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Ressonância magnética em diagnosticos diferenciais de síndromes parkinsonianas

por Larrie Laporte

A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa, com distúrbio de movimento caracterizado por tremor de repouso, rigidez e hipocinesia, devido à degeneração progressiva de neurônios dopaminérgicos na substância negra. É comum que, na suspeita de Parkinson, os exames de imagem não sejam necessários, sendo o diagnóstico predominantemente clínico. Em situações específicas, a Ressonância Magnética (RM) pode ser utilizada para excluir outras doenças ou confirmar o diagnóstico em casos atípicos.

A ressonância magnética do cérebro pode ser realizada para afastar anomalias estruturais específicas, como hidrocefalia, tumores ou infartos lacunares. Também pode ser útil em pacientes com suspeita de parkinsonismo atípico.

Achados típicos na RM convencional

A doença de Parkinson apresenta características que podem ser vistas na RM. Por exemplo em T1, podemos observar uma hiperintensidade leve das partes compactas e reticulares da substância negra e núcleos vermelhos (devido ao acúmulo de ferro) e a perda da leve hiperintensidade normal na substância negra devido à perda de neuromelanina.

Outra característica que pode indicar a doença de Parkinson é a ausência do sinal de cauda de enguia em T2* (GRE/SWI), que foi inicialmente considerado devido à perda de nigrosoma-1, mas isso provavelmente não é preciso. 

Dica prática: não é necessário realizar a ressonância magnética cerebral em pacientes que apresentam um quadro clássico de Parkinson, sem outros sinais neurológicos e que respondem bem à terapia com levodopa.

Achados por técnicas de RM Avançada

Existem técnicas avançadas de ressonância magnética que oferecem maior sensibilidade do que a RM convencional para detectar as correlações neuroimagem da neurodegeneração da doença de Parkinson e para separar a doença de Parkinson idiopática de síndromes parkinsonianas atípicas. Essas técnicas incluem volumetria por RM, espectroscopia por RM, imagem de transferência de magnetização, RM ponderada por difusão, RM por tensor de difusão e imagens de alta resolução (por exemplo, RM em 7 Tesla). 

Por exemplo, a perda de hiperintensidade nigral dorsolateral em sequências de RM sensíveis ao ferro em 3 e 7 T é observada em distúrbios parkinsonianos neurodegenerativos, incluindo a doença de Parkinson, a atrofia multisistêmica e a paralisia supranuclear progressiva, em comparação com controles saudáveis. No entanto, estudos adicionais são necessários para estabelecer a utilidade diagnóstica desses métodos.

LEIA MAIS: Parkinson: pesquisa e diagnóstico com US transcraniano

Diagnóstico diferencial de outras síndromes parkinsonianas

A avaliação visual das sequências T2 e T1 utilizando a imagem cerebral estrutural com RM convencional normalmente não mostra anormalidades em pacientes com DP inicial, sendo seu papel tradicional a detecção ou exclusão de outras patologias nos gânglios da base subjacentes, ou no tronco cerebral. Essas patologias incluem lesões vasculares ocupando espaço ou desmielinizantes nos gânglios da base, ou no tronco cerebral com parkinsonismo induzido por drogas, ou neurodegeneração com acúmulo de ferro no cérebro, hidrocefalia de pressão normal ou causas infecciosas.

Alguns achados mais específicos na ressonância magnética em estágios mais avançados pode revelar alterações no tamanho do mesencéfalo em casos de síndrome de supranuclear progressiva avançada, e atrofia do tronco cerebral e cerebelo em casos de atrofia multissistêmica. No entanto, a ressonância magnética convencional não é suficiente para diferenciar definitivamente outras síndromes parkinsonianas da doença de Parkinson.]

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Referências:

  1. Brooks, DJ. Imaging Approaches to Parkinson Disease. Journal of Nuclear Medicine Apr 2010, 51 (4) 596-609
  2. Schwarz, S.T., Rittman, T., Gontu, V., Morgan, P.S., Bajaj, N. and Auer, D.P. (2011), T1-Weighted MRI shows stage-dependent substantia nigra signal loss in Parkinson’s disease. Mov. Disord., 26: 1633-1638.
  3. Heim B, Krismer F, De Marzi R, Seppi K. Magnetic resonance imaging for the diagnosis of Parkinson’s disease. J Neural Transm (Vienna). 2017 Aug;124(8):915-964.
  4. Reiter E, Mueller C, Pinter B, Krismer F, Scherfler C, Esterhammer R, Kremser C, Schocke M, Wenning GK, Poewe W, Seppi K. Dorsolateral nigral hyperintensity on 3.0T susceptibility-weighted imaging in neurodegenerative Parkinsonism. Mov Disord. 2015 Jul;30(8):1068-76.
  5. Mahlknecht P, Krismer F, Poewe W, Seppi K. Meta-analysis of dorsolateral nigral hyperintensity on magnetic resonance imaging as a marker for Parkinson’s disease. Mov Disord. 2017 Apr;32(4):619-623.
  6. Kim PH, Lee DH, Suh CH, Kim M, Shim WH, Kim SJ. Diagnostic performance of loss of nigral hyperintensity on susceptibility-weighted imaging in parkinsonism: an updated meta-analysis. Eur Radiol. 2021 Aug;31(8):6342-6352.

Dra. Larrie Laporte

Médica pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Estatística pela Universidade Salvador. Formação em pesquisa clínica pela Harvard T.H. Chan School of Public Health. Possui interesse em medicina intensiva, cuidados paliativos, bioestatística e metodologia científica.