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Arritmia cardíaca: sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção da condição cardíaca

É médico e está em busca de mais informações sobre arritmia cardíaca? Então este conteúdo vai te ajudar a compreender melhor esse assunto.  Neste artigo, exploramos de forma abrangente a arritmia cardíaca, o que é a doença, quais são os tipos mais comuns, dados nacionais sobre ocorrência de mortes súbitas causadas por essa condição. Além disso, também apresentamos os sintomas que podem acometer os pacientes e como é feito o diagnóstico clínico e com exames complementares.

Por fim, falamos sobre essa condição cardíaca no contexto de pronto-socorro e atendimento de emergência. Continue a leitura e fique por dentro deste tema!

O que é arritmia cardíaca?

A arritmia cardíaca é uma condição que pode suscitar preocupações em nossos pacientes e demanda atenção clínica. Esse quadro é caracterizado por modificações no ritmo dos batimentos cardíacos, podendo apresentar-se como taquicardia, bradicardia ou com padrões irregulares. Como médicos, é fundamental entender a natureza dessas arritmias para proporcionar um tratamento adequado e cuidados compassivos aos nossos pacientes.

O coração, sendo uma estrutura complexa, é dotado de um sistema elétrico intrínseco responsável pela regulação dos batimentos cardíacos. O nó sinoatrial (ou nó sinusal) é o marcapasso natural que gera impulsos elétricos em intervalos regulares, coordenando a contração das câmaras cardíacas. Quando ocorre uma disfunção nesse sistema elétrico, pode resultar em arritmias cardíacas, com impactos variados à saúde do paciente.

Tipos comuns

As arritmias cardíacas representam uma preocupação significativa na prática médica, e é essencial compreender os diferentes tipos de arritmias para oferecer um tratamento adequado aos pacientes. Dentre os diversos tipos, três se destacam pela frequência com que ocorrem:

  • Taquicardia: nesta condição, o coração apresenta uma frequência acelerada, geralmente acima de 100 batimentos por minuto. Dependendo da origem da taquicardia, ela pode envolver os átrios ou os ventrículos. 
  • Bradicardia: ao contrário da taquicardia, na bradicardia, o coração bate mais lentamente, com menos de 60 batimentos por minuto.
  • Fibrilação Atrial: esta é uma das arritmias mais comuns, caracterizada por batimentos cardíacos rápidos e irregulares nos átrios. 

Dados nacionais sobre arritmia cardíaca

A arritmia cardíaca é uma condição que afeta muitos brasileiros e pode ter graves consequências para a saúde. De acordo com a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), a doença é responsável pela morte súbita de aproximadamente 300 mil brasileiros a cada ano. Estima-se que uma em cada quatro pessoas possa ser afetada pela arritmia ao longo da vida.

Diante dessas estatísticas preocupantes, é fundamental que os profissionais da saúde estejam preparados para diagnosticar e tratar a arritmia cardíaca

Sintomas e fatores de risco da arritmia cardíaca

As arritmias cardíacas podem apresentar diferentes sintomas, dependendo do tipo de arritmia e da gravidade. A seguir, destacamos os principais sintomas relacionados aos três tipos de arritmia mais comuns:

  • Taquicardia: os pacientes podem relatar sintomas como palpitações, tonturas ou falta de ar, o que pode afetar significativamente a qualidade de vida.
  • Bradicardia: pode levar à fadiga, fraqueza, tonturas e desmaios, prejudicando a capacidade do coração de fornecer sangue suficiente para o organismo.
  • Fibrilação Atrial: a fibrilação atrial pode predispor o paciente a complicações graves, como acidente vascular cerebral, destacando a importância de sua detecção precoce e tratamento adequado.

Além dos sintomas, é essencial considerar os fatores de risco associados ao desenvolvimento da arritmia cardíaca. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás, dentre os fatores de risco reconhecidos, incluem-se:

  • Tabagismo;
  • Hipertensão Arterial;
  • Dislipidemia;
  • Sedentarismo;
  • Diabetes;
  • Obesidade;
  • Estresse;
  • Consumo de Álcool;
  • História Familiar.

Diagnóstico e exames relacionados à arritmia cardíaca

O diagnóstico preciso da arritmia cardíaca é essencial para proporcionar o tratamento adequado e melhorar a qualidade de vida do paciente. 

A avaliação clínica detalhada é o ponto inicial no caso de suspeita de arritmia cardíaca. A partir dos sintomas relatados pelo paciente e investigação do histórico do paciente, o médico inicia análise do quadro a partir de exames para determinar se é arritmia cardíaca e qual tipo, para que o melhor tratamento e acompanhamento seja realizado.

