Princípios da reestruturação facial: o que preciso saber?
Revise os princípios da reestruturação facial, a anatomia facial, o envelhecimento e técnicas de preenchimento além de técnicas avançadas atualizadas na área. Boa leitura!
O avanço da medicina cosmética representa hoje saúde e bem-estar para os que desejam realizar uma reestruturação facial. Pensando nisso, conheça ou relembre pontos importantes dessa modalidade da medicina e se familiarize com ela, sabendo quando poderá beneficiar o seu paciente.
Anatomia facial: relembre a estrutura muscular da face
A anatomia da face envelhecida é altamente perceptível, afetando a autoestima e a qualidade de vida das pessoas. A literatura indica que a face é uma das primeiras áreas do corpo a mostrar os sinais do envelhecimento.
Na área ao redor dos olhos, durante o processo de envelhecimento, ocorre uma reconfiguração da região supramedial, levando ao aumento da proeminência da gordura palpebral.
Essa reconfiguração, juntamente com a acentuação do ângulo glabelar, resulta na descida da parte interna da sobrancelha e na formação de rugas na região da testa.
Além disso, devido à perda de volume ósseo e à retração da borda supraorbital, nota-se a formação de uma espécie de “capuz” na área externa do olho e a queda da sobrancelha.
Nas faces envelhecidas, essas mudanças também contribuem para um aprofundamento maior do sulco nasojugal.
Processos de envelhecimento: o que afeta?
No âmbito da dermatologia e cosmetologia, para que novas técnicas de reestruturação facial surjam é necessária a compreensão prévia dos processos que estão por trás do envelhecer.
Um dos processos de envelhecimento mais importantes envolve a perda de colágeno e elastina. O colágeno é uma proteína que proporciona firmeza e elasticidade à pele. Com o envelhecimento, a produção de colágeno diminui, resultando em uma pele menos firme e mais propensa a rugas e flacidez.
A elastina é outra proteína que contribui para a elasticidade da pele. À medida que envelhecemos, a elastina também se degrada, levando a uma perda de elasticidade e à formação de rugas e linhas de expressão.
Ainda, com o envelhecimento, ocorre uma redução na quantidade de gordura subcutânea. Isso pode resultar em áreas afundadas e aprofundamento de sulcos, tornando os ossos faciais mais proeminentes.
Ossos da face e o envelhecimento
Não menos importante, ao longo do tempo os ossos da face também passam por alterações. Os ossos da mandíbula e do maxilar podem se retrair, levando a uma redução na projeção da mandíbula e da maçã do rosto. A reabsorção óssea ocorre principalmente na área orbital, o que pode causar a formação de olheiras e uma aparência mais cansada.
Músculos faciais e o envelhecimento
Os músculos faciais também sofrem alterações com a idade. Eles podem enfraquecer ou se contrair de maneira irregular, contribuindo para a formação de rugas de expressão, como as rugas na testa e ao redor dos olhos.
Ácido hialurônico
O ácido hialurônico é uma substância natural que ajuda a manter a hidratação da pele. Com o envelhecimento, a produção de ácido hialurônico diminui, o que pode resultar em pele desidratada, perda de volume e rugas mais pronunciadas.
O envelhecimento da pele muitas vezes leva a uma distribuição irregular de melanina, resultando em manchas escuras, sardas e descolorações.
Na imagem abaixo, podemos comparar o processo de envelhecimento e observar as mudanças citadas nos tópicos acima. Observe especialmente a diminuição da projeção óssea, a perda de colágeno e gordura subcutânea e a distribuição de melanina no rosto.
Essas alterações combinadas contribuem para a perda da juventude e vitalidade da face, levando a uma aparência envelhecida.
Como resultado, muitas pessoas buscam procedimentos de reestruturação facial para combater esses efeitos do envelhecimento, restaurar o volume, suavizar rugas e melhorar a aparência geral da face.
Como realizar a avaliação do paciente?
