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Patologias ginecológicas e a sexualidade: como responder as principais dúvidas

Conheça as principais patologias ginecológicas que afetam a sexualidade humana e como você pode ajudar as pacientes com essas questões. Acesse e confira!

Lidar com questões relacionadas a patologias ginecológicas e sexualidade no consultório requer sensibilidade, empatia e conhecimento médico. Ainda existe um tabu muito grande em se falar sobre o tema, principalmente quando se diz respeito à questão de libido e relação sexual sem o objetivo da procriação. 

Neste texto abordaremos quais as principais patologias ginecológicas que interferem na  sexualidade das mulheres. Apresentaremos algumas soluções para o problema e ainda, compartilharemos quais as principais dúvidas que existem nos consultórios médicos. 

O que é a sexualidade e saúde sexual?

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a sexualidade é uma parte fundamental da vida humana, abrangendo diversos aspectos como gênero, orientação sexual, prazer, intimidade e reprodução. 

Ela se manifesta através de pensamentos, atitudes, comportamentos e relacionamentos. Apesar de englobar várias dimensões, nem sempre todas são expressas. A sexualidade é moldada pela interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, culturais e outros elementos.

Já a saúde sexual, por sua vez, a OMS conceitua como aquela que abrange o bem-estar físico, emocional, mental e social ligado à sexualidade. Não se limita à ausência de doenças. Envolve abordar a sexualidade e relacionamentos com positividade e respeito, permitindo experiências sexuais seguras e prazerosas, sem coação, discriminação ou violência. Respeitar, proteger e cumprir os direitos sexuais de todas as pessoas é essencial para alcançar e manter a saúde sexual.

Quais fatores influenciam na sexualidade humana? 

Compreendendo os conceitos acima, entendemos então que a sexualidade humana e a saúde sexual estão relacionadas com diversas esferas do ser humano. Assim, ela sofre a influência de diversos fatores, como o: 

  • Comportamental
  • Cultural 
  • Religioso
  • Mitos e tabus
  • Experiências prévias 

Além disso, existe a questão fisiológica e orgânica envolvida na sexualidade. Esta compreende os sistemas neurológicos, vasculares, endócrinos, anatomia e fisiologia dos órgãos gênito-urinários.

Patologias ginecológicas e a sexualidade

As patologias ginecológicas podem ter um impacto significativo na sexualidade das mulheres. Isso ocorre porque muitas dessas condições afetam não apenas a saúde física, mas também o bem-estar emocional e psicológico, aspectos fundamentais da vida sexual. 

Em relação às questões de saúde, temos que muitas patologias ginecológicas podem causar dores e desconfortos durante a relação sexual, que leva à um comportamento evitativo em relação ao sexo e, consequentemente à diminuição do desejo sexual. É o caso, por exemplo, de relatos de pacientes com endometriose, infecções ginecológicas, miomas ou cicatrizes após cirurgias. 

Algumas patologias como a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) ou doenças que cursem com alterações hormonais, bem como uso de alguns medicamentos para tratamentos, podem levar à alteração da libido. Ainda, alguns tratamentos podem reduzir a lubrificação vaginal, dificultando esse processo. 

Além das patologias benignas, devemos lembrar sempre das pacientes que estão em tratamentos oncológicos. Esse tipo de doença impacta gravemente a saúde psíquica e mexe com questões da autoestima, desejos, vontade de viver e de aproveitar a vida, o que necessita ainda mais de uma atenção especial nesses casos. 

Patologias ginecológicas benignas 

Abordaremos abaixo algumas das principais patologias ginecológicas benignas que impactam na sexualidade feminina e que são comuns na rotina do médico especialista. Confira cada uma delas e como pode ser feito o tratamento e auxílio dessa paciente. 

Endometriose 

A endometriose é considerada uma doença inflamatória benigna. O pico de incidência dessa patologia é em mulheres durante os estágios hormonais, entre os 25 e 35 anos de idade. 

Essa patologia é caracterizada por presença de glândulas endometriais e estromas fora da cavidade uterina que podem ser assintomáticas, mas que na grande maioria das vezes, se apresenta com alguns sintomas característicos. 

Sintomas da endometriose

Os sintomas mais comuns relatados por mulheres com diagnóstico de endometriose são:

  • Dor ou pressão abdominal/pélvica
  • Dismenorreia grave
  • Dispareunia
  • Sangramento menstrual intenso

Esse processo inflamatório pode levar até a casos de infertilidade. 

