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ECMO: como fazer a checagem e manutenção da forma adequada?

A oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) é uma forma avançada de suporte de vida, fornecendo assistência temporária em casos de falência pulmonar e/ou cardíaca que não respondem ao tratamento convencional. O circuito típico da ECMO inclui componentes essenciais, como uma bomba para impulsionar o sangue, um oxigenador para troca de gases, cânulas para drenagem e retorno do sangue, sensores para monitorar fluxo e pressão, um sistema de controle de temperatura para ajustar a temperatura do sangue, além de pontos de acesso arterial e venoso para coleta de amostras sanguíneas no circuito. Este sistema integrado desempenha um papel vital no suporte vital e no tratamento de pacientes críticos.

A modalidade ECMO venovenosa (ECMO-VV), uma técnica preferencialmente empregada em casos de insuficiência respiratória com função cardíaca preservada. Enquanto isso, indica-se a configuração ECMO venoarterial (ECMO-VA) para fornecer suporte cardíaco em situações com ou sem preservação da função pulmonar.

Os primeiros registros bem-sucedidos do uso de circulação extracorpórea remontam a uma cirurgia cardíaca realizada em 1954, enquanto o primeiro relato documentado do uso da ECMO no tratamento da falência respiratória data de 1972.

Tipos de oxigenação por ECMO

Existem dois tipos principais de oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), cada um com suas próprias características e indicações.

Venovenosa (ECMO-VV)

Osangue, retirado do corpo através de um acesso venoso, geralmente uma veia central, passa por um oxigenador onde remove-se o dióxido de carbono e adciona-se o oxigênio. Após o processo de oxigenação, o sangue é devolvido ao corpo através de uma segunda via venosa.

Indicada principalmente para casos de insuficiência respiratória, onde a função cardíaca está preservada. Este tipo de ECMO visa fornecer suporte respiratório enquanto permite que o coração continue a bombear sangue para o resto do corpo.

A imagem 4 abaixo ilustra um circuito de oxigenação por membrana extracorpórea venovenosa, no qual drena-se o sangue da veia cava inferior através da canulação da veia femoral direita. Posteriormente, o sangue é conduzido pela bomba de propulsão e pela membrana de oxigenação, retornando ao sistema venoso do paciente através da veia jugular interna direita.

Fonte: Chaves et al. (2019, p. 413)

Venoarterial (ECMO-VA)

Nesta configuração, retira-se o sangue do corpo através de uma veia central. Em seguida, o sangue passa pelo oxigenador para oxigenação e remoção de dióxido de carbono, sendo devolvido ao corpo através de uma artéria, geralmente a artéria femoral.

Indicada em situações onde há falência cardíaca significativa, com ou sem comprometimento da função pulmonar. Além de fornecer oxigenação, a ECMO-VA também oferece suporte circulatório, ajudando o coração a bombear sangue para todo o corpo.

Na imagem, apresenta-se um circuito de oxigenação por membrana extracorpórea venoarterial periférica. Assim, drena-se o sangue da veia cava inferior através da canulação da veia femoral direita. Posteriormente, o sangue é conduzido pela bomba de propulsão e pela membrana de oxigenação, retornando ao sistema arterial do paciente através da artéria femoral esquerda.

Critérios para aplicação

Divide-se as indicações da ECMO em quatro categorias principais:

  • Insuficiência respiratória hipoxêmica
  • Insuficiência respiratória hipercápnica
  • Choque cardiogênico
  • Parada cardíaca.

Em pacientes com insuficiência cardiopulmonar reversível devido a patologias pulmonares, indica-se o ECMO para proporcionar tempo suficiente para o descanso dos órgãos, favorecendo a recuperação ou a possibilidade de substituição dos órgãos afetados.

A seleção de pacientes para ECMO segue critérios rigorosos, priorizando aqueles com alto risco de mortalidade, variando entre 50% a 100%. O candidato ideal apresenta grande vulnerabilidade à morte, mas ao mesmo tempo possui um diagnóstico de doença pulmonar ou cardiovascular com chances de reversão (RIBEIRO, 2021).

Como se conecta o ECMO ao paciente?

Conecta-se o ECMO ao paciente através de um processo cirúrgico ou por meio de técnicas minimamente invasivas. Dessa forma, ele depende da necessidade e da condição do paciente.

Estabelece-se acessos vasculares no paciente para permitir a retirada e o retorno do sangue ao corpo. Isso geralmente envolve a inserção de cateteres em grandes vasos sanguíneos, como veias ou artérias. Os locais comuns para inserção incluem a veia jugular interna, a veia femoral e, em alguns casos, a artéria femoral.

Após a inserção dos cateteres, conecta-se a tubos que fazem parte do circuito ECMO. Um desses tubos leva o sangue do paciente para fora do corpo até o oxigenador, onde ocorre a oxigenação e a remoção do dióxido de carbono. O sangue então retorna ao corpo do paciente através de outro tubo.

