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Reprodução assistida: tipos de tratamento disponíveis e dicas para individualizar o atendimento

Aprenda mais sobre as opções de reprodução assistida e a importância de individualizar o tratamento de cada paciente. Boa leitura! 

A reprodução assistida vem se tornando uma área cada vez mais procurada no consultório. Segundo a Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), o setor tem uma estimativa de crescimento de, em média, 23% até o ano de 2026. Atualmente o mercado nacional movimenta R$ 1,3 bilhão e deve chegar a pouco mais de R$ 3 bilhões em 2023. 

Pensando nisso, entende-se que é de suma importância que o médico esteja familiarizado com a prática e saiba indicar a abordagem para aqueles que desejam constituir uma família, quando for oportuno. 

Por que tanta busca pela reprodução assistida?

De acordo com uma pesquisa da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (REDLARA), nos últimos anos o perfil de mulheres que buscam esse tipo de tratamento mudou bastante:

  • Em 2000, metade das mulheres que se submeteram a tratamentos de reprodução assistida tinham menos de 35 anos;
  • Em 2016 esse número caiu para 28%, enquanto o índice de mulheres com mais de 40 anos buscando por esses métodos duplicou, chegando a 31%.

A mesma pesquisa da REDLARA mostrou que, nos últimos 25 anos, 83 mil bebês brasileiros nasceram por meio de tratamentos de reprodução assistida, que incluem fertilização in vitro (FIV), inseminação artificial e transferência de embriões.

Isso torna o Brasil o país latino americano que mais realizou esse tipo de procedimento. A Argentina, segunda colocada, apresentou apenas 39 mil bebês nascidos por esses métodos — menos da metade do que o Brasil. Para a REDLARA isso ocorreu não só por sermos o país mais populoso da região, mas também porque 40% dos centros de reprodução assistida da América Latina estão por aqui, reforçando novamente a necessidade de formação de profissionais qualificados nessa área.

Entenda também: Tipos de DIU e o como identificar a melhor opção para cada paciente

Definição e contexto de reprodução assistida

Reprodução assistida refere-se a uma série de procedimentos médicos que auxiliam na concepção, gestação e nascimento de um filho quando a concepção natural não é bem-sucedida. 

É utilizada e recomendada quando casais ou indivíduos enfrentam problemas de fertilidade, como infertilidade masculina ou feminina, distúrbios hormonais, obstruções nas tubas uterinas, endometriose, entre outros.

As indicações para a realização de reprodução assistida envolvem: 

  1. Casais com infertilidade diagnosticada;
  2. Com histórico de abortos recorrentes;
  3. Mulheres que desejam adiar a gravidez;
  4. Homens com baixa contagem de espermatozoides ou qualidade do esperma;
  5. Pessoas LGBTQ+ que desejam filhos biológicos. 

A reprodução assistida geralmente envolve um acompanhamento médico rigoroso e, em muitos casos, aconselhamento psicológico para ajudar os pacientes a enfrentar os desafios emocionais.

Leia também: Como conduzir o exame do ultrassom transvaginal com excelência e dicas sobre o posicionamento do aparelho

Tratamentos de baixa complexidade 

Coito programado

O coito programado é uma técnica de reprodução assistida de baixa complexidade que pode ser recomendada a casais que enfrentam dificuldades para engravidar. 

Este procedimento envolve o planejamento cuidadoso das relações sexuais do casal para otimizar as chances de concepção, levando em consideração o ciclo menstrual da mulher.

Os passos envolvidos no coito programado envolvem, antes de tudo, realizar uma avaliação médica completa do casal para identificar possíveis causas de infertilidade, como problemas de ovulação, qualidade do esperma ou obstruções nas trompas de Falópio.

Ainda, a mulher deve ser acompanhada de perto durante seu ciclo menstrual. Isso pode envolver a utilização de ultrassonografias e exames de sangue para determinar o momento da ovulação.

Em alguns casos, podem ser prescritos medicamentos que estimulam a ovulação, a fim de aumentar a quantidade e a qualidade dos óvulos disponíveis para fertilização. Isso é especialmente útil quando há problemas de ovulação. Com base nos resultados do monitoramento, o médico ajuda o casal a identificar o período fértil da mulher, geralmente alguns dias antes da ovulação.

Durante o período fértil, o casal é aconselhado a ter relações sexuais em dias específicos e estratégicos, geralmente a cada 1-2 dias, para maximizar as chances de concepção.

Após o coito programado, o casal espera algumas semanas e, se não houver gravidez, pode ser necessário realizar um teste de gravidez. Se a concepção não ocorrer após algumas tentativas, o médico pode ajustar a abordagem ou considerar opções mais avançadas, como a inseminação intrauterina (IIU) ou a fertilização in vitro (FIV).