Além desses sintomas, há relatos ainda de dor ao urinar e defecar, frequência urinária aumentada, urgência e micção dolorosa, história de diarreia ou constipação, associados a quadros de náuseas e vômitos.

Quando a lesão da endometriose acontece em estruturas profundas como o saco de Douglas e fórnice vaginal posterior, por exemplo, há uma dor sexual profunda que faz a paciente se sentir desconfortável para poder continuar com o ato. 

Tratamento para a dor pélvica

O tratamento para a dor pélvica decorrente da endometriose vai variar da clínica do paciente e da gravidade da dor. De início é indicada terapia medicamentosa, caso não resolva, intervenções cirúrgicas devem ser a solução. 

Como tratamento medicamentoso é feito com analgésicos não esteróides, contraceptivos hormonais, análogos de hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) e inibidores da aromatase (IA). 

Caso a terapia medicamentosa não seja suficiente, deve ser indicada a cirurgia. Esta pode ser feita por uma ressecção cirúrgica conservadora, definitiva, que é a histerectomia e radical. 

Tratamento para a infertilidade

O tratamento da infertilidade ligada à endometriose requer uma combinação de cirurgia e tecnologias de reprodução assistida. Além disso, anti-inflamatórios não esteroides são oferecidos para alívio da dor. 

Diferente do que se possa pensar em relação ao uso de terapias de supressão hormonal, não impedem a gravidez e não melhoram também a fertilidade. 

Leiomiomas uterinos 

Os leiomiomas uterinos, também conhecidos como miomas uterinos ou fibromas, são tumores benignos que se desenvolvem a partir das células musculares do útero. São compostos principalmente de tecido muscular e fibroblastos do miométrio. Os miomas podem variar em tamanho, desde pequenos nódulos quase imperceptíveis até grandes massas que podem distorcer o formato do útero.

Os leiomiomas uterinos são comuns em mulheres em idade reprodutiva. Sua prevalência aumenta com a idade, sendo mais comuns em mulheres na faixa dos 30 aos 50 anos. 

Sintomas dos leiomiomas 

Nas primeiras fases, os leiomiomas podem não causar sintomas perceptíveis. No entanto, à medida que crescem, podem levar a diversos sintomas, como:

  • Menorragia
  • Dor pélvica ou abdominal
  • Pressão na bexiga ou no reto
  • Aumento na frequência urinária
  • Dor durante a relação sexual, principalmente associados aos miomas anteriores ou fúndicos
  • Inchaço ou sensação de plenitude abdominal

Além disso, podem ser responsáveis por causar disfunção reprodutiva, como infertilidade, aborto espontâneo e complicações obstétricas. 

Tratamento dos miomas

O tratamento para leiomiomas varia de acordo com a gravidade dos sintomas, a idade da paciente, os planos de gravidez futura e outros fatores individuais. As opções incluem:

  • Observação, se os sintomas forem leves ou inexistentes
  • Medicações para controlar sangramento excessivo ou reduzir o tamanho dos miomas
  • Procedimentos minimamente invasivos, fazendo a remoção dos miomas mantendo o útero
  • Histerectomia, especialmente em casos graves ou quando a paciente não deseja mais ter filhos

Em casos de histerectomia, a depender da idade da paciente, este pode ser um tratamento que impacta na sua sexualidade, uma vez que a simbologia do útero na sociedade para a mulher tem um peso grande. 

Disfunção do assoalho pélvico 

Apesar de pouco se ouvir falar e abordar sobre, é muito comum as mulheres apresentarem disfunção sexual associada aos distúrbios do assoalho pélvico (DPFs). Entre os mais comuns, temos:

  • Prolapso de órgãos pélvicos
  • Incontinência urinária de esforço
  • Incontinência urinária de urgência/ síndrome da bexiga hiperativa
  • E ainda incontinência anal. 

Esses distúrbios, além de provocarem problemas na saúde do corpo da mulher, ainda trás consigo problemas psíquicos que envolvem a sexualidade feminina. Muitas mulheres desenvolvem o medo de acabar não conseguindo controlar as suas necessidades fisiológicas na hora do sexo, o que as mantém travadas e, mais uma vez, provocando um comportamento evitativo. 

Tratamento para as disfunções do assoalho pélvico

A abordagem de tratamento dependerá da avaliação cuidadosa do médico, levando em consideração a condição específica do paciente, seus sintomas, histórico médico e objetivos de tratamento. 

