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Ventriculomegalia fetal: como conduzir o tratamento do caso mais leve ao avançado?

Aprenda sobre as opções de tratamento para a ventriculomegalia, como essas opções podem ser conduzidas desde os casos mais leves aos mais graves. Boa leitura! 

É fundamental que os médicos estejam bem informados sobre as opções de tratamento da ventriculomegalia, uma vez que essa condição pode variar em gravidade e causas. 

Ter conhecimento das diferentes abordagens terapêuticas, desde a observação cuidadosa até procedimentos cirúrgicos complexos, permite aos médicos avaliar cada caso individualmente e tomar decisões informadas para garantir o melhor cuidado possível para os pacientes afetados.

Ventriculomegalia fetal: um breve resumo

A ventriculomegalia fetal é uma condição que descreve a dilatação dos ventrículos cerebrais do feto, e é importante notar que essa dilatação não está relacionada ao aumento da pressão causada pelo líquor de dentro para fora. Isso significa que a dilatação ventricular ocorre devido a causas como disgenesia cerebral ou atrofia cerebral, e não devido à pressão do líquor cerebral.

Durante o período pré-natal, é comum usar o termo “ventriculomegalia” quando os ventrículos fetais estão apenas discretamente maiores que o normal. Já o termo “hidrocefalia” costuma ser utilizado quando os ventrículos medem mais de 15 mm ou quando há evidências de um aumento significativo na pressão do líquor.

É importante destacar que a ventriculomegalia cerebral fetal é um achado relativamente comum durante o exame de ultrassonografia obstétrica do segundo trimestre. 

Em casos de ventriculomegalia leve isolada, pode se tratar de uma variante normal, mas também pode ser causada por diversos distúrbios que afetam o desenvolvimento neurológico, motor e/ou cognitivo do feto. 

Geralmente, a presença de outros achados anormais no exame está associada a esses casos, o que requer um acompanhamento cuidadoso durante a gestação.

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Tratamento da ventriculomegalia

O tratamento da ventriculomegalia fetal pode variar dependendo da gravidade da condição, da presença de causas subjacentes e de outros fatores individuais.

Em casos de ventriculomegalia fetal leve, o médico pode optar por realizar monitoramento regular por meio de exames de ultrassonografia para avaliar a progressão da condição.

Há casos em que a ventriculomegalia pode se resolver por si só ou permanecer estável ao longo da gestação.

Principal opção de tratamento da ventriculomegalia: derivação ventricular fetal (DFV)

No pré-natal, a principal opção de tratamento é a derivação ventricular fetal (DVF), especialmente em casos graves da condição. 

Durante esse procedimento, um shunt é inserido no cérebro do feto para desviar o excesso de líquido cefalorraquidiano para o espaço amniótico, aliviando a pressão no cérebro em desenvolvimento.

Segundo Falcão, em 2015, o procedimento deve ser feito no ponto Kocher, localizado de 2 a 3cm da linha média ou linha médio pupilar, evitando-se o seio sagital, e a 1cm anterior à sutura coronal, evitando a faixa motora. O cateter deve permanecer em média por 10 a 16 dias. 

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Tratamento da ventriculomegalia grave

Após o nascimento, em casos de ventriculomegalia persistente ou grave, pode ser necessária a colocação de uma DVP. Este shunt desvia o excesso de líquido do cérebro para a cavidade abdominal, onde o líquido é absorvido pelo organismo.O sistema de DVP é composto por vários componentes essenciais, como:

  • Cateter proximal (silicone): Este cateter é inserido no ventrículo cerebral do feto, permitindo a drenagem do excesso de líquido cefalorraquidiano.
  • Válvula: A válvula desempenha um papel crítico na regulação do fluxo de líquido cefalorraquidiano. Existem diferentes tipos de válvulas disponíveis, algumas são reguladas pela pressão intraventricular, enquanto outras são reguladas pelo fluxo de líquido. A escolha da válvula depende das necessidades do paciente.
  • Cateter distal (silicone): Este cateter se estende a partir da cabeça do feto, passando pelo corpo, logo abaixo da pele, até a cavidade peritoneal. É neste ponto que o líquido cefalorraquidiano é depositado para absorção.