A avaliação cuidadosa do paciente é um passo fundamental na reestruturação facial, e ela desempenha um papel crucial na obtenção de resultados satisfatórios e na satisfação do paciente.
Comece por obter uma história médica detalhada do paciente, incluindo informações sobre condições médicas pré-existentes, alergias, medicamentos em uso e qualquer histórico de cirurgia facial anterior. Isso é importante para identificar potenciais contraindicações ou riscos.
Realize uma entrevista detalhada com o paciente para entender suas preocupações e expectativas. Pergunte sobre o que eles desejam alcançar com o procedimento de reestruturação facial e qual é a motivação por trás desse desejo.
De maneira objetiva, examine a estrutura facial atual do paciente, incluindo a forma dos ossos faciais, a distribuição de gordura e a qualidade da pele. Ainda, avalie as proporções faciais do paciente, observando a relação entre diferentes características, como nariz, queixo, testa e olhos. Essa análise ajuda a determinar quais áreas podem ser melhoradas e como isso pode ser alcançado.
Outro ponto importante a ser tratado com os pacientes é discutir abertamente com o paciente sobre suas expectativas e metas. É importante estabelecer expectativas realistas, destacando o que pode ser alcançado com o procedimento e quais limitações podem existir.
Uma documentação com registros do paciente, através de fotografias e resultados de exames prévios deve ser muito bem realizada. Somente através disso um acompanhamento real ao longo do tempo poderá ser realizado.
Técnicas avançadas de reestruturação facial: fios tensores, laser facial e mais
Nos últimos anos muitas técnicas de reestruturação facial têm sido pesquisadas, sendo indicadas a partir das particularidades de cada paciente.
Fios tensores
Uma das técnicas mais bem aceitas e com excelentes resultados são os fios de sustentação. Eles são fios de sutura absorvíveis, considerados o material de escolha para melhora da sustentação facial. Dentre eles, temos os fios de polidioxanona (PDO) tem se demonstrado uma ferramenta muito disponível no mercado e de excelente mecanismo de absorção.
A reabsorção ocorre pelo processo de hidrólise, o que desencadeia a produção de fibroblastos, aumentando a neocolagênese local. Desta forma, além do efeito tensor realizado pelos fios de sutura, consegue-se a reposição do colágeno perdido no processo de envelhecimento, como destacado por Unal M et al, 2019., em Experiences of barbed polydioxanone (PDO) cog thread for facial rejuvenation and our technique to prevent thread migration.
Caso de tratamento com PDO
Abaixo, vemos a evolução do tratamento com PDO descrito no relato de caso:
Paciente M.J.P.M, 55 anos, tendo como queixa a pele do rosto muito flácida, com aspecto de “derretimento”, flacidez em pálpebras inferiores e perda de definição do contorno facial. História prévia: paciente já havia se submetido a blefaroplastia superior e inferior e lipoaspiração mecânica de papada.
Ao exame observou-se: flacidez evidente em terços médio e inferior da face; alto grau de elastose; deslocamento da gordura malar com flacidez acentuada em pálpebras inferiores; aprofundamento do sulco nasolabial; discrepância maxilo-mandibular, causando efeito de face côncava com falta de projeção mentual; flacidez e gordura submental, acentuando a papada.
Foi proposto tratamento:
- Fios PDO espiculados em ramo de mandíbula para melhorar contorno facial;
- Ácido hialurônico (AH) de alta reticulação como preenchedor dérmico de escolha para devolver suporte e volume em terço médio da face e mento.
Laser facial
O laser facial é uma outra técnica que vem se popularizando nos últimos anos, compondo o grupo de terapias menos invasivas. Desde a introdução da técnica de fototermólise seletiva por Anderson e Parrish, os lasers têm desempenhado um papel fundamental no tratamento do rejuvenescimento da pele.
No Brasil, essa abordagem começou a ser adotada na década de 1990. Inicialmente, os lasers de CO2 com comprimento de onda de 10.600 nm e os lasers de Erbium com comprimento de onda de 2.940 nm, ambos não fracionados de primeira geração, foram os primeiros a serem utilizados.
