Passo a passo para elaborar o laudo de um teste ergométrico

Aprenda o passo a passo para fazer o laudo de um teste ergométrico. Confira as dicas e domine a prática! 

Um teste ergométrico, também conhecido como teste de esforço ou ergometria, é um exame médico não invasivo que tem como objetivo avaliar a resposta cardiovascular do paciente ao esforço físico progressivo. 

Durante o teste, o paciente é submetido a um esforço físico gradual e controlado, geralmente em uma esteira ou bicicleta ergométrica, enquanto é monitorado de perto por profissionais de saúde.

Aspectos avaliados no teste ergométrico

O teste ergométrico é um exame que tem a finalidade de avaliar como o indivíduo se comporta ao exercício físico. Pode ser avaliada respostas:

• Clínica
• Hemodinâmica
• Autonômica
• Eletrocardiográfica
• Metabólica
• Ventilatória. 

Através delas é possível diagnosticar algumas patologias, comprometimentos cardíacos, avaliação da resposta terapêutica e prognósticos. 

Indicações para a realização do teste ergométrico

Existem algumas indicações gerais para a prescrição e realização do teste ergométrico. Segundo a  Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia Sobre Testes Ergométricos, temos: 

• Detectar isquemia miocárdica;
• Reconhecer arritmias cardíacas e distúrbios hemodinâmicos induzidos pelo esforço;
• Avaliar a capacidade funcional e a condição aeróbica;
• Diagnosticar e estabelecer o prognóstico de determinadas doenças cardiovasculares;
• Prescrever exercício;
• Avaliar objetivamente os resultados de intervenções terapêuticas;
• Demonstrar ao paciente e aos seus familiares as suas reais condições físicas;
• Fornecer dados para perícia médica. 

Recomendações específicas

Existem algumas recomendações específicas para o diagnóstico de algumas doenças cardiovasculares como a doença arterial coronária obstrutiva (DAC), p para hipertensão arterial sistêmica, valvopatias, insuficiência cardíaca e cardiomiopatias, arritmias cardíacas. Além disso, indicações específicas para sala de emergência e para indivíduos assintomáticos e atletas.

Esses detalhes e observações você vai aprender no curso de Ergometria da Cetrus. 

Nele, você aprenderá sobre eletrocardiograma, sobre o manejo e a prática do atendimento em emergências cardiovasculares e ainda conhecerá mais informações sobre as indicações e contraindicações do exame. 

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Contraindicação para a realização do teste ergométrico

As contraindicações gerais são para pacientes que apresentem:

• Embolia pulmonar;
• Enfermidade aguda, febril ou grave;
• Limitação física ou psicológica;
• Intoxicação medicamentosa;
• Distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos não corrigidos. 

Bem como as indicações, existem ainda outras contraindicações relativas e específicas que você pode aprender no nosso curso. 

Como laudar um teste ergométrico?

Elaborar um laudo de um teste ergométrico é uma tarefa importante, pois o documento resultante deve conter informações precisas e relevantes sobre a avaliação do paciente durante o exame. 

Apesar de existir uma diretriz sobre o tema, não existe um padrão que deve ser seguido. Entretanto, algumas informações não pode faltar. 

O que deve constar no laudo do teste ergométrico? 

Confira agora uma estrutura básica que deve constar no seu laudo do teste ergométrico e que pode ser seguida na elaboração do mesmo. 

Identificação

• Nome completo do paciente
• Data de nascimento
• Data e hora do teste
• Nome do médico responsável pelo exame
• Especialidade do médico

Anamnese

Breve histórico clínico do paciente, incluindo informações sobre sintomas cardiovasculares prévios, doenças conhecidas, cirurgias e outros problemas de saúde relevantes.

Motivo da solicitação

Indicação do motivo pelo qual o teste ergométrico foi solicitado, como suspeita de doença cardíaca, acompanhamento pós-tratamento, ou avaliação para liberação de atividade física, por exemplo.

Protocolo do teste

Descrição detalhada do protocolo utilizado durante o teste, incluindo informações sobre a esteira ou bicicleta ergométrica, protocolo de esforço utilizado (por exemplo, protocolo de Bruce, protocolo de Balke), duração das fases, entre outros detalhes relevantes.

Alguns dos protocolos que podem ser escolhidos são:

• Protocolo de Bruce: É um dos protocolos mais utilizados e consiste em estágios de três minutos em uma esteira ergométrica. Cada estágio tem uma inclinação e velocidade pré-determinadas, aumentando a intensidade a cada estágio. É um protocolo bastante exigente e geralmente usado em indivíduos mais jovens e em boas condições físicas.
• Protocolo de Ellestad: Também realizado em esteira ergométrica, este protocolo inclui estágios de quatro minutos, com incremento gradual da velocidade e inclinação a cada estágio. É frequentemente usado para pacientes mais idosos ou com condições médicas limitantes.
• De Balke: Este protocolo usa estágios de três minutos com uma inclinação fixa na esteira ergométrica, enquanto a velocidade aumenta a cada estágio. É considerado menos extenuante do que o Protocolo de Bruce e é frequentemente usado em pacientes mais idosos ou com limitações físicas.
• Protocolo de Naughton: É um protocolo mais suave, com estágios de três minutos e aumentos menores na velocidade e inclinação da esteira a cada estágio. É adequado para pacientes com capacidade física limitada ou aqueles em processo de reabilitação.
• Protocolo de Rampa: Neste protocolo, a intensidade do esforço aumenta de forma contínua e gradual, em uma rampa linear, até que o paciente atinja sua frequência cardíaca alvo ou apresente sintomas indicativos de interrupção do teste.

