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Escleroterapia com espuma: como aplicar esse procedimento para varizes e vasos

Entenda o que é a escleroterapia com espuma, como esse procedimento é aplicado e quais são os cuidados prévios e pós procedimento. Boa leitura! 

Escleroterapia com Espuma é um procedimento minimamente invasivo utilizado no tratamento de doenças venosas, como varizes e vasos. Neste artigo, vamos explorar de forma abrangente essa técnica inovadora e eficaz, fornecendo informações valiosas para médicos interessados nesse campo.

Se você é um médico que busca se especializar em um procedimento avançado para o tratamento de varizes e vasos, a Escleroterapia com Espuma é uma opção promissora a ser considerada. Continue a leitura e confira!

O que é Escleroterapia?

escleroterapia é uma técnica médica amplamente utilizada para tratar e reduzir a aparência de veias dilatadas, principalmente em membros inferiores. É um procedimento pouco invasivo que consiste na aplicação de uma substância esclerosante nas veias afetadas. 

A substância é injetada diretamente nas veias problemáticas, causando irritação na parede dos vasos sanguíneos, o que causa o endurecimento e posterior fechamento das veias, promovendo uma eliminação gradual ao longo do tempo.

Esse procedimento não apenas melhora a aparência estética das pernas, mas também alivia os sintomas desconfortáveis ​​associados às varizes, como dores, inchaço e sensação de peso nas pernas. Além disso, também é possível utilizar esse método para tratar veias dilatadas em outras áreas do corpo, como hemorroidas ou hidrocele.

As veias varicosas são veias subcutâneas dilatadas com três milímetros ou mais de tamanho. Essas varicosidades envolvem tributárias safenas e não safenas da coxa e panturrilha, como vemos abaixo:

Varizes graves. Fonte: Bickley LS e Szilagyi P. Bates’ Guide to Physical Examination and History Taking, 8ª Ed. Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins 2003.

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Quem pode fazer Escleroterapia?

Quem pode fazer Escleroterapia?

A escleroterapia é indicada para a grande maioria dos casos em que o paciente possui doença venosa crônica, com sintomatologia e sinais persistentes e refratários ao tratamento médico. Ainda, é uma opção popular entre as mulheres que sofrem com essa condição e desejam eliminar esses problemas estéticos e melhorar a qualidade de vida.

No entanto, a escleroterapia não se aplica a pacientes que apresentam sinais de trombose venosa aguda (superficial, profunda). Ainda, as sociedades recomendam que gestantes adiem esse tratamento para depois do parto, devido a não aprovação pelo FDA dos agentes esclerosantes durante a gravidez. A diebetes e doença arterial periférica são consideradas contraindicações relativas, dependendo da natureza e extensão da escletoterapia.

No entanto, é fundamental ressaltar que a escleroterapia é um procedimento invasivo que requer habilidades médicas específicas para ser realizado com segurança e eficácia. Portanto, apenas um médico especializado pode realizar esse tratamento.

Um médico angiologista ou cirurgião vascular poderá analisar a gravidade das varizes, o estado de saúde geral do paciente e quaisquer condições médicas pré-existentes que possam afetar o procedimento. Com base nessa avaliação, o profissional indicará a modalidade mais adequada de escleroterapia.

Por esse motivo, é importante que o profissional se alinhe com a paciente quanto às expectativas do resultado do tratamento, bem como possíveis complicações. Os pacientes tratados para fins estéticos, em especial, devem compreender a imprevisibilidade dos resultados da técnica. É importante que sejam informados de que as veias ficarão mais claras e menos visíveis, no entanto, podem não desaparecer completamente. A hiperpigmentação é uma complicação relativamente comum e que normalmente são necessários vários tratamentos para alcançar o efeito desejado.

Hiperpigmentação após escleroterapia. Fonte: New Zealand Dermatological Society Incorporated (DermNetNZ.org), 2009.

