Estudos mostram que biópsia prostática é mais indicada transperineal do que transretal
Entenda porque a primeira técnica tem sido mais usada e porque é importante saber como realizá-la
Há algum tempo a comunidade científica vem debatendo as biópsias transretais e transperineais, visando entender melhor quais são mais seguras para o paciente. Um estudo publicado em agosto de 2020 na revista Nature (https://www.nature.com/articles/s41391-020-0263-x), por exemplo, demonstrou que os procedimentos feitos via reto resultaram em mais complicações infecciosas e internações hospitalares do que via períneo, com taxas semelhantes de reapresentação e retenção urinária.
Já um position paper publicado pela Associação Europeia de Urologia em janeiro de 2021 na revista European Urology revisou sete estudos e mostrou uma redução de 95% de complicações por infecção quando usada a biópsia transperineal. Hoje, a biopsia de próstata transretal é bastante feita no Brasil, com uma média de quase 42 mil procedimentos ao ano entre 2011 e 2021, conforme dados do DataSUS.
Uma via mais segura para realizar o procedimento
Isso ocorre porque o reto, apesar de já ser um orifício e facilitar a inserção da agulha, tem maior potencial de estar contaminado por bactérias. Pela via transperineal, não há contato com regiões possivelmente contaminadas. Essa abordagem reduz o risco de sepse para 1 em 500, em vez do risco aproximado de 1 a 2 em 100 de sepse relacionado à biópsia transretal.
O procedimento de biopsia transperineal também costuma ser guiado por ultrassonografia e tem como vantagem ainda observar melhor a próstata anterior, mais difícil de ser acessada via transretal. Isso reduz a chance de que algum tumor não seja detectado, já que 10 a 20% deles se encontram nessa região.
Esse procedimento é indicado a qualquer tipo de paciente, mas especialmente nas seguintes situações:
- História de infecção após biópsia transretal anterior;
- História de prostatite;
- Doença inflamatória intestinal;
- Complicações hemorrágicas retais após biópsia prévia;
- Biópsia transretal anterior negativa com suspeita de tumor de próstata anterior.
Biopsia transperineal aos poucos se torna método de eleição
Em novembro de 2019, a Mayo Clinic, clínica de referência nos Estados Unidos, declarou ter deixado de realizar a técnica transretal em sua unidade de Rochester. “A Mayo Clinic é um dos poucos centros na região que realizam grandes volumes de biópsia transperineal. Essa abordagem ajuda a diagnosticar com precisão as complicações infecciosas ameaçadoras associadas à biópsia da próstata. Ela fornece bom rendimento diagnóstico e é particularmente adequada para pacientes com infecções prévias complicações”, diz o Dr. Derek J. Lomas, urologista da instituição.
Vemos que cada vez mais países europeus também preferem aplicar esse método como primeira escolha. Mas o que torna essa alteração mais lenta é a necessidade de anestesia geral e uma curva de aprendizado mais demorada.
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Referências bibliográficas
- Roberts, M.J., Macdonald, A., Ranasinghe, S. et al. Transrectal versus transperineal prostate biopsy under intravenous anaesthesia: a clinical, microbiological and cost analysis of 2048 cases over 11 years at a tertiary institution. Prostate Cancer Prostatic Dis 24, 169–176 (2021).
- Ultrasound-guided transperineal prostate biopsy. Mayo Clinic. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/medical-professionals/urology/news/ultrasound-guided-transperineal-prostate-biopsy/mac-20473283. Acessado em: 08/09/2022
- Brasil, Ministério da Saúde. Banco de dados do Sistema Único de Saúde-DATASUS. Disponível em http://www.datasus.gov.br Acessado em: 08/09/2022
Boa tarde!
Gostaria de saber se esse procedimento serve para quem tem fístula perianal?