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Entenda qual é a conduta a ser seguida em pacientes sintomáticas e assintomáticas

Embora ocorra entre os 20 a 50 anos, 72% dos casos de cisto de Bartholin são diagnosticados em mulheres abaixo dos 30 anos e apenas 10% acima dos 40

Paciente com cisto de bartholin

O cisto do duto de Bartholin se caracteriza pela obstrução não infecciosa do duto distal, resultando no acúmulo de secreções e aumento da glândula, que está localizada posterolateralmente ao óstio da vagina, tendo como função a lubrificação vaginal.

O quadro normalmente se manifesta como uma massa com protrusão medial no aspecto inferior dos grandes lábios, no introito posterior e é cruzado pelos pequenos lábios.

O cisto pode ser identificado quando atinge entre 1 a 4 cm de diâmetro e seu tamanho vai variar de acordo a quantidade de secreção na glândula de Bartholin. A condição apresenta breve aumento em sua extensão durante a prática sexual e redução ou estabilidade em mulheres com atividade sexual reduzida.

Abscesso de Bartholin

O abscesso de Bartholin é ocasionado pela infecção polimicrobiana do fluído do cisto, em vez de uma infecção primária da glândula ou do duto. O quadro pode ser ocasionado pelos seguintes patógenos:

  • Staphylococcus aureus;
  • Staphylococcus epidermidis;
  • Streptococcus faecalis;
  • Estreptococos do grupo B;
  • Espécies de Enterococcus;
  • Escherichia coli;
  • Pseudomonas aeruginosa;
  • Bacteroides fragilis;
  • Clostridium perfringens;
  • Espécies de Peptostreptococcus;
  • Espécies de Fusobacterium;
  • Coliformes;
  • Neisseria gonorrhoeae;
  • Chlamydia trachomatis.

Dados sobre cisto de Bartholin

Os cistos de Bartholin costumam ocorrer entre os 20 a 50 anos, porém, se fazem mais presentes em mulheres em idade reprodutiva. 72% dos casos acontecem antes dos trinta anos e somente 10% acima dos quarenta. Abscessos e cistos de Bartholin também podem se manifestar em neonatos, porém, são casos extremamente raros.

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Sintomas do cisto de Bartholin

Na maioria dos casos o cisto de Bartholin costuma ser assintomático, indolor e difícil visibilidade e apalpação e raramente é ocasionado por infecções sexualmente transmissíveis (IST). Porém, quando evolui de tamanho, pode despertar sintomas como:

  • Febre;
  • Secreção vaginal;
  • Dor vulvar intensa;
  • Ruptura espontânea;
  • Eritema e induração vulvar;
  • Pressão ou preenchimento vulvar;
  • Desconforto ou dor de intensidade leve a moderada ao caminhar ou sentar;
  • Dispareunia.

Diagnóstico do cisto de Bartholin

O diagnóstico do cisto de Bartholin geralmente é realizado por meio de exame físico, no entanto, a diferenciação dos cistos na região do duto ou da glândula só pode ser realizado através da histopatologia. Observe abaixo como diferenciá-los:

Duto: revestido por epitélio transicional.

Glândula: revestimento do ácino é uma única camada de epitélio colunar ou cuboide.

Para investigar se há ISTs relacionadas faz-se a drenagem da secreção e posteriormente cultura do material.

Ao manejar pacientes acima dos 40 anos, recomenda-se a realização de biópsia para descarte de malignidades. Pois, mesmo havendo casos pós-menopausa que apresentem cistos benignos, nessa faixa etária ocorre redução da resposta secretora e aumento do risco de crescimento neoplásico.

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Tratamento do cisto de Bartholin

Em pacientes com cisto pequeno e assintomático não é necessário nenhum tipo de intervenção, recomenda-se apenas o uso de banhos de assento ou compressas quentes para ajudar na drenagem. Para as mulheres acima dos 40 anos segue-se a mesma metodologia, desde que a suspeita de malignidade seja descartada.

Em contrapartida, as pacientes sintomáticas necessitam de intervenção cirúrgica, pois o procedimento tem como intuito criar um novo óstil ductal para permitir a drenagem contínua ou a destruição do revestimento das paredes do cisto. Dentre os procedimentos cirúrgicos, é possível utilizar:

  • Marsupialização;
  • Drenagem com cateter;
  • Excisão cirúrgica.

No manejo dos abscessos, se ocorrer a ruptura espontânea, o tratamento conservador em conjunto com antibióticos de amplo espectro e analgesia serão suficientes. Em abcessos pequenos, o uso de curativos quentes ou umedecidos ou banhos de assento regulares propicia a drenagem espontânea do abscesso ou a evolução para um estágio adequado para incisão e drenagem.

Após a realização da drenagem (espontânea ou cirúrgica) é recomendado a utilização de antibióticos de amplo espectro no tratamento. Dentre às opções, o médico pode optar por:

  • Sulfametoxazol/trimetoprima: 800/160 mg, via oral, duas vezes ao dia, por 7 dias;
  • Amoxicilina/ácido clavulânico: 875 mg, via oral, duas vezes ao dia por 7 dias;
  • Clindamicina: 400 mg, via oral, uma vez ao dia, por 7 dias;
  • Cefixima: 400 mg, via oral, uma vez ao dia, por 7 dias.

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Referências

BMJ Best Practice. Cisto de Bartholin. Disponível em: https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/1060/pdf/1060/Cisto%20de%20Bartholin.pdf.

MSD, Manual. Cistos da glândula de Bartholin. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/doen%C3%A7as-ginecol%C3%B3gicas-diversas/cistos-da-gl%C3%A2ndula-de-bartholin.