Os exames listados a seguir são comumente utilizados por cardiologistas para avaliar a função cardíaca, identificar arritmias e determinar o tratamento adequado para cada paciente:

  • Exames de Sangue: permitem analisar parâmetros como índice glicêmico, coagulação sanguínea, dentre outras condições que podem estar associadas a fatores de risco, a partir disso, o médico pode analisar o impacto da arritmia no organismo e também entender se alguma condição pré-existente influenciou no surgimento da arritmia.
  • Eletrocardiograma (ECG): é um exame padrão para avaliar a existência de arritmias cardíacas, infarto do miocárdio ou bloqueios do sistema de condução cardíaco.
  • Teste Ergométrico Computadorizado: ajuda a avaliar a capacidade física do indivíduo e identificar arritmias cardíacas e isquemia miocárdica durante o esforço físico.
  • Ecocardiograma Transtorácico com Doppler: é um exame cardíaco que permite avaliar as estruturas cardíacas e o fluxo sanguíneo.
  • Ultrassonografia com Doppler: diagnóstico por imagem que permite avaliar o coração e o fluxo sanguíneo, fornecendo informações adicionais sobre a circulação do paciente.
  • MAPA (Medida Ambulatorial da Pressão Arterial): exame indicado para pacientes com suspeita ou diagnóstico de hipertensão arterial.

Recomendações para quem já foi diagnosticado com arritmia

Quando lidamos com pacientes que já foram diagnosticados com arritmia cardíaca, é fundamental fornecer orientações claras e abrangentes para que eles possam gerenciar sua condição de forma adequada. As recomendações a seguir visam auxiliar os pacientes a manter a saúde cardíaca e minimizar o risco de complicações decorrentes da arritmia:

  • É importante que os pacientes com arritmia cardíaca evitem o consumo excessivo de cafeína, álcool, nicotina e outras substâncias estimulantes.
  • O estresse e a ansiedade podem influenciar negativamente o ritmo cardíaco.
  • Os pacientes devem ser alertados sobre o uso cuidadoso de medicamentos que possam afetar o ritmo cardíaco, como descongestionantes e medicamentos para resfriados. 
  • A prática de atividade física é importante para a saúde geral, mas pacientes com arritmia cardíaca devem receber orientações sobre quais atividades são seguras para eles.
  • A desidratação pode afetar o equilíbrio de eletrólitos no corpo e aumentar o risco de arritmias. 
  • Os pacientes devem ser orientados a nunca tomar medicamentos ou suplementos sem a aprovação do médico.

Tratamento da arritmia cardíaca: opções medicamentosas e procedimentos

Foto de médico examinando arritmia cardiaca

As arritmias cardíacas são condições que requerem cuidados específicos para garantir o bem-estar do paciente. O tratamento pode ser realizado a partir da terapia farmacológica ou com intervenções mais direcionadas, como a ablação por cateter e o implante de dispositivos cardíacos eletrônicos (DCEI).

A terapia farmacológica tem o objetivo de controlar o ritmo cardíaco e prevenir a ocorrência de episódios de arritmia. Os medicamentos antiarrítmicos são prescritos com base no tipo de arritmia e na saúde geral do paciente. 

Quando os medicamentos não proporcionam resultados satisfatórios ou quando o paciente procura uma solução mais definitiva, as intervenções mais direcionadas podem ser recomendadas, a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas – SOBRAC aborda as seguintes opções terapêuticas:

Ablação por Cateter

Antes do procedimento, é realizado o estudo eletrofisiológico do coração, no qual um cateter elétrico sensível é usado para mapear o músculo cardíaco e identificar as áreas de atividade elétrica anormal que causam a arritmia.

Após o mapeamento, o médico realiza a ablação, destruindo seletivamente o tecido responsável pelos sinais elétricos problemáticos. Essa destruição cria cicatrizes nas áreas afetadas, interrompendo a propagação de sinais anormais e restabelecendo o ritmo cardíaco normal. 

A ablação por cateter é considerada um procedimento minimamente invasivo e, em muitos casos, bem-sucedido, permitindo que o paciente retome suas atividades normais após um curto período de recuperação.

Implante de Dispositivos Cardíacos Eletrônicos (DCEI)

Outra intervenção relevante para pacientes com arritmia cardíaca é o implante de dispositivos cardíacos eletrônicos (DCEI), que incluem marca-passos (MP) e cardioversores desfibriladores implantáveis (CDI).

O marca-passo é um dispositivo pequeno que ajuda o coração a manter um ritmo regular, enviando estímulos elétricos suaves e regulares para garantir uma frequência cardíaca adequada. O procedimento de implante é realizado sob a pele, geralmente abaixo da clavícula, e os fios conectados ao coração são responsáveis pela transmissão dos estímulos elétricos.

