Passos para uma avaliação da dor na coluna lombar
Entenda cada uma das etapas necessárias para avaliação da dor na coluna lombar e como realizá-las da melhor forma
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dor lombar é a segunda mais prevalente no mundo, perdendo apenas para a dor de cabeça. 80% das pessoas já tiveram ou terão ao menos uma crise de dor na região. Outros dados mostram que perto de 15% apresentam essa condição de forma crônica. Ou seja, é uma reclamação extremamente comum em consultório.
E as causas são muitas, mas a principal se apresenta de muitos jeitos: a má postura nas atividades diárias (até mesmo ao dormir!) influencia em diversas estruturas da coluna como um todo, como músculos, hérnias de disco, nervos, entre outras.
Como avaliar a dor lombar do meu paciente corretamente?
Passo 1: História clínica
Quando o paciente chega em consultório reclamando de dores na região lombar, o primeiro passo é sempre coletar a história: há quanto tempo ele apresenta o sintoma, como ele senta no dia a dia, se ele pratica atividade física ou carrega peso em seu trabalho, entre outros pontos que considerar relevantes.
Passo 2: Inspeção e avaliação
O segundo passo é a inspeção e observação dos seguintes pontos:
- Postura, marcha, padrões de movimento, estado geral, psicológico, equilíbrio (Romberg);
- Paciente despido – observação anterior, posterior e lateral – alinhamento – Teste Adams;
- Procurar na pele: manchas, tumores, alterações de pele;
- Lombar – flexão 40-60º; extensão 20-35º; inclinação lateral 15-20º, rotação de 3-18º (testes combinados)
- Amplitude dos movimentos da coluna apresenta variações com a idade e sofre influência da flexibilidade das articulações e do grau de alongamento dos músculos isquiotibiais;
- Teste de Schober modificado: para identificar pacientes com limitação verdadeira da coluna lombar, feito em posição ortostática 15 cm (10 cm acima e 5c m abaixo proc espinhoso L5) = positivo se não ocorrer aumento de pelo menos 6 cm na flexão máxima
- Flexão – mm abdominais / extensão – eretores da coluna
Passo 3: Palpação
Depois de observar e pedir os movimentos ao paciente, é hora de sentir a coluna com as próprias mãos, seguindo as seguintes etapas:
- Cristas ilíacas (L4L5) e espinhas ilíacas (S2) pósterossuperiores e ânterossuperiores são bilateralmente palpadas para a verificação da horizontalização da bacia
- Processos espinhosos – procura de pontos dolorosos ou depressões (espondilolistese)
- Palpação musculatura paravertebral – contratura muscular/pontos-gatilhos (miofascial)
- Região anterior – musc abdominal – posição semi-sentada, verificar assimetria ou fraqueza muscular
- Toque retal nos pacientes que apresentam dor coccígea
- Articulação sacroliliaca
Passo 4: Classificação da força muscular
Graus de Força Muscular | Descrição |
5 – Normal | Mobilidade completa contra resistência acentuada e contra ação da gravidade |
4 – Boa | Mobilidade integral contra a ação da gravidade e de certo grau de resistência |
3 – Regular | Movimentos de amplitude normal contra a ação da gravidade |
2 – Fraca | Mobilidade em todos os sentidos normais, com eliminação da gravidade |
1 – Mínima | Sinais de discreta contratilidade, sem movimentos da articulação |
0 – Ausente | Não se observam sinais de contração muscular |
Fonte: De Jonghe et al. 2005
Passo 5: Avaliação de segmentos motores
Testes:
- L2 – flexão do quadril
- L3 – extensores do joelho
- L4 – dorsiflexão do tornozelo (marcha sobre os calcanhares)
- L5 – extensão do Halux
- S1 – flexão plantar do tornozelo (marcha sobre ponta dos pés)
Sinais de alerta
Infecção:
- Febre;
- Uso de drogas ilícitas injetáveis;
- Imunossupressão;
- Exposição à tuberculose.
Câncer:
- História atual ou prévia do câncer;
- Perda de peso sem motivo aparente;
- Idade acima de 50 anos;
- Persistência da dor por mais de um mês, apesar de tratamento adequado;
- Dor que não alivia com repouso;
- Dor noturna;
- Tabagismo.
Fratura:
- Osteopenia ou osteoporose conhecida;
- Idade cima de 50 anos;
- História de traumatismo.
Cauda equina ou lesão medular:
- Fraqueza progressiva dos membros inferiores;
- Perda do equilíbrio ou coordenação motora;
- Disfunção esfincteriana;
- Parestesia em sela.