O oxigenador é o componente principal do circuito ECMO, onde ocorre a troca de oxigênio e dióxido de carbono. O sangue desoxigenado do paciente passa por membranas permeáveis ao oxigênio e dióxido de carbono, com isso, permite-se que o oxigênio seja adicionado ao sangue e o dióxido de carbono seja removido.

Durante todo o processo, monitora-se o paciente de perto para garantir que a ECMO esteja funcionando corretamente e que o fluxo sanguíneo, a oxigenação e outros parâmetros vitais estejam dentro dos limites seguros. A equipe médica ajusta os parâmetros do ECMO conforme necessário para atender às necessidades do paciente.

Funcionamento e critérios utilizados para aplicação do ECMO

Conforme ilustrado na imagem abaixo, retira-se o sangue venoso do paciente por meio de uma cânula de drenagem e o impulsiona pela bomba de propulsão em direção ao oxigenador. Em seguida, o sangue é reintroduzido no paciente por meio de uma artéria (no caso da oxigenação por membrana extracorpórea venoarterial) ou de uma veia (para oxigenação por membrana extracorpórea venovenosa).

Fonte: Chaves et al. (2019, p. 411)

Ao longo do circuito, disponibiliza-se vias de acesso para a administração de medicamentos, fluidos e coleta de amostras para exames laboratoriais. Além disso, sensores de pressão e fluxo são integrados para monitoramento contínuo da circulação sanguínea.

Como fazer a checagem do ECMO?

A checagem do ECMO, um procedimento essencial para garantir o funcionamento adequado do sistema e a segurança do paciente, abrange uma série de verificações minuciosas realizadas pela equipe médica.

Inicialmente, verifica-se a configuração do equipamento, assegurando que todas as conexões estejam corretamente montadas e os alarmes estejam operacionais. Em seguida, inspeciona-se os circuitos e tubos visualmente para detectar vazamentos, dobras ou obstruções. Enquanto isso, examina-se o oxigenador para confirmar sua limpeza e integridade.

Além disso, realiza-se testes das bombas e monitoramento do fluxo sanguíneo spara garantir um funcionamento adequado, enquanto verifica-se os níveis de oxigênio e gás carbônico no sangue após a oxigenação. Durante todo o processo, monitora-se os sinais vitais do paciente continuamente, incluindo pressão arterial, frequência cardíaca e saturação de oxigênio, para identificar qualquer anomalia.

Além disso, é crucial estar preparado para procedimentos de emergência, como desconexões do circuito ou falhas de equipamento, e manter uma comunicação efetiva com a equipe médica para uma resposta rápida e eficiente diante de qualquer situação adversa. Essas verificações meticulosas e a vigilância constante são fundamentais para garantir a eficácia do tratamento com ECMO e o bem-estar do paciente.

Manutenção do ECMO

A manutenção adequada do ECMO é essencial para garantir seu funcionamento seguro e eficaz, contribuindo para o bem-estar do paciente. Este processo envolve uma série de procedimentos cuidadosos realizados pela equipe médica e técnica.

Inicialmente, é fundamental seguir as diretrizes do fabricante para a manutenção regular do equipamento. Isso pode incluir verificações diárias, semanais ou mensais, dependendo das recomendações específicas. Durante essas verificações, examina-se cuidadosamente todos os componentes do ECMO, como:

  • Tubos
  • Conectores
  • Bombas
  • Filtros e oxigenador.

Além disso, deve-se manter registros precisos de todas as atividades de manutenção realizadas, incluindo datas, resultados e quaisquer ações corretivas tomadas. Isso ajuda a garantir a rastreabilidade e a conformidade com os padrões regulatórios e de qualidade.

Outro aspecto importante da manutenção do ECMO é a higienização adequada do equipamento e a prevenção de infecções. Os circuitos e acessórios do ECMO devem ser limpos e desinfetados regularmente de acordo com os protocolos hospitalares e as diretrizes de controle de infecções.

Além disso, a equipe médica deve estar preparada para realizar manutenção preventiva e corretiva sempre que necessário, incluindo reparos de emergência e substituição de componentes defeituosos.

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  • Dominar a monitorização de parâmetros vitais, incluindo fluxo arterial, fluxo de gás, temperatura, equilíbrio ácido-base, pressões atriais e arteriais, além de aspectos essenciais como anticoagulação e diurese.

Referências bibliográficas

  • CHAVES, RCF; RABELLO FILHO, R; TIMENETSKY, KT; MOREIRA, FT; VILANOVA, LCS; BRAVIM, BA; SERPA NETO, A; CORRÊA, TD. Oxigenação por membrana extracorpórea: revisão da literatura. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, vol. 31, num. 3, jul. / set. 2019. Disponível aqui. Acesso em 21 de Abril de 2024.
  • BARROS, SBL; MACHADO, ER; TONASSO, DMA. A utilização da oxigenação extracorpórea por membrana na reabilitação cardiopulmonar. 2016. Disponível aqui. Acesso em 21 de Abril 2024.