O cardioversor desfibrilador implantável (CDI) possui uma função dupla. Além de atuar como um marca-passo em casos de bradicardia (frequência cardíaca lenta), ele é fundamental na prevenção de paradas cardíacas em pacientes com alto risco de arritmias ventriculares fatais. Visualmente similar ao marca-passo, o CDI é acionado quando detecta um ritmo cardíaco anormal e caótico, administrando um choque elétrico para restaurar o ritmo normal.

Abordagem rápida em casos de arritmias no pronto-socorro

As arritmias cardíacas são emergências médicas que podem colocar a vida do paciente em risco. Quando um paciente com suspeita de arritmia chega ao pronto-socorro, é crucial que a equipe médica adote uma abordagem rápida e eficiente para avaliar e tratar a situação. A Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) apresenta informações sobre abordagem em casos de arritmias cardíacas em salas de emergência e UTI:

Avaliação Inicial

Assim que o paciente com suspeita de arritmia chegar ao pronto-socorro, é importante realizar uma avaliação inicial rápida. Verifique os sinais vitais, incluindo frequência cardíaca, pressão arterial, respiração e saturação de oxigênio. Se houver sinais de instabilidade hemodinâmica, como baixa pressão arterial ou frequência cardíaca muito alta ou muito baixa, inicie medidas para estabilizar o paciente imediatamente.

Monitoramento Cardíaco

O monitoramento cardíaco contínuo é essencial para identificar e caracterizar a arritmia. Realize um Eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações para diagnosticar o tipo específico de arritmia. O ECG fornecerá informações cruciais para orientar o tratamento adequado.

Oxigenação e Acesso Venoso

Garanta uma boa oxigenação do paciente, fornecendo oxigênio suplementar, se necessário. Estabeleça acesso venoso com pelo menos uma via para administrar medicamentos e fluidos, se necessário, para tratar a arritmia ou outras complicações associadas.

Tratamento Farmacológico

Inicie o tratamento farmacológico conforme a arritmia diagnosticada. Medicamentos antiarrítmicos podem ser usados para controlar o ritmo cardíaco e estabilizar o paciente. A escolha do medicamento dependerá do tipo e gravidade da arritmia, bem como das condições médicas preexistentes do paciente.

Cardioversão Elétrica

Em algumas situações, como taquiarritmias com instabilidade hemodinâmica, a cardioversão elétrica imediata pode ser necessária. Esse procedimento envolve a aplicação de uma corrente elétrica controlada para restaurar o ritmo cardíaco normal. Certifique-se de preparar adequadamente o paciente para a cardioversão, sedando-o, se necessário, e evitando complicações.

Situações que exigem solicitação de uma equipe de emergência

Certas situações de arritmia requerem uma intervenção mais rápida e especializada, além do atendimento padrão do pronto-socorro. Nestes casos, é essencial solicitar uma equipe de emergência para garantir uma abordagem mais adequada e sofisticada. Algumas situações que exigem essa ação incluem:

Instabilidade Hemodinâmica Grave

Se o paciente apresentar uma arritmia grave com instabilidade hemodinâmica significativa, como choque cardiogênico, parada cardíaca ou hipotensão profunda, é necessário chamar uma equipe de emergência para a realização de manobras avançadas de suporte de vida e possível intervenção cirúrgica imediata.

Arritmias Malignas

Arritmias consideradas malignas, como taquiarritmias ventriculares sustentadas, especialmente em pacientes com histórico de doença cardíaca estrutural ou arritmias malignas prévias, exigem uma abordagem mais especializada, que pode incluir o uso de dispositivos de ressincronização cardíaca ou desfibriladores implantáveis.

Complicações em Pacientes com Dispositivos Cardíacos Eletrônicos

Se um paciente com um dispositivo cardíaco eletrônico, como marca-passo ou cardioversor-desfibrilador implantável, apresentar complicações relacionadas à arritmia ou ao próprio dispositivo, é crucial solicitar a avaliação e intervenção de uma equipe de emergência especializada nesses dispositivos.

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Conclusão

Conforme vimos, a arritmia cardíaca é uma condição que afeta muitos pacientes e por diferentes fatores, desde hábitos a condições pré-existentes.

Além disso, também entendemos quais exames podem ser solicitados para identificar qual tipo de arritmia o paciente sofre para que o melhor tratamento seja recomendado.
Nesse contexto, compreendemos como lidar com casos de pacientes diagnosticados ou não com arritmia e que dão entrada em atendimentos de urgência e emergência. Por isso, indicamos que você continue buscando conhecimentos nessa área e acompanhe o curso de arritmia em emergências!