Método de aplicação da escleroterapia

A escleroterapia pode ser administrada por dois principais métodos: com líquido ou com espuma. Ambos os métodos envolvem a aplicação de uma substância esclerosante nas veias afetadas, o que leva a irritação dos vasos sanguíneos. 

Escleroterapia com líquidos

As opções de soluções líquidas esclerosantes disponíveis são: 

  • Solução salina (soro fisiológico): similar à concentração salina do corpo humano. Diante das outras opções não é a mais usada nem a mais eficiente, mas é uma opção. 
  • Polidocanol: sintético, muito usado. Causa lesões nas células endoteliais venosas. A dosagem máxima de polidocanol depende do peso do paciente;
  • Tetradecil Sulfato de Sódio: frequentemente usado para tratar veias maiores e mais profundas;
  • Glicerina cromada: também usado para tratar veias maiores, porém menos comum devido a possíveis reações alérgicas;
  • Concentrado glicérico: extrato vegetal usado como esclerosante em alguns casos. Pode ser uma opção para pacientes que preferem métodos mais naturais. A quantidade máxima recomendada por sessão é de 10 mL

Escleroterapia com espuma

Na técnica da escleroterapia com espuma, o médico administra uma injeção contendo uma substância esclerosante chamada polidocanol nas veias que fornecem sangue aos vasinhos visíveis na pele. Indicado especialmente para vasos e varizes com até 4 mm de diâmetro, embora ainda não haja um conjunto substancial de estudos que atestem sua eficácia em veias de maior calibre.

Semelhante à abordagem da escleroterapia com glicose, o procedimento com espuma pode ocasionalmente causar certo desconforto durante a aplicação, mas, em geral, a maioria dos pacientes tolera bem essa sensação temporária.

É fundamental salientar que o tratamento não é aconselhado para pessoas alérgicas ao polidocanol, que tenham histórico de embolia pulmonar, mulheres grávidas e indivíduos idosos. 

O número de sessões necessárias varia em consonância com a condição de saúde do paciente, com um intervalo mínimo de cinco dias entre cada sessão para garantir uma abordagem progressiva e eficaz.

Possíveis efeitos colaterais ao paciente

Embora a escleroterapia seja considerada um procedimento de baixa complexidade, é importante estar ciente dos possíveis efeitos colaterais, os quais costumam ser temporários e desaparecer em alguns dias. 

Esses efeitos dependem muito do agente esclerosante utilizado, como explanado acima. Os efeitos mais comuns são:

  • Incluem dor;
  • Ulceração;
  • Urticária;
  • Hiperpigmentação;
  • Esteiras telangiectásicas.

As reações alérgicas ocorrem em menos de 1% das pacientes. Caso se manifeste uma reação local ou sistemática, a sessão de escleroterapia deve ser encerrada e os protocolos padrão de anafilaxia devem ser seguidos.

É fundamental que o médico especialista forneça todas as informações necessárias sobre os possíveis efeitos colaterais ao paciente antes de realizar o procedimento de escleroterapia, garantindo assim uma decisão informada e segura. Quanto à dor, está mais associada à aplicação de glicerina, especialmente quando não administrada lidocaína.

A ulceração ocorre quando o agente esclerosante extravasa para a veia e tecido subcutâneo. Por isso, um cuidado que deve ser tomado é a garantia de que a agulha está posicionada dentro da veia. 

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Preparação para o procedimento

Ao orientar seus pacientes antes do procedimento de escleroterapia, é essencial fornecer informações relevantes e cuidados específicos para garantir a segurança e o sucesso do tratamento.

