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Entenda por que o hemangioma no fígado não é a primeira hipótese diagnóstica na avaliação clínica

Por não oferecer risco à saúde, o tumor geralmente é descoberto por acidente em exames de imagem

paciente com hemangioma no fígado

O hemangioma é um tumor hepático benigno ocasionado pelo entrelaçamento dos vasos sanguíneos. Seu desenvolvimento não possui uma explicação definida, mas acredita-se que tenha origem congênita.

De acordo com estudos, o quadro atinge cerca de 1 a 5% da população adulta, fazendo-se mais presente em indivíduos do sexo feminino ou que possuam faixa etária entre 35 a 50 anos.

Sintomas de hemangioma no fígado

Embora seja uma condição congênita, o hemangioma no fígado geralmente não apresenta sintomas ou oferece algum risco para o funcionamento do órgão, devido à ausência de alterações no tamanho do tumor ao longo do tempo. Porém, há casos em que o tumor mede em torno de 4 cm ou mais, desse modo, o paciente pode apresentar sinais como:

  • Desconforto;
  • Edema;
  • Anorexia;
  • Náuseas;
  • Saciedade precoce;
  • Dor secundária ao sangramento ou trombose.

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Diagnóstico de hemangioma no fígado

Normalmente, por não oferecer risco a saúde do paciente, o hemangioma no fígado não é a primeira opção de investigação do hepatologista ao realizar uma avaliação. Geralmente a condição é descoberta acidentalmente em exames de rotina como ultrassonografia, ressonância magnética e tomografia computadorizada ou em procedimentos de laparotomia.

Nos achados imaginológicos, o tumor pode ser identificado por uma massa hipodensa bem demarcada e, caso seja usado contraste, é possível visualizar um realce periférico inicial, seguido por um realce centrífugo posterior. O uso da substância também auxilia o hepatologista na investigação e descarte de suspeitas de câncer.

O especialista pode seguir outras condutas diagnósticas na investigação do hemangioma, porém, essas não se mostram tão efetivas quanto os exames de imagem, como veremos a seguir:

Exame físico: Há casos em que é possível apalpar a massa no fígado, porém, não é algo frequente. A falta de sintomas, também não contribui para uma hipótese diagnóstica.

Exames laboratoriais: Não é a melhor opção, visto que há casos que apresentam compressão da estrutura hepática, sangramentos e trombose que pode ocasionar na alteração das taxas enzimáticas.

Biópsia: Não é indicado para esse caso, pois pode ocasionar no rompimento da estrutura e consequentemente gerar uma hemorragia.

Alfafetoproteína: Mesmo sendo um procedimento comum ao detectar uma massa no fígado, o método não será efetivo, pois manterá o padrão de normalidade, caso o hemangioma seja o único indicador de anormalidade presente.

Tratamento de hemangioma no fígado

Os indivíduos assintomáticos não necessitam de tratamento, visto que o hemangioma possui tamanho pequeno e não oferece risco para sua saúde. Em contrapartida, os sintomáticos que apresentarem tumores maiores, precisam de acompanhamento pelo período de 6 a 12 meses, para verificar se há risco de comprometimento local. Caso não haja melhora no quadro e o paciente apresente alargamento ou sintomas incômodos que afetem sua qualidade de vida, procedimentos cirúrgicos como ressecção, enucleação, ligadura de artéria hepática e transplante podem ser adotados.

Ao lidar com o tratamento de crianças, a conduta de intervenção é um pouco diferente, pois os hemangiomas geralmente regridem até os 2 anos de idade. Porém, quando evoluem de tamanho, podem acarretar em uma derivação arteriovenosa capaz de gerar uma insuficiência cardíaca ou coagulopatias. Para lidar com esses casos podem ser adotados tratamentos à base de corticoides, diuréticos, digitálicos para melhorar a função cardíaca, interferon alfa subcutâneo, ressecção cirúrgica, embolização arterial e raramente transplante de fígado.

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Hemangioma no fígado e Síndrome de Kasabach-Merrit

Há casos em que o tumor está associado com uma síndrome rara, chamada de Síndrome de Kasabach-Merrit. A condição se caracteriza pela evolução de hemangiomas tuberosos extensos no primeiro ano de vida em conjunto com equimoses e petéquias ocasionadas pela coagulopatia de consumo. A síndrome também pode ser acompanhada de um tumor raro, chamado de Hemangioendotelioma Kaposiforme, de origem vascular, de natureza maligna e proliferação local.

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Referências:

MSD Manual. Tumores hepáticos benignos. Disponível em: Tumores hepáticos benignos – Distúrbios hepáticos e biliares – Manuais MSD edição para profissionais (msdmanuals.com). Acessado em: 23/03/2023.

Rian Barreto Rodrigues. Hemangiomas no fígado. Disponível em: Hemangiomas no fígado | Colunistas – Sanar Medicina. Acessado em: 23/03/2023.

Cerri GG, Machado MM. Hemangiomas hepáticos: aspectos ultra-sonográficos e clínicos.  Radiol Bras, v. 39, n. 6, dez/2006. Acessado em: 23/03/2023.