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Como aplicar os descritores do Grupo IOTA?

Conheça como aplicar os descritores e as classificações do grupo IOTA na avaliação de tumores ovarianos. Acesse e fique por dentro do assunto!

O Grupo Internacional de Análise de Tumores Ovarianos (IOTA – International Ovarian Tumor Analysis Group) é um grupo de pesquisa médica que se concentra na padronização e aprimoramento da avaliação de tumores ovarianos e na definição de critérios diagnósticos mais precisos para esses tumores.

O principal objetivo do Grupo IOTA é melhorar a precisão do diagnóstico de tumores ovarianos, especialmente através de métodos de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética. O diagnóstico de tumores ovarianos pode ser complexo devido à variedade de tipos de tumores e suas características variáveis.

O que é o IOTA?

Uma das etapas mais importantes na evolução do conhecimento médico, é a padronização internacional das definições que envolvem um determinado tema ou doença, incluindo nomenclatura e classificação. Na literatura médica, se observa com grande destaque, os trabalhos publicados pelo Group International Ovarian Tumor Analysis (IOTA), criado em 1999 por três pesquisadores, Dirk Timmernam (Universidade Católica da Bélgica), Lil Valentin (Universidade de Lund, Suécia) e Tom Bourne (Imperial College, Inglaterra).

Composto por uma equipe multidisciplinar, com integrantes de diversas áreas, como ginecologistas, oncologistas, radiologista, físicos, engenheiros e estatísticos, o IOTA tem estudado ao longo desses últimos 20 anos as massas anexiais e possibilitou, por meio da medicina baseada em evidências, a padronização internacional de nomenclaturas e classificações referentes às imagens anexiais. Dessa maneira, médicos distintos, com níveis diferentes de experiência podem “falar a mesma língua”, sendo esta forma mais completa e efetiva do que descrições genéricas como cistos simples e cistos complexos.

Descritores ultrassonográficos com base no IOTA

Os descritores utilizados para analisar uma massa anexial, de acordo com o grupo IOTA são: 

  • Lesão anexial
  • Conteúdo do cisto
  • Paredes internas e externas
  • Vascularização – índice de cor (IC)
  • Ascite

Confira cada um desses abaixo: 

Lesão anexial

Quanto à lesão anexial, pode ser classificado em nódulos (mais de 80% de parte sólida) ou cistos. Se cistos, ele deve ser classificado em:

  • Unilocular: um único compartimento. Não possui parte sólida.
  • Multilocular: dois ou mais lóculos, mas sem a presença de áreas sólidas.
  • Unilocular sólido: um lóculo e uma área sólida.
  • Multilocular sólido: mais de um lóculo e mais de uma área sólida. 

Conteúdo do cisto

Quanto ao tipo de conteúdo do cisto, o achado pode ser anecóico (ausência de debris) ou de conteúdo espesso. Caso ele seja do último tipo, ele deve ser classificado em:

  • Hemorrágico: aspectos de sangue e/ou coágulos. Tem debris e estes podem estar organizados tipo “favo de mel”, “estrela”, “geléia”. É característico do corpo lúteo hemorrágico. 
  • Vidro fosco: presença de debris coesos. É característico de endometrioma. 
  • Baixa ecogenicidade: com debris. Conteúdo característico de ciscos mucinosos. 
  • Misto: é característico de teratoma ou abscesso ou nível líquido. 

Paredes 

Chamados de parede interna o contorno de um cisto. E de parede externa, o contorno de nódulos sólidos. Ambas paredes podem ser lisas ou irregulares.  

Vascularização

Podem ser descritos como: 

  • Sem fluxo detectável: IC 1
  • Fluxo mínimo: IC 2
  • Fluxo moderado: IC 3
  • E Fluxo intenso: IC 4. 

Ascite

É a presença de líquido fora do saco de Douglas. Pode ou não estar presente. 

Classificação de IOTA: critérios de malignidade e benignidade

Existe o que chamamos de Regras Simples da IOTA em que é possível determinar a probabilidade de malignidade uma massa anexial. Os tumores podem ser classificados em benignos e malignos através de indicadores e características ultrassonográficas. 

Tumor Benigno, chamado de características B, possuem as seguintes características:

  • Cisto unilocular de qualquer tamanho
  • Componentes sólidos ou com menos de 7mm de diâmetro
  • Presença de sombra acústica
  • Cisto multilocular liso com menos de 10cm de diâmetro
  • Ausência de fluxo sanguíneo.

O tumor malígno são considerados aqueles que possuem as características M, que são:

  • Tumor sólido irregular
  • Ascite
  • Pelo menos quadro estruturas papilares
  • Tumor sólido multilocular irregular, maior diâmetro acima de 10cm
  • Fluxo de cor muito forte. 
Regra Simples de IOTA – Características B benignas e características M malignas. Fonte: PATEL, 2023,UpToDate

Leia também: “Como diagnosticar e manejar casos de cistos funcionais do ovário” 

Se capacite em massas anexiais e IOTA

A existência de descritores e classificações oficiais colaboram para que o profissional não cometa erros ao laudar uma ultrassonografia. Para dominar o diagnóstico e identificação das massas anexiais e a IOTA, conheça nosso curso EaD sobre o tema. 

Com ele o médico estará apto para colocar na prática clínica diária a sistemática completa do grupo IOTA sobre as imagens anexiais, incluindo descrição, classificação, avaliação do risco de malignidade. Além disso, saberá reconhecer os principais diagnósticos diferenciais. Conheça o curso EAD Massas Anexiais e IOTA do Cetrus. Conheça as outras opções de capacitação:

Referências

  1. BARRA DA, JORGE NG, CONDÉ EF. Massas anexiais: descrição e interpretação ultrassonográfica por IOTA. Femina. 2021;49(1):6-11
  2. FEBRASGO. Tratado de ginecologia. Editores: César Eduardo Fernandes, MArcos Felipe Silva de Sá; Coordenação: Agnaldo Lopes da Silva Filho…[et al.]. – 1.ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. 
  3. PATEL, M D. Adnexal mass: Ultrasound categorization. UpToDate, 2023
  4. VINAGRE, C. R.; CUNHA, T. M. Diagnóstico ecográfico de tumores anexiais: modelo do Grupo Internacional Ovary Tumor Analysis (IOTA) versus Classificação Gynecologic Imaging Report and Data System (GI-RADS). ACTA RADIOLÓGICA PORTUGUESA. Janeiro-Abril 2015 nº 10

Assista a videoaula e analise as imagens ultrassonográficas

Abaixo o Dr. Paulo Cozar apresenta uma aula de revisão sobre os principais descritores utilizados para lesões anexiais.

Conheça mais sobre o médico do vídeo

Dr. Paulo Cozar

Formação médica na UNINOVE;
Especialização em Clínica Medica na Santa Casa de São Paulo; Especialização em Ultrassonografia Geral no CETRUS;
Coordenador do curso de Ultrassonografia transvaginal do CETRUS – BH
Confira curriculum completo

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