Algumas opções de tratamento são indicadas, como:

  • Fisioterapia Pélvica: A fisioterapia pélvica, também conhecida como fisioterapia do assoalho pélvico, envolve exercícios específicos para fortalecer e tonificar os músculos do assoalho pélvico. Isso pode ser particularmente útil para incontinência urinária e disfunções sexuais.
  • Terapia Comportamental: Para questões como incontinência urinária, técnicas comportamentais, como treinamento da bexiga e exercícios de retenção, podem ajudar a melhorar o controle urinário.
  • Medicações: Em alguns casos de incontinência urinária, medicamentos podem ser prescritos para reduzir a frequência da micção ou diminuir os impulsos involuntários da bexiga.
  • Dispositivos e Produtos: Existem dispositivos, como cones vaginais, que podem ser usados para fortalecer os músculos do assoalho pélvico. Além disso, produtos como absorventes ou almofadas podem ajudar a gerenciar a incontinência.
  • Pessários: Para prolapsos de órgãos pélvicos, pessários (dispositivos inseridos na vagina para dar suporte aos órgãos) podem ser recomendados para aliviar os sintomas.
  • Cirurgia: Em casos mais graves de prolapso ou incontinência, a cirurgia pode ser considerada. Existem várias abordagens cirúrgicas, como reparo do prolapso ou procedimentos de sling para incontinência.
  • Terapia Sexual: Para disfunções sexuais, a terapia sexual pode ajudar a abordar questões psicológicas, emocionais ou de relacionamento que podem contribuir para o problema.
  • Mudanças no Estilo de Vida: Em muitos casos, ajustes no estilo de vida, como manter um peso saudável, evitar constipação, fazer exercícios regulares e evitar esforço excessivo, podem ajudar a prevenir ou gerenciar as disfunções do assoalho pélvico.

Vulvodinia 

A vulvodinia é uma condição crônica caracterizada por dor persistente e desconforto na região vulvar, sem uma causa aparente, por pelo menos três meses.  Ela pode afetar significativamente a qualidade de vida das mulheres.

Esta patologia é mais comum em mulheres jovens e de meia-idade. É considerada a causa mais frequente de dispareunia entre as mulheres na pré-menopausa. A sua prevalência exata varia, mas estudos sugerem que pode afetar cerca de 5-15% das mulheres em algum momento de suas vidas. A condição muitas vezes é subdiagnosticada devido à falta de conscientização e à natureza sensível do problema.

Sua etiologia não é totalmente compreendida, mas envolve fatores de diversos âmbitos, desde inflamações, infecções, alergia, questões hormonais, disfunção psicológica, entre outros. 

Sintomas da vulvodinia

Os sintomas da vulvodinia podem variar, mas geralmente envolvem dor, ardência, coceira ou desconforto na área vulvar, que podem ser constantes ou episódicos. Assim, a dor pode ser desencadeada por atividades como urinar, ter relações sexuais, usar roupas apertadas ou fazer exercícios.

Tratamento da vulvodinia

O tratamento da vulvodinia é amplo e envolve diversos aspectos, que vão desde a mudança comportamental, até o uso de medicamentos e procedimentos médicos. Abaixo listamos algumas abordagens que podem ser realizadas com essas pacientes:

  • Higiene vulvar
  • Banhos quentes com produtos como sal Epsom ou aveia coloidal
  • Redução do estresse 
  • Lubrificação com lubrificantes tópicos, hidratantes intravaginais, entre outros
  • Evitar exercícios como andar de bicicleta, que possam irritar a vulva
  • Fisioterapia do assoalho pélvico
  • Terapia cognitivo-comportamental 
  • Terapia sexual e terapia baseada em casal
  • Uso de alguns medicamentos como pomada de lidocaína tópica, creme hormonal tópico, antidepressivos (como os tricíclicos e os inibidores seletivos da recaptação de norepinefrina ou serotonina).

Alguns procedimentos médicos também podem ser indicados, a depender do nível de desconforto e evolução da paciente. Um exemplo é o uso de neurotoxina botulínica. A cirurgia só é indicada em casos que não melhoram com os tratamentos conservadores. 

Patologias ginecológicas malignas: sexualidade em pacientes com câncer e/ou tratamento oncológico

As mulheres que passaram por tratamentos para o câncer podem enfrentar disfunções sexuais que afetam sua qualidade de vida e bem-estar emocional. Os tratamentos, como cirurgias, radioterapia, quimioterapia e terapia hormonal, podem ter impacto direto sobre a saúde sexual, resultando em mudanças físicas, emocionais e psicológicas.