Inserção do sistema de DVF

A inserção do sistema de DVF é um procedimento cirúrgico que requer anestesia geral, tanto para garantir o conforto da mãe quanto para a segurança do feto. 

O procedimento é delicado e requer habilidade médica especializada. Uma incisão é feita na pele do abdômen da mãe, e o cateter distal é cuidadosamente guiado até a cavidade peritoneal. 

O cateter proximal é inserido no ventrículo do cérebro do feto. Após a implantação, o sistema de DVP começa a funcionar imediatamente para aliviar a pressão intracraniana, desviando o excesso de líquido.

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Complicações possíveis da DVP 

Embora a DVF seja uma intervenção eficaz para lidar com a ventriculomegalia fetal, existem complicações potenciais a serem consideradas. Uma das complicações mais comuns é a ocorrência de infecções, devido à presença de dispositivos no corpo. 

Portanto, a vigilância cuidadosa e o manejo das infecções são essenciais. Além disso, a escolha da válvula e o monitoramento adequado são críticos para o sucesso do tratamento.

É importante notar que a decisão de realizar uma DVP é tomada após uma avaliação completa do paciente, levando em consideração a gravidade da ventriculomegalia, a presença de outras condições médicas e fatores individuais. 

A coordenação entre especialistas, incluindo obstetras, neonatologistas e neurocirurgiões pediátricos, é fundamental para garantir o tratamento mais apropriado e seguro para o feto.

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Tratamento de complicações, como hidrocefalia ou cistos aracnoides

Diferente da ventriculomegalia, a hidrocefalia é um termo usado quando há dilatação dos ventrículos cerebrais acompanhada de um aumento na pressão do líquor cerebral. Geralmente, a hidrocefalia é causada por obstruções na circulação desse líquido no cérebro. 

No entanto, quando se trata do feto, não é possível medir a pressão nos ventrículos, o que às vezes leva à confusão entre os termos “ventriculomegalia” e “hidrocefalia” quando aplicados ao feto. Pensando nisso, a hidrocefalia é uma possível complicação da ventriculomegalia. 

Ela pode ser tratada pela derivação ventrículo-peritoneal (DVP), procedimento comum no tratamento dessa condição, que já foi bem explicado acima. 

Utilização da derivação ventrículo-atrial (DVA) como alternativa à DVP

Em alguns casos, a derivação ventrículo-atrial (DVA) pode ser usada como alternativa à DVP. Nesse procedimento cirúrgico, o líquido cefalorraquidiano é drenado para a cavidade atrial, no coração. As indicações desse procedimento são: 

  • Quando a DVP não é uma opção apropriada devido a complicações prévias, anormalidades anatômicas ou outras razões médicas;
  • A hidrocefalia que não pode ser tratada de forma eficaz com outras abordagens, como medicações ou aspiração de cistos aracnoides, pode ser uma indicação para a DVA.

Por falar em cistos aracnoides, formam-se no cérebro do feto ou do recém-nascido, muitas vezes associados à dilatação dos ventrículos cerebrais, que caracteriza a ventriculomegalia fetal.

Eles são bolsas de líquido cefalorraquidiano que se formam entre as membranas aracnoides e piamater

Imagem destacando o Cisto Aracnoide.

A presença de cistos aracnoides na ventriculomegalia pode ser preocupante, uma vez que esses cistos podem exercer pressão sobre o tecido cerebral circundante, causando complicações neurológicas e motoras. 

O tratamento desses cistos depende da gravidade da condição e dos sintomas apresentados, e as abordagens podem incluir o seguinte:

  • Observação, em caso dos pequenos e assintomáticos, que podem se resolver por conta própria e não causar problemas significativos;
  • Aspiração por agulha, quando são maiores ou causam sintomas, como aumento da pressão intracraniana (PIC). A aspiração pode ser guiada por imagem, como USG ou RM;
  • Cirurgia, em casos mais complexos ou quando outras abordagens não são eficazes;
  • Tratamento das complicações neurológicas, por uma equipe médica especializada para monitorar a evolução da condição, avaliar a eficácia do tratamento e fazer ajustes conforme necessário.
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Tratamento ventriculomegalia grave: cirurgia fetal para descompressão do ventrículo

A cirurgia fetal para descompressão do ventrículo é um procedimento médico que pode ser considerado quando um feto é diagnosticado com ventriculomegalia fetal grave

As indicações para a cirurgia de descompressão do ventrículo são: 

  • Casos graves de ventriculomegalia fetal em que a dilatação dos ventrículos é significativa e representa um risco para o desenvolvimento neurológico do feto;
  • Em evidência de hidrocefalia com aumento da PIC. 