Resultados

Descrição dos resultados obtidos durante o teste, como frequência cardíaca máxima atingida, pressão arterial durante o esforço, sintomas relatados pelo paciente, tempo de duração do teste e qualquer anormalidade significativa observada durante o exame.

Sintomas e sinais como palidez, tonturas, sudorese, estafa física e dispnéia devem também ser referidos. Caso o paciente refira dor torácica, é importante caracterizá-la e informar em que momento apareceu, a intensidade, características, etc. 

Há casos em que existe a necessidade de interrupção do esforço. Alguns critérios são: 

• Elevação da pressão arterial diastólica até 120 mmHg nos normotensos;
• Elevação da PAD até 140 mmHg nos hipertensos;
• Queda persistente da PAS maior que 10 mmHg com o incremento de carga, elevação acentuada da PAS até 260 mmHg;
• Manifestação clínica de desconforto torácico, exacerbada com o aumento da carga ou que associada a alterações eletrocardiográficas de isquemia, ataxia, tontura, palidez, cianose e pré-síncope;
• Infradesnível do segmento ST de 0,3 mV ou 3mm, adicional aos valores de repouso na presença de DAC suspeita ou conhecida;
• Arritmia ventricular complexa;
• Entre outros.

Eletrocardiograma (ECG)

Análise do ECG realizado durante o teste, com descrição de ritmo cardíaco, presença de arritmias, alterações isquêmicas ou outras anormalidades eletrocardiográficas.

Os registros devem obedecer a uma sequência lógica:

• Repouso; 
• Durante cada estágio de exercício;
• Em protocolo em rampa a cada um ou dois minutos;
• Recuperação;
• Por tempo mínimo de 6 minutos;
• Na presença de arritmias, informar o momento que foi aparecido.

Conclusão

Avaliação geral dos resultados do teste ergométrico e interpretação clínica das informações obtidas. Neste ponto, o médico deve indicar se o teste foi normal ou se foram observadas alterações significativas.

Recomendações

Recomendações médicas com base nos resultados do teste. Isso pode incluir orientações sobre atividade física, necessidade de investigação adicional, ajuste de tratamento, entre outros aspectos.

Assinatura do médico

Assinatura, nome e número de registro do médico responsável pelo laudo.

Passo a passo do laudo do teste ergométrico. 

Uma super dica do nosso médico Dr. Murillo Antunes, é realizar o laudo em quatro etapa: 

1. Identificação do paciente
2. Análise do exame
3. Conclusão e comentários
4. Nome, CRM e assinatura. 

E, para a análise do exame, existem seis passos:

1. Protocolo utilizado
2. Eletrocardiograma
3. Arritmias
4. Comportamento da pressão arterial
5. Presença de sintomas
6. Motivos da interrupção e FC atingida. 

Saiba mais detalhes assistindo a aula ao final deste artigo. 

Referências

1. MENEGHELO, R.S.; ARAÚJO, C.G.S.; STEIN, R.; MASTROCOLLA, L.E.; ALBURQUERQUE, P.F.; SERRA, S.M. et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Teste Ergométrico. Arq. Bras Cardiol 2010; 95(5 supl. 1): 1-26. 
2. GUIMARÃES, J. I. et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Normatização de Técnicas e Equipamentos para Realização de Exames em Ergometria e Ergoespirometria. Arq. Bras. Cardiol 2003; 80:458-64.

Confira a videoaula sobre o assunto

O Dr. Murillo Antunes, coordenador do curso de ergometria e da Pós-graduação clínica em Cardiologia na Cetrus, traz uma discussão sobre como elaborar o laudo do teste ergométrico, falando sobre os pontos essenciais da descrição.

Conheça mais sobre o professor da aula

DR. MURILLO DE OLIVEIRA ANTUNES

> Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2014)
> Professor da Faculdade de Medicina da Universidade São Francisco (USF).
> Título de Habilitação em Ergometria DERC/AMIB
> Coordenador da Residência de Clínica Médica do Hospital Universitário São Francisco (HUSF)
> Médico Especialista em Cardiologia pelo Instituto do Coração, São Paulo (InCor-HC-FMUSP)
> Especialista em Cardiologia (Sociedade Brasileira de Cardiologia, (2007)
> Especialista em Clínica Médica (Sociedade Brasileira de Clínica Médica, (2004)

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