Inseminação artificial (intrauterina)

A inseminação artificial intrauterina (IIU) é uma técnica de reprodução assistida que envolve a introdução direta de esperma de alta qualidade no útero da mulher, geralmente durante o período de ovulação.

Aqui, determinar a causa da infertilidade também é muito importante. Perguntas norteadoras devem ser feitas: como é a permeabilidade das trompas de Falópio? Como é a qualidade do esperma do parceiro?

Em caso de ser a causa de infertilidade atribuída à mulher, ela pode ser submetida a um tratamento para estimular a ovulação, a fim de aumentar o número de óvulos disponíveis para fertilização. Isso pode envolver o uso de medicamentos indutores da ovulação.

O esperma do parceiro ou de um doador é coletado e preparado em um laboratório de reprodução assistida. Durante a preparação, os espermatozoides de alta qualidade são separados do sêmen, eliminando as impurezas e substâncias indesejadas.

Uma vez que a mulher esteja no momento da ovulação, o esperma preparado é introduzido diretamente no útero da mulher através de um cateter fino e flexível. Isso é geralmente um procedimento indolor e rápido, realizado no consultório médico.

Após a IIU, a mulher deve realizar um acompanhamento cuidadoso para verificar se a concepção ocorreu. Em alguns casos, podem ser prescritos medicamentos de suporte, como progesterona, para aumentar as chances de implantação do embrião.

Em alguns casos, podem ser prescritos medicamentos de suporte, como progesterona, para aumentar as chances de implantação do embrião. Após cerca de duas semanas da IIU, a mulher realiza um teste de gravidez para confirmar se a inseminação foi bem-sucedida.

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Técnicas de alta complexidade 

Fertilização in vitro (FIV)

A fertilização in vitro (FIV) é um dos procedimento avançado de reprodução assistida mais utilizados e conhecidos para tratar a infertilidade em casais que enfrentam dificuldades para engravidar.

Assim como em todas as técnicas de reprodução assistida, inicia-se com uma avaliação do casal e a condição de base para a infertilidade. Também em conformidade com o que já citamos, a mulher pode ser submetida à uma estimulação ovariana, mas dessa vez com medicações que promovem o desenvolvimento de múltiplos folículos ovarianos. Isso é feito para aumentar o número de óvulos disponíveis para a coleta. Durante o tratamento, o progresso é monitorado por ultrassonografias e exames de sangue.

O parceiro, por sua vez, passa por uma preparação e coleta de um concentrado de espermatozoides, sendo os de qualidade separados do sêmen. 

Os óvulos e os espermatozoides de alta qualidade são combinados em uma placa de cultura em laboratório. A fertilização ocorre naturalmente quando os espermatozoides penetram nos óvulos. Em alguns casos, pode ser necessário realizar a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) para auxiliar na fertilização, especialmente se houver problemas de qualidade de esperma.

Os embriões resultantes são cultivados em laboratório por alguns dias, normalmente até que estejam em estágio de blastocisto. Um ou mais embriões de alta qualidade são selecionados para a transferência para o útero da mulher. Esse procedimento é geralmente realizado no terceiro a quinto dia após a coleta dos óvulos. O número de embriões a serem transferidos depende das circunstâncias individuais e das regulamentações locais.

A mulher pode receber medicamentos de suporte, como progesterona, para preparar o revestimento uterino para a implantação do embrião. Após cerca de duas semanas da transferência embrionária, a mulher realiza um teste de gravidez para verificar se a FIV foi bem-sucedida.

Injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI)

A Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI) é uma técnica avançada de reprodução assistida utilizada para tratar a infertilidade causada por problemas de fertilização devido à qualidade do esperma ou a problemas anatômicos.

A ICSI começa com uma avaliação médica completa do casal, incluindo exames para determinar a causa da infertilidade. É fundamental identificar problemas de qualidade do esperma, como baixa contagem, motilidade ou morfologia anormal, ou problemas anatômicos, como obstruções nas trompas de Falópio, que podem dificultar a fertilização.

Assim como na FIV, caso a mulher não esteja ovulando regularmente, ela pode ser submetida a um tratamento de estimulação ovariana com medicamentos para aumentar o número de óvulos disponíveis para a coleta. A maneira de que o progresso seja monitorado é através de ultrassonografias e exames de sangue.

Quando os folículos atingem o tamanho adequado, os óvulos são coletados por meio de uma aspiração folicular, um procedimento realizado sob anestesia geral ou sedação. Isso envolve a inserção de uma agulha através da parede vaginal para aspirar os óvulos diretamente dos folículos.

Microinjeção espermática (PICSI)

A Microinjeção Espermática (PICSI) é uma variação da técnica de Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI) utilizada na seleção de espermatozoides de alta qualidade antes da fertilização dos óvulos.