Faça uma avaliação pré-procedimento: 

  • Realize uma avaliação completa do histórico médico do paciente e um exame físico detalhado. Isso ajudará a identificar quaisquer condições de saúde subjacentes que possam afetar o procedimento ou aumentar os riscos; 
  • Peça ao paciente que forneça informações importantes sobre seu histórico médico, incluindo a presença de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, problemas de saúde recentes ou intervenções cirúrgicas realizadas;
  • Verifique se o paciente está utilizando medicação contínua ou recente, como anti-inflamatórios, antibióticos ou contraceptivos orais. Algumas substâncias podem interferir na resposta do corpo à escleroterapia; 
  • Pergunte sobre possíveis alergias conhecidas e hábitos de risco do paciente, como o tabagismo. 

Ao fornecer informações detalhadas e orientações cuidadosas aos pacientes antes do procedimento de escleroterapia, os profissionais de saúde podem garantir que os pacientes estejam bem preparados e confiantes em sua decisão de realizar o tratamento. Isso contribui para um processo mais seguro e eficaz, além de proporcionar uma experiência positiva para o paciente.

Cuidados pós-realização da Escleroterapia

Após realizar a escleroterapia é essencial adotar uma série de cuidados para garantir o sucesso da aplicação e minimizar qualquer tipo de complicação.

Durante as primeiras duas semanas após o tratamento, é crucial fazer algumas indicações ao paciente. A seguir, listamos as principais:

  • Proteção contra a exposição solar. A radiação solar pode resultar em manchas e na hiperpigmentação da pele. Por isso, a proteção solar de amplo espectro é recomendada e deve ser indicada para a paciente.  
  • Redução do uso de salto alto. O uso do salto prejudica a circulação venosa dos membros inferiores por diversos motivos, como a pressão aumentada na dianteira dos pés e a diminuição da atividade muscular da panturrilha. Incentive seus pacientes a reduzirem o uso de salto alto e a optarem por calçados confortáveis e de salto baixo durante as primeiras semanas.
  • Exercícios físicos de baixo impacto durante as primeiras semanas após o procedimento. Essas atividades intensas podem comprometer a cicatrização. Sugira alternativas de exercícios de baixo impacto, como caminhadas leves, natação ou alongamentos.
  • Uso de meias elásticas de alta compressão. Elas auxiliam na circulação e contribui para a recuperação mais eficaz.
  • Incentive seus pacientes a evitar ficar em pé ou sentados por longos períodos, pois isso pode dificultar a circulação sanguínea e causar desconforto. Oriente-os a fazer pequenas pausas para caminhar ou elevar as pernas, sempre que possível, especialmente nos primeiros dias após o tratamento.
  • É recomendado que os pacientes evitem depilar a área tratada nas primeiras 24 horas após a escleroterapia. A remoção dos pêlos nesse período pode irritar a pele sensibilizada, atrasar a cicatrização ou levar a complicações. Explique aos pacientes a importância de aguardar o tempo necessário antes de retomar a depilação. Reforçar essas orientações aos seus pacientes ajudará a promover uma recuperação segura e eficaz após a escleroterapia.

Domine a escleroterapia com espuma

Em busca de aprimorar suas habilidades nesta técnica de maneira abrangente, o Cetrus apresenta o Curso Prático de Escleroterapia com Espuma Ecoguiada. Neste curso, os participantes irão:

  • Adquirir a capacidade de realizar procedimentos de Escleroterapia com Espuma Ecoguiada de forma hábil e segura;
  • Estar sempre atualizados com as últimas abordagens no tratamento das varizes dos membros inferiores através desta técnica;
  • Aprender os critérios fundamentais da ultrassonografia Doppler para a seleção criteriosa de pacientes e o acompanhamento pós-procedimento.

Este curso oferece a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos e práticas na escleroterapia com espuma ecoguiada, capacitando os profissionais a oferecerem cuidados excepcionais e efetivos aos seus pacientes.

Referências 

  1. Injection sclerotherapy techniques for the treatment of telangiectasias, reticular veins, and small varicose veins. Sherry Scovell, MD, FACS. UpToDate
  2. Approach to treating symptomatic superficial venous insufficiency. Marc A Passman, MD. UpToDate