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Indicação de aplicação de infiltração musculoesquelética e benefícios

Confira neste artigo tudo que você precisa saber sobre a infiltração musculoesquelética para potencializar o seu atendimento clínico!

As infiltrações musculoesqueléticas consistem na aplicação de um ativo em uma região lesionada, visando o tratamento dela. Esse é uma área que está crescendo rapidamente em toda a medicina e isso, associado à segurança da ultrassonografia, permite tratamentos cada vez mais efetivos e com menor taxa de complicações.

O que é a infiltração musculoesquelética?

A infiltração musculoesquelética, também chamada de infiltração guiada por ultrassom ou simplesmente infiltração, é um procedimento no qual um medicamento é administrado diretamente em uma articulação, músculo, tendão ou outras estruturas musculoesqueléticas por meio de uma agulha.

Esse procedimento é realizado com o auxílio do ultrassom para orientar a agulha com precisão até o local alvo.

Ela é frequentemente usada para aliviar a dor, reduzir a inflamação e melhorar a função em pacientes que sofrem de condições musculoesqueléticas, como artrite, tendinite, bursite, lesões nos tendões, entre outras. Os medicamentos administrados durante o procedimento podem incluir corticosteroides para reduzir a inflamação, anestésicos locais para alívio imediato da dor e outros agentes, dependendo da condição específica do paciente.

O uso do ultrassom na infiltração musculoesquelética permite que o médico visualize as estruturas internas em tempo real, o que aumenta a precisão da administração do medicamento e reduz o risco de danos a estruturas adjacentes. Além disso, esse método minimiza o desconforto para o paciente e ajuda a alcançar resultados terapêuticos mais eficazes.

Quais são os agentes de infiltração?

A indicação da realização de infiltração musculoesquelética depende muito da condição do paciente, assim como o agente que será infiltrado. 

Os agentes mais comuns são: 

  1. Corticoides, como a triamcinolona ou betametasona. Esses agentes colaboram com a redução da inflamação e alívio da dor em condições como artrite, tendinite e bursite;
  2. Anestésicos locais, como a lidocaína e a bupivacaína, com alívio imediato da dor durante o procedimento;
  3. Ácido hialurônico, muito utilizado para as infiltrações intra-articulares, especialmente na osteoartrite. Nesse caso, o ácido favorece a lubrificação e amortecimento nas articulações afetadas;
  4. Plasma rico em plaquetas (PRP), com o sangue do próprio paciente, promove a regeneração de tecidos e acelerar o processo da cicatrização em lesões musculoesqueléticas;
  5. Agentes esclerosantes, como o álcool absoluto, é recomendado em casos de cistos ou outras condições, com o objetivo de encolher ou destruir os tecidos anormais;
  6. Antibióticos, para infecções articulares ou periarticulares. 

Indicações da infiltração musculoesquelética

Várias são as condições bem indicadas para a infiltração musculoesquelética, principalmente sendo o objetivo o alívio da dor e a redução da inflamação. 

As variedades de artrites, como a reumatoide, psiriásica ou inflamatórias, bem como tendinites e bursites (de ombro, quadril ou joelho) são as que mais protagonizam as infiltrações. Algumas outras são: 

  • Síndrome do túnel do carpo, especialmente em casos de compressão do nervo mediano no punho;
  • Lesões ligamentares, para alívio da dor e inflamação;
  • Fascite plantar, para dor crônica no calcanhar;
  • Cistos sinoviais, no tratamento específico para articulações;
  • Lombalgias crônicas;
  • Esporão do calcâneo;
  • Fraturas por estresse;
  • Lesões esportivas, dentre outras. 

Onde pode ser usada?

É importante que o médico tenha em mente que a indicação da infiltração não depende apenas da intensidade da dor, mas de uma avaliação completa da condição do paciente. Entender como a dor está impactando na sua qualidade de vida é um excelente raciocínio a se estabelecer nesses casos. 

As infiltrações musculoesqueléticas podem ser usadas em diversas estruturas musculoesqueléticas, como:

  • Tendões;
  • Articulações;
  • Músculos;
  • Ligamentos;
  • Coluna.

A escolha do melhor tipo de agente varia conforme o tipo de lesão e o local. Tendinopatias, por exemplo, pedem fator de crescimento que contribua para sua regeneração, por ser uma região pouco vascularizada, de metabolismo baixo e com dificuldade de cicatrização”, explica o Dr. Ronaldo Lins. O médico é coordenador dos cursos intensivos Infiltração Musculoesquelética Guiada por UltrassomInfiltração da Coluna Guiada por Ultrassom e Infiltração Cervical Guiada por Ultrassom em Cadáver do Cetrus.

Benefícios das infiltrações

As infiltrações são usadas principalmente nos casos de dor e inflamação. É útil por entregar o agente adequado para lesão no local correto em que ele terá um efeito mais rápido ou eficaz. No entanto, como comentamos, a condição clínica geral do paciente orientará ou não a infiltração. 

Por isso, a infiltração mostra benefício quando outros tratamentos conservadores não proporcionam alívio suficiente. Ainda, se a dor retornar após um período de alívio, a infiltração pode ser considerada para gerenciar a recorrência.

