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Transtorno de dependência de tela na infância desafia pediatras na era digital

Entenda os sinais do transtorno de dependência de tela e como os pediatras podem lidar com o quadro, conforme recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria.

O avanço tecnológico trouxe uma transformação na vida das crianças e adolescentes, que estão cada vez mais imersos no mundo digital. Esse cenário desafia os pediatras, que percebem o número crescente de crianças e adolescentes que dedicam uma parte substancial do seu tempo diário a dispositivos como smartphones, tablets e computadores.

Em meio a tantas opções de atividades online, como redes sociais, aplicativos e jogos eletrônicos, crianças e adolescentes apresentam uma série de comportamentos que preocupam familiares. Na prática clínica, os pediatras ouvem relatos de situações como a capacidade de passar longas horas diante dos dispositivos, isolamento social e comportamento agressivo, alertando para o desafio a ser enfrentado.

Neste artigo, exploraremos o impacto do uso excessivo de telas por crianças e adolescentes e quais as recomendações da Academia Americana de Pediatria e da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre o uso de telas na infância. Explicaremos também o que é o transtorno de dependência de tela e qual o papel dos pediatras na intervenção dessa condição de saúde mental.

Impacto do uso excessivo de telas por crianças e adolescentes acende alerta para saúde infantil

Crianças e adolescentes têm sido cada vez mais expostos a telas de diversos tipos, como smartphones, tablets, computadores e videogames. Nesse cenário, aplicativos, redes sociais e jogos online tornaram-se companheiros constantes nessa faixa etária, consumindo uma parte considerável do tempo diário de pacientes pediátricos.

No contexto da prática clínica, é comum que pediatras recebam queixas dos pais sobre o comportamento de seus filhos, destacando situações como:

  • necessidade excessiva de utilizar dispositivos com telas;
  • uso simultâneo durante as refeições;
  • capacidade de passar longas horas sem sentir fadiga diante das telas;
  • perda de interesse em outras atividades;
  • isolamento social;
  • comportamento agressivo;
  • uso escondido de equipamentos.

Diante dessas preocupações, torna-se essencial compreender os possíveis efeitos prejudiciais decorrentes dessa prática e a urgência de desenvolver a habilidade de identificar se o uso de telas por crianças e adolescentes é indiscriminado.

Riscos do uso excessivo de telas em crianças e adolescentes: identificando o transtorno de dependência de tela

A pesquisa conduzida pelo renomado psicólogo norte-americano Dr. Aric Sigman, publicada no Jornal da Associação Internacional de Neurologia Infantil, alerta para o transtorno de dependência de tela. Essa condição pode impactar a saúde em todas as faixas etárias, mas apresenta implicações mais sérias no desenvolvimento infantil.

Conforme os achados da pesquisa, crianças que sofrem desse transtorno tendem a manter uma conexão excessiva com dispositivos eletrônicos, comprometendo atividades fundamentais como alimentação, interação social e participação em outras formas de recreação.

Os sintomas associados ao transtorno de dependência de tela em crianças e adolescentes incluem:

  • insônia;
  • dores nas costas;
  • ganho ou perda de peso acentuado;
  • problemas de visão;
  • ansiedade;
  • isolamento social.

É importante destacar que o impacto negativo da dependência de tela pode ter consequências duradouras no desenvolvimento e bem-estar dessas crianças. Portanto, é fundamental adotar estratégias eficazes para lidar com esse problema e mitigar seus efeitos prejudiciais.

Impactos neurobiológicos decorrentes do vício em telas

A pesquisa de Sigman revela ainda implicações diretas do transtorno de dependência de tela para o desenvolvimento neurobiológico das crianças. Evidências apontam diferenças estruturais no cérebro, afetando áreas cruciais para o controle de impulsos, planejamento e organização.

Um dos resultados de destaque na pesquisa é o dano à área do cérebro chamada insula, responsável pelo desenvolvimento de empatia e compaixão. Essa descoberta levanta questões significativas sobre como o vício em telas pode impactar o desenvolvimento emocional e social de crianças e adolescentes.

Imagem ilustrativa de criança com transtorno de dependência de tela usando tablet nas refeições.
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Academia Americana de Pediatria: uso excessivo de telas na infância preocupa

Com o avanço tecnológico transformando a maneira como as crianças interagem com o mundo, a Academia Americana de Pediatria (AAP) reconhece a necessidade de atualizar suas diretrizes para abordar os potenciais riscos associados a esse fenômeno.

