Diagnóstico de enterocolite através do US
Ultrassom permite diagnóstico mais precoce da enterocolite necrosante. No entanto, nem todo neonatologista domina a técnica para usá-la a beira-leito durante a avaliação clínica
A enterocolite necrosante (NEC) é a emergência gastrintestinal mais comum entre os recém-nascidos, ocorrendo em entre 1% a 8% das admissões neonatais em UTIs. Essa doença representa uma das principais causas de intervenção cirúrgica entre RNs, sendo associada a taxas de mortalidade de até 50%(2).
O que é a enterocolite necrosante?
Normalmente o quadro é um guarda-chuva para diversas doenças:
- Perfuração intestinal espontânea;
- Necrose intestinal por isquemia;
- Anomalias congênitas do intestino (que mimetizam a NEC);
- Enterocolites por intolerância alimentar;
- NEC clássica.
São diversos os fatores relacionados ao surgimento desses quadros. Dentre os que pesam mais temos:
- Imaturidade intestinal;
- Imaturidade imunológica;
- Regulação circulatória – tônus vascular.
Provavelmente isso explica porque a maior parte dos casos ocorrem em recém-nascidos e prematuros: mais de 90% dos RNs afetados têm idade gestacional inferior a 37 semanas.
É comum que o bebê com o quadro apresente três fatores intestinais:
- Lesão isquêmica anterior
- Colonização bacteriana
- Substrato intraluminal
Fatores de risco
Além da prematuridade, estão entre os fatores de risco para a enterocolite necrosante:
- Alimentação com leite não humano;
- Alteração do microbioma intestinal (disbiose);
- Anemia;
- Asfixia ao nascimento;
- Doenças cardíacas congênitas;
- Exsanguinotransfusões;
- Recém-nascido pequeno para a idade gestacional;
- Tempo de ruptura prolongado das membranas com aminiotite.
Sintomas da enterocolite necrosante
Normalmente o bebê pode apresentar os seguintes sinais:
- Dificuldades para se alimentar;
- Resíduos gástricos sanguinolentos ou biliosos;
- Êmese biliosa;
- Íleo manifestado por distensão abdominal;
- Sangue aparente ou nas fezes.
Qual o papel do US no diagnóstico da enterocolite necrosante?
A ultrassonografia abdominal pediátrica é uma ferramenta importante no diagnóstico da enterocolite necrosante por conseguir uma visualização mais precoce. Ela permite a visualização de:
- Fluído intra-abdominal – ascite;
- Peristalse intestinal;
- Espessamento ou afinamento das paredes de alças;
- Hipercogenicidade da parede de alça – inflamação;
- Perfusão intestinal
O problema da técnica, no entanto, é que ela depende muito do nível de experiência do observador e também da disponibilidade do aparelho para ser usado a beira-leito. Apesar do ultrassom ser compacto e de fácil execução, é preciso disponibilidade do aparelho no hospital e pessoa treinado para usá-lo.
Achados ao US
Os achados ao US compatíveis como enterocolite necrosante são:
- Hiperecogenicidade da parede com perda da linha muscular
- Espessamento > 2,7 mm
- Aumento da perfusão intestinal
- Aumento da ecogenicidade pontual ou granular (Pneumatose intestinal)
- Afinamento < 1,0mm
- Redução da perfusão intestinal
- Gás na região portal
- Gás livre na cavidade (linhas ou focos ecogênicos com cauda de cometa)
- Líquido intraperitoneal livre anecoico
- Líquido intraperitoneal com ecos
- Coleções de líquidos focais com aspecto complexo
Confira abaixo exemplos:
Referências bibliográficas:
- MSD Manual, Versão para Profissionais de Saúde. Enterocolite necrosante. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-gastrointestinais-em-neonatos-e-beb%C3%AAs/enterocolite-necrosante. Acessado em: 18/11/2022