O procedimento cirúrgico é realizado no útero da mãe, antes do nascimento do feto, por meio de cirurgia minimamente invasiva, utilizando técnicas de fetoscopia

Durante a cirurgia, o cirurgião realiza uma ou mais das seguintes ações:

  • Realiza uma punção no cérebro do feto para drenar o excesso de líquido cefalorraquidiano;
  • Coloca uma derivação fetal temporária para desviar o líquido cefalorraquidiano do cérebro do feto para o abdômen da mãe;
  • Realiza procedimentos de coagulação ou cauterização para reduzir a produção de líquido cefalorraquidiano.

Após a cirurgia, a mãe é monitorada para garantir a saúde do feto e minimizar o risco de parto prematuro. 

Apesar de ser um procedimento necessário em alguns casos, é complexo e envolve riscos significativos, incluindo o risco de parto prematuro e infecção. A eficácia da cirurgia e o resultado para o feto dependem da gravidade da ventriculomegalia, da habilidade do cirurgião e do período de gestação em que o procedimento é realizado.

O acompanhamento médico e o monitoramento do feto são essenciais após a cirurgia para avaliar a resposta ao tratamento e fazer ajustes, conforme necessário. A decisão de realizar essa cirurgia é tomada após uma avaliação completa e discussão com a equipe médica especializada.

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Acompanhamento fetal após intervenção pré-natal

O acompanhamento fetal após a intervenção pré-natal de um paciente com ventriculomegalia é uma parte crítica do cuidado médico. 

Após a intervenção, seja ela cirúrgica ou outro procedimento, o acompanhamento visa monitorar a resposta do feto ao tratamento e avaliar o progresso da condição.

Exames de ultrassonografia fetal regulares são realizados para avaliar o tamanho e a forma dos ventrículos cerebrais, bem como a função cerebral. Isso ajuda a determinar se a intervenção foi eficaz em reduzir a dilatação.

Em alguns casos, a ressonância magnética fetal pode ser usada para fornecer imagens mais detalhadas do cérebro do feto e avaliar a anatomia cerebral com maior precisão.

Além das avaliações anatômicas, é importante monitorar o desenvolvimento neurológico do feto, incluindo movimentos, reflexos e comportamento. Isso pode ser feito por meio de ultrassonografia Doppler ou outros métodos de monitoramento fetal.

Consultas regulares com uma equipe médica especializada, incluindo obstetras, neonatologistas e neurologistas pediátricos, são necessárias para revisar os resultados dos exames e discutir o plano de cuidados em curso.

Entenda também: Por que fazer uma especialização médica com o Cetrus?

Quer se capacitar no diagnóstico de síndromes no feto? 

Uma opção de continuar seu processo de aprendizado no assunto é investir em uma capacitação completa em ultrassonografia obstétrica e morfológica. Com a especialização, o profissional de medicina se torna apto para fazer exames de altíssima qualidade de diagnóstico, o que faz toda diferença para o desenvolvimento da gestação e para a vida do feto. 

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Referências

  • Fetal cerebral ventriculomegaly. Mary E Norton, MD. UpToDate
  • Derivação Ventrículo Peritoneal (DVP), Neurochirurgie, ME. Especialistas em Neurocirurgia.

7 Replies to “Ventriculomegalia Fetal: Descubra como tratar casos leves e avançados”

  1. Ventriculomegalia ,com 13,5 quais as sequelas em um bebê ? Tem chance de diminuir ?

  2. sou a Silvia grávida 38 semana e descobrir hoje q meu bebê está ventriculomegalia,estou aparada me ajuda….

    1. Oi, Iae está tudo bem com seu bebê? Estava quanto? A ventriculomegalia?

  3. Orlando ventriculomegalia ,com ventrículo lateral com 16 mim ,tem o que fazer?com 18 semanas

  4. Orlando ventriculomegalia ,com ventrículo lateral com 16 mim ,tem o que fazer?

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