Em alguns casos, a infiltração pode ser uma alternativa à cirurgia, especialmente se a cirurgia apresentar riscos significativos ou se o paciente preferir evitar uma intervenção cirúrgica. 

Vantagens

Além disso, possui vantagens como:

  • Baixo custo;
  • Grande acessibilidade;
  • Baixo risco quando guiada por ultrassom

Outro benefício da infiltração é, até mesmo, colaborar com a confirmação do diagnóstico médico. Assim, em caso de dúvida sobre a fonte da dor, a realização de infiltração local com posterior resolução da dor confirma a suspeita médica de sua origem. 

Para algumas condições musculoesqueléticas crônicas, como artrite reumatoide, a infiltração pode ser usada periodicamente para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Leia também: principais aplicações da Infiltração Musculoesquelética

Existem riscos?

Apesar dos riscos resultantes da infiltrações e outros tipos de intervenção musculoesquelética não terem sido totalmente eliminados, são bem pequeno.

De acordo com artigo publicado na revista científica Seminar in Interventional Radiology em 2015: “Em geral, as complicações nas intervenções MSK são raras, com sangramento e infecção os mais comuns encontrados. Outras complicações são ainda mais raras”.

Complicações apontadas em estudo

O estudo citado fala sobre algumas complicações possíveis, apesar da raridade, como:

  • Hemorragia, por envolverem penetração na pele, mas o risco é reduzido devido ao calibre pequeno das agulhas;
  • Infecção, em que as taxas são inferiores a 1%, mas podem ocorrer principalmente em paciente imunocomprometidos, com diabetes ou que recebam quimioterapia ou imunosupressores;
  • Atrofia de tecidos e pele adjacente, especialmente com o uso de corticosteroides, pode causar afinamento da pele e dos tecidos moles no local da infiltração, embora isso seja mais comum com infiltrações frequentes;
  • A infiltração nem sempre é eficaz em todos os casos, e o alívio da dor pode ser temporário. O paciente pode precisar de infiltrações adicionais ou outros tratamentos;
  • Em casos raros, os pacientes podem ser alérgicos a algum componente dos medicamentos ou agentes de infiltração usados. Isso pode resultar em reações alérgicas, como urticária, inchaço ou dificuldade respiratória.

A conclusão dos pesquisadores é de que “A orientação por imagem pode ajudar a minimizar o risco de acidentes com lesões nas estruturas adjacentes. Em última análise, é responsabilidade do intervencionista musculoesquelético adaptar qualquer procedimento à anatomia e comorbidades específicas de um paciente”. Ou seja, a experiência do médico que está realizando o procedimento também é fundamental para redução dos riscos.

Dr. Ronaldo Lins explica que algumas articulações, como o joelho, até conseguem ser infiltradas às cegas com uma boa técnica. No entanto, locais como coluna e quadril tem melhores resultados quando guiados por US.

Além disso, mesmo quando tratamos da coluna, as estruturas anteriores dela não são tão bem visualizadas ecograficamente, então pode ser melhor recorrer a outras técnicas de guia, como a radioscopia.

Avaliação e monitoramento do paciente

Antes mesmo do procedimento, o paciente deve ser investigado quanto ao seu histórico médico pessoal e especialmente sobre o uso de medicações ou infiltrações anteriores. 

Ao exame físico, checar a amplitude de movimento ou identificar pontos sensíveis para determinar a extensão da dor é importante. Feito isso, o médico, juntamente ao seu paciente, discutirá as opções e objetivos do tratamento, com muita clareza acerca de possíveis resultados. O paciente deve ser monitorado quanto à dor e desconforto durante o procedimento, que será realizado conforme as diretrizes. O bom treinamento do médico é primordial para o sucesso do procedimento.

A escolha do transdutor ideal para acompanhar a infiltração musculoesquelética guiada por ultrassom depende de vários fatores, incluindo a área anatômica a ser tratada, a profundidade da estrutura alvo e a resolução desejada. Diferentes transdutores têm características específicas que os tornam mais adequados para determinadas aplicações.

Monitoramento pós-procedimento

Após o procedimento, o médico deve acompanhar o progresso do paciente e avaliar a eficácia do tratamento. Nas consultas, a dor e a função musculoesquelética devem ser investigadas, além de identificar possíveis efeitos colaterais. 

A médio ou longo prazo, podem ser necessárias novas infiltrações. Acompanhar o sucesso da anterior é importante para entender se o agente infiltrado deverá ser trocado ou mantido na próxima infiltração. 

Caso surjam complicações, como infecções, hemorragias ou reações alérgicas, o médico deve diagnosticar e tratar prontamente essas condições. Ainda, o paciente deve ser educado sobre sinais de alerta de complicações e orientado a procurar assistência médica imediatamente em caso de problemas.

Leia também: por que fazer uma especialização médica com o Cetrus?

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Referências

  1. Wang, DT, et al. Complications in Musculoskeletal Intervention: Important Considerations. Semin Intervent Radiol. 2015 Jun; 32(2): 163–173.
  2. Efetividade da infiltração intra-articular guiada por imagem: comparação entre fluoroscopia e ultrassom. Scielo [https://doi.org/10.1016/j.rbr.2013.07.001]

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