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Endocardite: entenda como realizar diagnóstico e tratamento

Está em busca de informações sobre endocardite? Este artigo fornecerá uma visão abrangente e atualizada sobre o assunto. Com foco em oferecer orientações valiosas para médicos que estão prestes a atender pacientes com endocardite, exploraremos os principais aspectos relacionados a essa condição cardíaca, desde definição, causas e tratamentos.

A endocardite infecciosa requer abordagens terapêuticas específicas para garantir uma resposta eficaz contra a infecção e prevenir complicações graves. Ao longo deste artigo, abordaremos informações relevantes para auxiliar médicos na tomada de decisões clínicas adequadas, como a escolha de esquemas antibióticos baseados no organismo e na suscetibilidade, a importância da remoção de fontes potenciais de bacteremia e a consideração de cirurgia valvar em casos específicos.

Endocardite infecciosa

A endocardite infecciosa ocorre quando uma bactéria entra na corrente sanguínea e adere às válvulas cardíacas previamente lesionadas. Essa infecção pode afetar as válvulas e outras áreas com conexões anormais entre as câmaras do coração ou seus vasos sanguíneos.

Existem dois tipos principais de endocardite infecciosa:

Endocardite bacteriana aguda

A endocardite bacteriana aguda é caracterizada pelo início repentino dos sintomas. Se não tratada adequadamente, pode representar risco de vida em questão de dias.

Endocardite bacteriana subaguda

A endocardite bacteriana subaguda se desenvolve gradualmente ao longo de semanas ou meses. Também pode representar risco de vida se não for tratada.

A endocardite infecciosa também pode ocorrer em válvulas cardíacas artificiais, sendo chamada de endocardite da válvula protética.

Sintomas de endocardite

Os sintomas da endocardite infecciosa podem variar de acordo com o tipo e a gravidade da infecção. É importante estar atento a esses sinais para um diagnóstico precoce e um tratamento adequado. Os sintomas comuns incluem:

Endocardite bacteriana aguda

  • Febre alta (38,9 °C a 40 °C).
  • Frequência cardíaca acelerada (> 100 batimentos por minuto).
  • Fadiga intensa.
  • Danos rápidos e extensos nas válvulas cardíacas, podendo causar insuficiência cardíaca.

Endocardite bacteriana subaguda

  • Fadiga.
  • Febre baixa (37,2 °C a 38,3 °C).
  • Frequência cardíaca moderadamente acelerada.
  • Perda de peso.
  • Sudorese.
  • Baixa contagem de glóbulos vermelhos (anemia).

Quais são as causas de endocardite?

A endocardite pode ser desencadeada por diversas situações que propiciam a entrada de organismos como bactérias ou, em casos menos frequentes, fungos. Confira algumas:

  • As válvulas cardíacas que apresentam anormalidades estruturais, lesões prévias ou que tenham sido substituídas por próteses artificiais estão mais propensas a serem infectadas;
  • Uma lesão na pele, mucosa bucal ou gengiva também pode permitir a entrada de uma pequena quantidade de bactérias na corrente sanguínea;
  • Infecções gengivais, pequenas infecções cutâneas e infecções em outras partes do corpo são exemplos de situações em que bactérias podem ser introduzidas no sangue;
  • Certos procedimentos cirúrgicos, odontológicos e médicos também podem contribuir para a introdução de bactérias na corrente sanguínea;
  • Em cirurgias cardíacas abertas ou substituição de válvulas cardíacas, por exemplo, existe o risco de bactérias serem levadas para o coração;
  • Normalmente, em pessoas com válvulas cardíacas normais, o organismo consegue eliminar rapidamente essas bactérias por meio de respostas imunológicas. No entanto, se as válvulas cardíacas estiverem danificadas, as bactérias podem se alojar no endocárdio e se multiplicar, desencadeando a endocardite;
  • A sepse, uma infecção grave do sangue, também pode introduzir um grande número de bactérias na corrente sanguínea. Mesmo pessoas com válvulas cardíacas normais podem desenvolver endocardite quando há uma quantidade excessiva de bactérias circulando no sangue.

