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Conheça os tipos de disfunção sexual

Conheça as principais disfunções que afetam homens e mulheres e como diagnosticá-las

É um dado comumente visto que 40 a 50% das pessoas sofrerão com alguma disfunção sexual ao longo da vida. Mas o que exatamente isso significa? Para considerarmos que uma pessoa possui uma disfunção sexual ela precisa apresentar “uma perturbação clinicamente significativa na capacidade de […] responder sexualmente ou de experimentar prazer sexual”, explica o DSM-V (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª edição).

Normalmente, é preciso que a pessoa apresente o quadro por mais de seis meses, causando sofrimento pessoal ou do casal e de modo persistente ou recorrente. Saiba mais sobre elas:

Como classificar as disfunções sexuais

O DSM recomenda o uso de subtipos que designam o início da dificuldade:

  • Primária: chamada também de “ao longo da vida” pelo DSM, representam pacientes que sempre apresentaram a disfunção;
  • Secundária: chamada pelo DSM de “disfunção adquirida”, designa os que se iniciaram após algum tempo de função sexual satisfatória;
  • Generalizada: casos em que o problema ocorre em todas as relações sexuais do paciente;
  • Situacional: ocorre em determinada situação, com certa parceria ou após algum tipo específico de estimulação.

É importante perceber também em qual fase do ciclo sexual o paciente manifesta seus sintomas, se mais precocemente ou perto do final. E se o sofrimento causado pelo problema é:

  • Leve
  • Moderado
  • Grave

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Principais disfunções sexuais

As disfunções sexuais apresentadas pelas mulheres são:

Transtorno do Interesse/Excitação Sexual Feminino

É preciso que a paciente apresente ao menos três dos seguintes sintomas para se diagnosticar este quadro:

  1. Ausência ou redução do interesse pela atividade sexual.
  2. Ausência ou redução dos pensamentos ou fantasias sexuais/eróticas.
  3. Nenhuma iniciativa ou iniciativa reduzida de atividade sexual e, geralmente, ausência de receptividade às tentativas de iniciativa feitas pelo parceiro.
  4. Ausência ou redução na excitação/prazer sexual durante a atividade sexual em quase todos ou em todos (aproximadamente 75 a 100%) os encontros sexuais (em contextos situacionais identificados ou, se generalizado, em todos os contextos).
  5. Ausência ou redução do interesse/excitação sexual em resposta a quaisquer indicações sexuais ou eróticas, internas ou externas (escritas, verbais, visuais).
  6. Ausência ou redução de sensações genitais ou não genitais durante a atividade sexual em quase todos ou em todos (aproximadamente 75 a 100%) os encontros sexuais (em contextos situacionais identificados ou, se generalizado, em todos os contextos).

É importante lembrar que o contexto interpessoal deve ser levado em conta nas avaliações do transtorno do interesse/excitação sexual feminino. Situações em que a mulher sente menos desejo para a atividade sexual que seu parceiro não são suficientes para o diagnóstico.

Há diferentes formas do quadro se manifestar: em algumas mulheres, ele poderá ser expresso como falta de interesse pela atividade sexual, ausência de pensamentos eróticos ou sexuais e relutância em iniciar a atividade sexual e em responder aos convites sexuais do parceiro. Em outras, as características principais podem ser a incapacidade para ficar sexualmente excitada e para responder aos estímulos sexuais com desejo e a ausência correspondente de sinais de excitação sexual física.

Transtorno do Orgasmo Feminino

Esse quadro é caracterizado por retardo ou infrequência acentuados ou ausência de orgasmo ou mesmo uma intensidade muito reduzida de sensações orgásmicas em ao menos 75% de suas relações sexuais por mais de seis meses. É importante, de acordo com o DSM-V, explicar se a paciente nunca experimento um orgasmo em nenhuma situação.

Para haver o diagnóstico do transtorno, é preciso que a paciente apresente sofrimento clinicamente significativo. Em muitos casos de problemas de orgasmo, as causas são multifatoriais ou não podem ser determinadas. Se o transtorno do orgasmo feminino for mais bem explicado por outro transtorno mental, pelos efeitos de uma substância ou medicamento ou por uma condição médica, então não se aplica o diagnóstico de transtorno do orgasmo feminino.