A técnica pode ter início após uma investigação detalhada ter sido conduzida a fim de entender a causa da infertilidade do casal, mesmo processo que o realizado nas outras técnica.

Por outro lado, essa técnica é frequentemente utilizada quando há preocupações com a qualidade do esperma, como baixa motilidade, morfologia anormal ou fragmentação do DNA espermático.

Meios de cultura especiais são preparados com substâncias conhecidas como análogos de zona pelúcida

Essas substâncias imitam a zona pelúcida presente nos óvulos e são capazes de ligar-se seletivamente a espermatozoides de boa qualidade. O esperma do parceiro é coletado e preparado em laboratório, geralmente por meio de uma técnica de gradiente de densidade para separar os espermatozoides de alta qualidade.

Após a seleção dos espermatozoides de alta qualidade, um único espermatozoide é selecionado e injetado diretamente no citoplasma de um óvulo maduro utilizando uma agulha microscópica. 

Esse processo é semelhante à ICSI, mas a seleção prévia dos espermatozoides é realizada com a PICSI.

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Resultados e taxas de sucesso

As taxas de sucesso na reprodução assistida variam dependendo de vários fatores, incluindo a idade da mulher, a causa da infertilidade, o tipo de procedimento realizado e a clínica de fertilidade.

As taxas de sucesso da FIV variam, mas geralmente estão relacionadas à idade da mulher. Mulheres mais jovens têm maiores chances de sucesso. 

Em média, nos Estados Unidos, as taxas de sucesso por ciclo de FIV são de cerca de 20% a 35% para mulheres com menos de 35 anos, diminuindo conforme a idade avança. Para mulheres com mais de 40 anos, as taxas de sucesso são bem menores, geralmente abaixo de 10%.

Seguindo a mesma linha, as taxas de sucesso na ICSI são semelhantes às da FIV, sendo influenciadas pela idade da mulher e pela qualidade do esperma. Nos casos em que há problemas de fertilização devido à qualidade do esperma, a ICSI pode ter taxas de sucesso mais altas em comparação com a FIV convencional.

Na inseminação intrauterina (IIU) outros fatores que protagonizam o sucesso é a razão da infertilidade e se a estimulação ovariana foi usada. No entanto, as taxas acabam sendo menores, beirando os 5 a 20% de sucesso a cada ciclo realizado.

É válido ressaltar ao conversar com sua paciente que essas taxas são apenas médias e podem variar significativamente de uma clínica para outra, assim como entre os casos individuais. A saúde geral da mulher, a qualidade dos óvulos e do esperma, além da experiência da clínica e do especialista em reprodução assistida, também desempenham papéis cruciais nos resultados.

Leia também: Por que fazer uma especialização médica com o Cetrus?

Saiba como se especializar na área 

Os profissionais da reprodução assistida utilizam técnicas avançadas, como fertilização in vitro e inseminação artificial, para ajudar a realizar o desejo de ter filhos. Para oferecer tratamentos eficazes e individualizados para o paciente se destacar no mercado de trabalho, a capacitação contínua é essencial para os médicos.

Uma opção de fazer isso é investir em cursos de pós-graduação Lato Sensu médicas e o Cetrus tem as melhores opções para a sua carreira, principalmente se o seu interesse é em Ginecologia e Obstetrícia e Sexualidade.

Referências 

  1. Assisted reproductive technology: Pregnancy and maternal outcomes. Wael Salem, MD, MS MPhil. UpToDate
  2. Sexual development and sexuality in children and adolescentes. Michelle Forcier, MD, MPH. UpToDate.
  3. In vitro fertilization: Overview of clinical issues and questions. Jacqueline Ho, MD. UpToDate. 

10 Replies to “Reprodução assistida: o que preciso saber?”

  1. Tenho 2 filhos. E tirei as trompas. Tenho 42 anos ainda ha possibilidade de ser mae novamente?

  2. Tenho 2 filho quero ter o terceiro mais tento há 7 anos e não consigo

    1. Sou casada a 1 ano e tento engravidar e não consigo oque fazer ?

  3. Tenho 21 anos eu tentava engravidar dez dos meu 18e não conseguia .. e não consigo até hj 😞

  4. Eu tento engravidar ja faz uns 3anos tenho31 anos e meu marido 24 ele fez exame td certinho e eu ja tenho 3filhos qria o ultimo mais ta dificil fiz ultrasson tranvaginal nao apareceu meus ovarios ovulo normalmente menstruaçao em dia nem eu sei oq acontece entao desisti de ser mae novamente

  5. Já faz 6 meses que tento engravidar e não consigo. Meu namorado já fez os exames da tá tudo ok, eu também fiz e tá tudo ok. Não entendo pq não conseguimos engravidar.

  6. Quero engravidar e não consigo já parei de toma remédio 1 ano e tô tentado já tem 8 meses será que não posso te filho💔

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