A endocardite é uma condição complexa, com várias causas possíveis. É importante que os médicos estejam cientes das principais causas dessa condição, como válvulas cardíacas anômalas, introdução de bactérias na corrente sanguínea e a presença de sepse. Essa compreensão permitirá um diagnóstico precoce e um tratamento adequado, contribuindo para melhores resultados para os pacientes.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da endocardite infecciosa é um processo que envolve a análise de manifestações clínicas, dados microbiológicos e exames de imagem, como a ecocardiografia. 

Os critérios de Duke modificados são amplamente utilizados para estabelecer o diagnóstico, sendo divididos em critérios maiores e menores:

  • Os critérios maiores incluem a presença de hemoculturas positivas para organismos típicos em locais separados de punção venosa, assim como o comprometimento endocárdico evidenciado por vegetação, abscesso ou insuficiência valvar nova. A ecocardiografia é uma importante ferramenta para avaliar as válvulas cardíacas e é considerada a modalidade de imagem padrão nesse contexto;
  • Já os critérios menores englobam fatores de risco, como uso de drogas intravenosas ou a presença de uma condição cardíaca predisponente, febre, hemoculturas positivas que não atendem aos critérios principais, evidência sorológica de infecção ativa consistente com endocardite infecciosa, fenômenos vasculares/embólicos e fenômenos imunológicos.

Para confirmar o diagnóstico, são necessários dois critérios maiores ou um critério maior e três menores, ou ainda cinco critérios menores.

Além disso, a avaliação adicional pode incluir eletrocardiografia, radiografia de tórax e outras imagens radiográficas adaptadas às manifestações clínicas, bem como avaliação odontológica.

É fundamental ressaltar que pacientes com suspeita de endocardite infecciosa devem receber atendimento multidisciplinar imediato, envolvendo especialistas em doenças infecciosas, cardiologia e cirurgia cardíaca.

Essa abordagem visa otimizar a avaliação clínica, bem como o tratamento antibiótico e cirúrgico, quando necessário.

Quais os principais fatores de risco para endocardite infecciosa

Alguns pacientes têm maior propensão de desenvolver essa doença cardiovascular, por esse motivo, é essencial conhecer quais são os principais fatores de risco que interferem e aumentam a probabilidade do desenvolvimento dessa condição. São eles:

  • Valvopatias: diversas condições que afetam as válvulas cardíacas, como doença reumática, alterações degenerativas, prolapso mitral com insuficiência valvar e espessamento significativo do folheto, aumentam o risco de endocardite infecciosa.
  • Prótese valvar: pacientes com próteses valvares, sejam mecânicas ou biológicas, estão mais suscetíveis ao desenvolvimento da endocardite infecciosa.
  • Shunts ou condutos sistêmico-pulmonares: pessoas que possuem shunts ou condutos que permitem o fluxo sanguíneo entre diferentes áreas do sistema circulatório apresentam maior risco de contrair a infecção.
  • Histórico de endocardite: indivíduos que já tiveram um episódio prévio de endocardite infecciosa têm maior probabilidade de desenvolver a doença novamente.
  • Cardiopatia congênita cianótica: pacientes com cardiopatias congênitas que causam cianose, uma baixa oxigenação sanguínea, têm um risco aumentado de endocardite infecciosa.
  • Uso de drogas intravenosas: o uso de drogas injetáveis, especialmente quando realizado de forma intravenosa, aumenta significativamente a probabilidade de infecção cardíaca.
  • Uso de dispositivos implantados: a presença de dispositivos médicos implantados, como marcapassos, cardiodesfibriladores e cateteres venosos centrais, pode facilitar a entrada de bactérias no sistema circulatório, aumentando o risco de endocardite.
  • Condições imunossupressoras e diabetes mellitus: pacientes com imunossupressão, seja devido a condições médicas ou ao uso de medicamentos, bem como indivíduos com diabetes mellitus descontrolado, apresentam maior vulnerabilidade à endocardite infecciosa.

