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Clareamento vulvar: como conduzir o procedimento?

O clareamento vulvar é um procedimento estético que visa uniformizar a tonalidade da pele na região genital externa. Pode-se realzar esse procedimento por meio de técnicas com cremes clareadores, peelings químicos, laser ou luz pulsada.

Um estudo publicado no Journal of Lower Genital Tract Disease revelou que cerca de 60% das mulheres entre 18 e 65 anos estavam insatisfeitas com a aparência estética de suas vulvas. Portanto, esse descontentamento poderão ser influenciados por diversos fatores, incluindo pressões sociais, padrões de beleza estabelecidos pela mídia e questões de autoestima.

No entanto, devse-se destacar que o clareamento vulvar não é apenas uma questão estética. Dessa forma, para algumas mulheres, a variação na tonalidade da pele na região genital pode estar associada a condições médicas, como hiperpigmentação pós-inflamatória, melasma ou dermatite de contato. Portanto, a busca pelo clareamento vulvar pode ter motivações tanto estéticas quanto médicas.

Anatomia da vulva

A vulva consiste na região externa dos órgãos genitais femininos e engloba diversas estruturas anatômicas. Para entender melhor o processo de clareamento vulvar, deve-se conhecer a anatomia dessa região.

As principais estruturas da vulva incluem os:

  • Lábios externos ou grandes lábios
  • Lábios internos ou pequenos lábios
  • Clitóris
  • Vestíbulo vaginal
  • Entrada da uretra.

A pele que cobre essas estruturas pode apresentar variações na cor e na textura, influenciadas por fatores como genética, idade, exposição solar e mudanças hormonais.

Dessa forma, a melanina consiste em um pigmento responsável pela cor da pele e, assim como em outras partes do corpo, sua produção sofre influência de diversos fatores. Em algumas mulheres, ocorre um aumento na produção de melanina na região genital, levando ao escurecimento da pele. Esses fatores podem ser agravado por atrito, depilação ou irritação crônica na área.

Fonte: DANGELO, J. G.; FATTINI, C. C. Anatomia sistêmica e segmentar. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 2007.

O monte do púbis consiste em uma elevação arredondada coberta de pelos e tecido adiposo, localizada sobre a sínfise púbica. Os lábios maiores são dobras cutâneas que se estendem do monte do púbis ao ânus, compostos por tecido subcutâneo e ligamentos, já os lábios menores, desprovidos de gordura, circundam o vestíbulo vaginal e possuem glândulas sebáceas e terminações nervosas. Assim, o clitóris é uma estrutura erétil, envolvida parcialmente pelos lábios menores, composta por corpos cavernosos. Os bulbos vestibulares são massas eréteis, enquanto as glândulas vestibulares maiores e menores secretam muco para lubrificação. Portanto, define-se a vagina como um tubo fibromuscular que se estende do óstio vaginal ao útero, servindo como canal de cópula e parto.

Como examinar uma paciente com queixa de escurecimento vulvar?

Examinar uma paciente com queixa de escurecimento vulvar requer sensibilidade e profissionalismo para garantir conforto e precisão no diagnóstico.

Deve-se realizar uma anamnese detalhada para entender a queixa da paciente, incluindo há quanto tempo ela percebeu o escurecimento vulvar, se há sintomas associados (como prurido, dor ou secreção) e se houve algum evento ou condição médica recente que possa estar relacionado ao escurecimento.

Durante o exame físico, deve-se ocorrer a inspeção visual da região genital externa, incluindo o monte do púbis, os lábios maiores e menores, o clitóris, o vestíbulo vaginal e a entrada da uretra. Deve-se observar qualquer alteração na cor, textura, presença de lesões ou outras anormalidades. Além disso, durante a palpação é necessário observar se há qualquer anormalidade palpável, como nódulos ou áreas de sensibilidade aumentada.

Fatores que causam escurecimento vulvar

O escurecimento vulvar pode ser causado por uma variedade de fatores, que podem ser de origem fisiológica, hormonal, ou relacionados a condições médicas ou hábitos de vida.

Hormônios

Alterações hormonais, como aquelas que ocorrem durante a gravidez, menstruação, menopausa ou uso de contraceptivos hormonais, podem afetar a pigmentação da pele na área vulvar.

Idade

Com o envelhecimento, há uma diminuição na produção de colágeno e elastina na pele, portanto isso pode levar ao escurecimento da região vulvar.

Fricção

A fricção constante devido ao uso de roupas apertadas, prática de atividades físicas intensas ou atividades sexuais pode causar irritação e escurecimento da pele na área vulvar.

Obesidade

Pessoas com excesso de peso podem apresentar maior propensão ao escurecimento da pele. Isso ocorre devido ao atrito constante e à acumulação de gordura na região pubiana.

Uso de produtos químicos

O uso frequente de produtos de higiene íntima agressivos, como sabonetes perfumados ou produtos de depilação, pode irritar a pele e contribuir para o escurecimento vulvar.