Já os homens podem apresentar os seguintes quadros:

Ejaculação Retardada

O paciente deve apresentar retardo acentuado, baixa frequência marcante ou ausência de ejaculação em ao menos 75% de suas relações sexuais por mais de seis meses, a despeito da presença de estimulação sexual adequada e do desejo de ejacular. Normalmente o diagnóstico é feito a partir do relato do paciente.

É considerada uma queixa menos comum, mas pode impactar a autoestima do homem e também de sua parceria, que tende a sentir-se pouco atraente.

Transtorno Erétil

Para considerarmos que um homem tem transtorno erétil, ele precisa apresentar dificuldade acentuada em obter ereção durante ou até o final da atividade sexual ou uma diminuição relevante na rigidez erétil. Isso em ao menos 75% de suas relações sexuais por mais de seis meses.

Muitos homens com transtorno erétil podem apresentar baixa autoestima, baixa autoconfiança e senso diminuído de masculinidade, além de afeto deprimido. Podem ocorrer situações de medo e/ ou evitação de futuros encontros sexuais. Satisfação sexual diminuída e desejo sexual reduzido na parceira do indivíduo são eventos comuns.

Ejaculação Prematura (Precoce)

O quadro consiste em um padrão persistente ou recorrente de ejaculação que ocorre durante a atividade sexual com parceira dentro de aproximadamente um minuto após a penetração vaginal e antes do momento desejado pelo indivíduo. Também pode ocorrer antes mesmo da penetração. O DSM ressalta que embora o diagnóstico também possa ser aplicado a indivíduos envolvidos em atividades sexuais não vaginais, não há critérios específicos para o tempo de duração dessas atividades.

Muitos homens com queixa de ejaculação prematura (precoce) queixam-se de uma sensação de falta de controle sobre a ejaculação e demonstram apreensão a respeito da incapacidade prevista para retardar a ejaculação em futuros encontros sexuais.

Transtorno do Desejo Sexual Masculino Hipoativo

Esse transtorno ocorre quando o homem apresenta pensamentos ou fantasias sexuais/eróticas e desejo para atividade sexual deficientes (ou ausentes) de forma persistente ou recorrente por mais de seis meses. O julgamento da deficiência é feito pelo clínico, levando em conta fatores que afetam o funcionamento sexual, tais como idade e contextos gerais e socioculturais da vida do indivíduo.

Como nas mulheres, uma discrepância de desejo em relação à parceria não é suficiente para diagnosticar esse quadro.

Ambos os sexos podem ter os seguintes transtornos:

Transtorno da Dor Gênito-pélvica/Penetração

Ocorre quando o paciente apresenta dificuldades uma ou mais das seguintes situações:

  1. Penetração vaginal durante a relação sexual;
  2. Dor vulvovaginal ou pélvica intensa durante a relação sexual vaginal ou nas tentativas de penetração;
  3. Medo ou ansiedade intensa de dor vulvovaginal ou pélvica em antecipação a, durante ou como resultado de penetração vaginal;
  4. Tensão ou contração acentuada dos músculos do assoalho pélvico durante tentativas de penetração vaginal.

Às vezes, o desejo e o interesse são preservados em situações sexuais que não são dolorosas e não exigem penetração. Mesmo quando mulheres com o transtorno relatam interesse ou motivação sexual, com frequência há um comportamento evitativo de situações e de oportunidades sexuais. Evitar exames ginecológicos, a despeito de recomendações médicas, também é uma atitude frequente.

Disfunção Sexual Induzida por Substância/Medicamento

Ocorre quando o paciente apresenta uma perturbação clinicamente significativa na função sexual é predominante no quadro clínico e há evidências a partir da história, do exame físico ou de achados laboratoriais de que os sintomas se desenvolveram durante ou logo após intoxicação ou abstinência de alguma substância ou após exposição a um medicamento e que a substância ou medicamento envolvido é capaz de produzir os sintomas.

A prevalência e a incidência de disfunção sexual induzida por substância/medicamento não são muito claras, em razão da falta de informações sobre os efeitos colaterais sexuais dos tratamentos. Em geral, os dados sobre o caso referem-se aos efeitos de medicamentos antidepressivos.

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Fontes:

DSM-V