Os resultados obtidos com esses lasers foram muito promissores. No entanto, devido à sua capacidade de ablação completa da epiderme, ambos apresentam todas as possíveis complicações associadas à exposição total da derme durante o período pós-operatório (PO).
Abaixo, vemos diferentes esquemas de ação dos lasers. Na imagem (A) Laser ablativo convencional que provoca ablação completa da epiderme e derme. (B) . Laser não ablativo: não remove a epiderme e causa lesão térmica na derme. (C) Resurfacing fracionado não ablativo: deixa a epiderme intacta e cria colunas microscópicas de lesão epidérmica e dérmica. (D) Laser ablativo fracionado: forma colunas de ablação epidérmica e dérmica.
Microagulhamento
Assim como o laser, a técnica de microagulhamento teve início na década de 1990, apresentada por Orentreich.
A lesão induzida pelo microagulhamento desencadeia uma série de respostas no tecido. A perda de integridade tecidual leva à produção de novas fibras de colágeno, que são essenciais para reparar as fibras danificadas.
Além disso, ocorre a dissociação dos queratinócitos, a liberação de citocinas ativadas pelo sistema imunológico e a consequente vasodilatação na área afetada pela lesão. Isso cria um ambiente propício para a migração dos queratinócitos para a região lesionada, promovendo a restauração do tecido danificado.
Além dessas respostas fisiológicas, as microperfurações facilitam a permeação de substâncias ativas no tecido, potencializando os benefícios do tratamento.
Toxina butolínica: o que é levado em consideração para aplicá-la?
A toxina butolínica é produzida a partir da bactéria Clostridium botulinum, tendo sido liberada pelo Ministério da Saúde em 1992. Considerada uma das toxinas mais potentes que existe, é associada quando livre na natureza à intoxicações alimentares.
Para fins antienvelhecimento, a toxina botulínica é usada para dois tipos de rugas: estáticas e dinâmicas. As linhas estáticas são as rugas mais profundas, que estão gravadas no rosto da pessoa após um longo tempo franzindo a testa, sorrindo e levantando as sobrancelhas. Já as dinâmicas, são visíveis apenas ao fazer expressões faciais.
Assim como toda intervenção, a aplicação da toxina pode apresentar alguns efeitos colaterais leves, em geral. Podemos citar:
- Fraqueza muscular;
- Dificuldade para respirar;
- Dificuldades de falar;
- Urticária;
- Dor no peito;
- Perda de controle da bexiga.
A toxina botulínica atua prevenindo a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular, resultando em uma paralisia temporária e reversível dos músculos estriados.
Inicialmente, essa capacidade foi explorada principalmente em aplicações oftalmológicas, especialmente no tratamento do estrabismo. No entanto, a ideia de utilizar a toxina botulínica para fins estéticos surgiu a partir da observação de que o tratamento de distonias faciais levou a uma notável redução nas linhas e rugas nas áreas tratadas.
Segurança e ética do paciente
Quando se trata de procedimentos estéticos, é crucial que os médicos e profissionais da saúde adotem práticas seguras e éticas para garantir o bem-estar dos pacientes.
Pensando nisso, os profissionais que realizam procedimentos de reestruturação facial precisam possuir a formação e experiência adequadas na área da estética. Do contrário, isso pode representar perigo para a saúde do paciente.
Leia também: por que fazer uma especialização médica com o Cetrus?
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Referências
- Facial support wires, dermal fillers and electrocautery in orofacial harmonization: a clinical case report. Daniela Maria Balthazar Stivanin. 2022.
- Laser no rejuvenescimento facial. Surgical & Cosmetic Dermatology 2009;1(1):29-36.
- Microagulhamento – A terapia que induz a produção de colágeno – Revisão de Literatura. Albano, R.P.S 2018.
- Toxina Botulínica: Um estudo sobre as principais implicações de sua utilização. Rísia Buchholz Martino. Belo Horizonte, 2022.