prognosis. UpToDate, 2023
- SHIPP, T. D. Overview of ultrasound examination in obstetrics and gynecology. UpToDate, 2023
Assista ao vídeo sobre avaliação do colo uterino no 2º trimestre de gestação
A prematuridade é hoje um dos principais fatores responsáveis pela ocupação dos leitos de UTI neonatal em todo o mundo. Estima-se que mais de 1 milhão de crianças vão a óbito em consequência de eventos relacionados ao parto prematuro, e é por isso que hoje nós estamos aqui para falar um pouco mais sobre esse assunto.
O Dr. Eduardo Becker, professor do Cetrus e especialista em Medicina Fetal, nos concedeu uma breve entrevista onde ele responde algumas das nossas principais dúvidas referentes ao papel da avaliação ultrassonográfica do colo uterino no segundo trimestre e a predição de risco de prematuridade. Confira e aproveite esta oportunidade de atualização em um tema que é extremamente relevante!
Conheça mais sobre os médicos do vídeo
Dr. Eduardo Becker
Mestrado em Medicina: Ciências Médicas e Doutorado em Medicina: Ciências Médicas pela pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
Fellowship na Thomas Jefferson University, na Filadélfia (EUA).
Dra. Winnie Nunes
Médica com Residência em Ginecologia Obstetrícia;
Título de Especialista em Ultrassonografia Geral pelo Colégio Brasileiro de Radiologia- CBR.
Confira curriculum completo
Dr. João Fidêncio Barreto Campos
Médico Ultrassonografista Geral;
Membro do Núcleo Técnico de Conteúdo do Cetrus.
Tenho interesse…. não tem o curso on line….
https://www.cetrus.com.br/cursos/ead/colo-e-prematuridade-online
O link está aí acima também, logo abaixo da aula.
😊
Gostei muito! Clareza e síntese!
Muito bom.
Parabéns pela entrevista
Muito bom. Gostei da entrevista.