Tratamentos de câncer podem levar a mudanças nos níveis hormonais, causando diminuição do desejo sexual, ausência de lubrificação vaginal e alterações no funcionamento sexual. Cirurgias podem afetar a estrutura anatômica e a sensação, levando a desconforto durante a relação sexual. E, além disso, alterações físicas após o tratamento podem afetar a autoimagem e a autoestima, impactando a confiança sexual.

O estresse, a ansiedade e a depressão associados ao diagnóstico e tratamento do câncer podem influenciar negativamente a resposta sexual.

Abordagens de tratamento para as patologias ginecológicas malignas

É fundamental que pacientes que descobriram o câncer ou que estão em tratamento ou pós-tratamento abertamente suas preocupações sexuais com sua equipe médica. Com uma abordagem multidisciplinar, incluindo apoio psicológico e tratamentos específicos, é possível melhorar a saúde sexual e a qualidade de vida dessas mulheres após o tratamento do câncer.

Ações como indicações de terapias sexuais podem ajudar na abordagem de questões psicológicas e emocionais. O uso de produtos como lubrificantes e hidratantes vaginais também pode ajudar a aliviar o desconforto viginal. É importante ainda trazer o homem para a discussão, como parte fundamental para melhora da função sexual.

Videoaula sobre patologias ginecológicas e sexualidade

Confira a vídeo aula da Dra. Aline Ambrósio e Dra. Carolina Carvalho Ambrogini sobre o tema:

Dicas de como realizar o atendimento de mulheres com patologias ginecológicas e problemas de sexualidade 

Como já foi dito ao longo do nosso artigo, a questão da sexualidade ainda é um tabu na nossa sociedade. É preciso que o ginecologista esteja sempre pronto para ajudar as mulheres que necessitam de ajuda e orientação. 

Lidar com patologias ginecológicas e sexualidade requer uma abordagem compassiva e individualizada. Cada paciente é único, e a sua capacidade de responder de forma sensível e informada pode ter um impacto significativo na qualidade de vida e bem-estar das pessoas que procuram ajuda.

Relação médico-paciente

Para isso, é importante  estabelecer uma atmosfera acolhedora e segura para que os pacientes se sintam à vontade para fazer perguntas sobre suas preocupações ginecológicas e sexuais.

Faça perguntas que o ajudem a desenvolver sobre o assunto, como as seguintes:

  • Você é sexualmente ativo?
  • Tem algum problema com a atividade sexual?
  • Você sente alguma dor com a atividade sexual?
  • Você está em um relacionamento do mesmo sexo, relacionamento heterossexual ou ambos?

Permita que os pacientes expressem suas preocupações e dúvidas de maneira completa. Ouça atentamente para entender suas necessidades específicas.

Profissionalismo médico

Baseie suas respostas em informações médicas precisas e atualizadas. Explique as patologias ginecológicas de forma clara e compreensível, evitando usar linguagem técnica demais. Explique que muitas patologias ginecológicas são comuns e podem afetar a sexualidade. Normalizar as experiências dos pacientes pode reduzir a ansiedade e o constrangimento.

 Explique as opções de tratamento disponíveis para a patologia em questão e como essas opções podem afetar a sexualidade. Discuta os benefícios e possíveis efeitos colaterais.

Encoraje a comunicação aberta entre o paciente e seu parceiro. Explique a importância do apoio mútuo durante os desafios de saúde. Ofereça informações sobre educação sexual, contracepção e práticas sexuais seguras para pacientes que estão passando por tratamentos ou enfrentando alterações de saúde.

Se necessário, encaminhe os pacientes para profissionais especializados em saúde sexual, psicólogos ou terapeutas sexuais para uma abordagem mais completa.

Dúvidas mais frequentes no consultório médico sobre patologias ginecológicas e sexualidade

Neste vídeo, as Dras. Carolina Ambrogini e Aline Ambrosio, coordenadoras das Pós-graduação lato sensu em Sexualidade Humana do Cetrus, respondem as dúvidas mais frequentes que aparecem nos consultórios médicos quando o assunto é Patologias Ginecológicas e a Sexualidade.

Pós-graduação em Sexualidade Humana

Diante da importante e relevância atual do tema, se você é médico e deseja aprofundar ainda mais o seu conhecimento nessa área de Sexualidade Humana, você deve conhecer nossa Pós-graduação lato sensu e aprimorar seus conhecimentos.

Referências 

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