Prevenção e cuidados

Para pacientes com alto risco de desenvolver endocardite, a prevenção é fundamental. A profilaxia com antibióticos antes de certos procedimentos que podem causar bacteremias é uma medida recomendada. Também é necessário que o médico responsável identifique previamente as pessoas que possuem fatores de risco para a endocardite para garantir a aplicação adequada da profilaxia. 

O objetivo da profilaxia é administrar antibióticos preventivamente antes de procedimentos que possam expor o sangue a uma grande quantidade de bactérias. Essa abordagem tem o intuito de reduzir o risco de infecção do revestimento cardíaco.

O médico cardiologista poderá avaliar o histórico médico, identificar quaisquer fatores de risco e fornecer orientações específicas sobre os cuidados preventivos para evitar a endocardite.

A prevenção é sempre a melhor abordagem quando se trata de saúde!

Tratamento para endocardite

O tratamento da endocardite bacteriana requer uma abordagem abrangente, envolvendo o uso adequado de antibióticos intravenosos, consideração de procedimentos cirúrgicos quando necessário, avaliação odontológica e remoção de fontes de bacteremia.

A personalização do tratamento com base no organismo causador e sua suscetibilidade antimicrobiana é essencial para obter melhores resultados.

Antibióticos IV com base no organismo e suscetibilidade

Um aspecto crucial no tratamento da endocardite bacteriana é a administração de antibióticos intravenosos. A escolha do fármaco e a dosagem dependem do microrganismo causador e sua suscetibilidade antimicrobiana. 

Recomenda-se aguardar os resultados das hemoculturas antes de iniciar a terapia com antibióticos, as quais devem ser obtidas em pelo menos 2 ou 3 amostras de diferentes locais ao longo de uma hora. 

Os antibióticos devem ter amplo espectro para abranger os organismos mais prováveis, como estafilococos, estreptococos e enterococos sensíveis e resistentes.

Cirurgia e tratamento complementares

Em certos casos, pode ser necessária a realização de cirurgia, como desbridamento, reparo ou troca valvar. Isso ocorre especialmente em pacientes com insuficiência cardíaca, infecção não controlada ou risco de embolia. 

A endocardite envolvendo um dispositivo cardíaco eletrônico implantado requer a remoção completa do marca-passo ou desfibrilador. 

Além disso, é importante avaliar e tratar doenças orais que podem causar bacteremia e subsequente endocardite. 

Remoção de fontes de bacteremia

Durante o tratamento, é crucial identificar e remover qualquer fonte aparente de bacteremia. Isso inclui o desbridamento de tecido necrótico, drenagem de abscesso e remoção de material estranho e dispositivos infectados. 

Caso a endocardite persista em um paciente com cateter venoso central recentemente inserido, é recomendada a remoção desse cateter. Biofilmes aderentes a cateteres ou outros dispositivos podem não responder à terapia antimicrobiana, podendo levar a falhas no tratamento ou recorrência da infecção.

Suspensão da anticoagulação e esquemas antibióticos

Em pacientes com endocardite e embolia cerebral, é necessário suspender a anticoagulação, pois isso aumenta o risco de transformação hemorrágica. 

Os esquemas antibióticos devem ser ajustados de acordo com o organismo identificado e sua suscetibilidade aos medicamentos. 

Resposta ao tratamento

Os pacientes com endocardite bacteriana geralmente apresentam melhora clínica e redução da febre em 3 a 7 dias após o início do tratamento. 

No entanto, o tempo de recuperação pode variar de acordo com o tipo de microrganismo envolvido, sendo as infecções estafilocócicas mais lentas para responder. A ecocardiografia seriada é útil para avaliar a resposta ao tratamento e a redução do tamanho da vegetação. 

Conclusão

Até aqui, exploramos os principais aspectos relacionados à endocardite, discutimos os sintomas, as causas e fatores de risco, bem como os métodos de diagnóstico utilizados para identificar essa condição. 

Além disso, abordamos as opções de tratamento, incluindo o uso de antibióticos intravenosos, a consideração da cirurgia valvar cardíaca e os cuidados necessários ao longo do tempo.

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