Predisposição genética

Algumas pessoas podem ter uma predisposição genética ao escurecimento da pele na região vulvar, o que pode ser influenciado por características étnicas e raciais.

Tabagismo

Estudos sugerem que o tabagismo pode estar associado ao escurecimento da pele devido aos efeitos negativos do fumo na microcirculação e oxigenação dos tecidos.

Como conduzir os tipos de tratamento para clareamento vulvar?

Existem diferentes abordagens para o clareamento vulvar, que variam em termos de eficácia, segurança e custo.

Cremes clareadores

Os cremes clareadores contêm ingredientes ativos, como:

  • Hidroquinona
  • Ácido kójico
  • Azelaico
  • Ácido fítico, que ajudam a inibir a produção de melanina e promover o clareamento da pele.

Eles geralmente são aplicados diamente na área afetada, mas seu uso prolongado pode estar associado a efeitos colateriais, como irritação cutânea e hiperpigementação de rebote.

É fundamental também que o paciente use protetor solar diariamente, mesmo na área genital, para proteger a pele clareada dos efeitos nocivos dos raios solares e evitar o escurecimento futuro da pele.

Além disso, como com qualquer produto para a pele, recomenda-se realizar um teste de sensibilidade antes de usar o creme clareador pela primeira vez, especialmente em uma área pequena da pele. Se ocorrer irritação ou reação alérgica, interrompa o uso imediatamente e consulte um dermatologista

Peelings químicos

Os peelings químicos envolvem a aplicação de ácidos na pele para remover as camadas superficiais e promover a regeneração celular. Ácidos como o ácido glicólico, ácido salicílico ou ácido tricloroacético podem ser usados ​​para clarear a pele na região genital.

Dessa forma, antes de realizar o procedimento, o paciente passa por uma avaliação inicial com um dermatologista ou esteticista. Durante essa consulta, são discutidos os objetivos do tratamento, a avaliação da pele, o tipo e a gravidade das manchas, além de quaisquer condições médicas pré-existentes que possam afetar a segurança ou eficácia do procedimento.

Assim, prepara-se cuidadosamente a pele para remover qualquer sujeira, óleo ou maquiagem. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de preparações pré-peeling para preparar a pele, como o uso de ácidos suaves ou agentes despigmentantes tópicos. Deixa-se o agente clareador na pele por um período específico de tempo, que varia de acordo com o tipo de peeling e a tolerância da pele do paciente. Após o tempo determinado, neutraliza-se o agente clareador ou o remove com água ou solução neutralizante.

Além disso, após o procedimento, deve-se fornecer orientações sobre os cuidados pós-peeling, que podem incluir o uso de hidratantes, protetor solar de amplo espectro e evitação de exposição solar excessiva. Os peelings químicos podem causar desconforto temporário e exigem cuidados pós-tratamento para evitar complicações.

Procedimentos a laser ou luz pulsada

Os procedimentos a laser ou luz pulsada visam destruir seletivamente as células produtoras de melanina na pele, promovendo assim o clareamento da área tratada.

Esses procedimentos podem ser mais eficazes e proporcionar resultados mais rápidos em comparação com outros métodos, mas também podem ser mais caros e requerem múltiplas sessões para alcançar resultados satisfatórios.

Além disso, os procedimentos a laser ou luz pulsada na vulva são opções de tratamento utilizadas também para melhorar a aparência, reduzir a pigmentação irregular, tratar condições como atrofia vaginal, promover a regeneração tecidual e até mesmo auxiliar na saúde sexual feminina.

Como o paciente pode evitar o escurecimento vulvar?

Para evitar o escurecimento vulvar, os pacientes podem adotar medidas preventivas e cuidados específicos para manter a saúde da região genital. Algumas condições médicas, como a:

  • Obesidade
  • Diabetes
  • Desequilíbrios hormonais

Podem contribuir para o escurecimento da pele na vulva. Assim, controlar essas condições com orientação médica pode ajudar a prevenir alterações na pigmentação.

Além disso, a limpeza adequada da área genital é fundamental para prevenir infecções e irritações que podem levar ao escurecimento da pele. Recomenda-se lavar a área com água morna e um sabonete suave, evitando produtos perfumados ou irritantes.

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Referências

  • MOORE, Keith L.  Anatomia orientada para a clínica. 7. ed.  Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
  • DANGELO, J. G.; FATTINI, C. C. Anatomia sistêmica e segmentar. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 2007.
  • REVISTA BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA. Tratamentos estéticos da região genital feminina: uma revisão sistemática. Disponível aqui.
  • Clerico C, Lari A, Mojallal A, Boucher F. Anatomy and Aesthetics of the Labia Minora: The Ideal Vulva? Aesthetic Plast Surg. 2017 Jun;41(3):714-719. DOI: 10.1007/s00266-017-0831-1 DOI: https://doi.org/10.1007/s00266-017-0831-1.