A preocupação central da AAP concentra-se nos possíveis impactos no desenvolvimento cerebral infantil, e vários estudos sugerem que o uso excessivo de telas pode estar associado a uma série de problemas, tais como:

  • atrasos no desenvolvimento da linguagem;
  • dificuldades de concentração;
  • distúrbios do sono.

Vale ressaltar que a plasticidade cerebral das crianças as torna mais suscetíveis a influências externas, tornando imperativo o estabelecimento de um equilíbrio no uso de dispositivos eletrônicos. Essa consideração reforça a importância de abordagens cautelosas no uso dessas tecnologias para garantir o desenvolvimento saudável e adequado das crianças.

O que recomenda a Academia Americana de Pediatria?

Refletindo a preocupação com os riscos apresentados pelo uso indiscriminado de telas na infância, a AAP recomenda medidas específicas:

  • crianças de 2 a 5 anos: o tempo de exposição a telas deve ser limitado a, no máximo, uma hora por dia;
  • bebês com menos de 18 meses: o acesso a dispositivos eletrônicos deve ser completamente evitado.

Essas orientações destacam os potenciais efeitos dessas tecnologias em estágios iniciais do desenvolvimento, enfatizando a importância das interações humanas e de outras formas de estímulo nesse período fundamental.

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Resposta da Sociedade Brasileira de Pediatria: recomendações sobre o uso de telas na infância

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta sobre os perigos relacionados ao uso indiscriminado de telas, salientando os impactos negativos no desenvolvimento da saúde mental e no comportamento, conforme os critérios estabelecidos pelo CID-11 para dependência digital.

Os apontamentos da SBP são coerentes com os resultados revelados pela pesquisa TIC Kids Online Brasil 2021, que analisou o padrão de uso da internet por crianças e adolescentes. Conforme os dados coletados, 93% dos brasileiros na faixa etária entre 9 e 17 anos, estão conectados à internet, totalizando cerca de 22,3 milhões de usuários.

Riscos identificados pela pesquisa

Outra pesquisa TIC Kids Online Brasil, divulgada em 2018, apresenta dados preocupantes acerca dos conteúdos acessados na internet por crianças e adolescentes. Conforme o estudo:

  • cerca de 20% dos participantes relataram ter entrado em contato com conteúdos sensíveis relacionados a alimentação ou sono;
  • 16% mencionaram ter encontrado informações sobre formas de autolesão;
  • 14% tiveram acesso a informações sobre modos de cometer suicídio;
  • 11% relataram experiências ligadas ao uso de drogas.

Além dessas questões, aproximadamente 16% dos entrevistados admitiram ter acessado imagens ou vídeos de teor sexual. Em adição, 25% disseram ter dificuldade em controlar o tempo de uso da internet, mesmo ao tentarem reduzir sua presença online.

Esses números evidenciam a necessidade de uma abordagem pediátrica cuidadosa em relação à segurança online de crianças e adolescentes, incluindo estratégias preventivas para lidar com os desafios apresentados pela era digital.

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Recomendações da SBP para auxiliar pediatras

Diante dos desafios enfrentados quanto ao uso da internet na infância, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) forneceu orientações para dar suporte a pediatras. As recomendações relacionadas ao uso excessivo de telas na infância incluem:

  • para crianças abaixo de dois anos, a exposição às telas deve ser evitada, mesmo que de maneira passiva;
  • na faixa etária de 2 a 5 anos, o tempo de tela deve ser limitado a no máximo uma hora por dia;
  • para crianças entre 6 e 10 anos, a orientação é limitar o tempo de tela a uma ou duas horas diárias;
  • adolescentes, na faixa de 11 a 18 anos, são aconselhados a limitar o tempo de tela e de jogos de videogame a duas ou três horas por dia. 

A SBP ainda sugere evitar o uso de telas durante as refeições e duas horas antes de dormir em todas as faixas etárias da infância e adolescência, evitando patologias relacionadas à saúde mental por má higiene do sono e gastrointestinais.

De olho na segurança online das crianças

Além das recomendações específicas por idade, a SBP sugere a implementação de regras para o uso de equipamentos e aplicativos. Utilizar senhas e filtros adequados para a família, bem como a promoção de momentos de desconexão e convivência familiar, são práticas adicionais encorajadas pela entidade.

A SBP também destaca a importância de ter atenção aos encontros online ou offline de crianças e adolescentes. Nesse cenário, os pediatras devem estar atentos aos relatos dos pais e responsáveis sobre interações online, incluindo conversas e jogos.

Alternativas recomendadas

Como alternativa ao uso indiscriminado de telas, a Sociedade Brasileira de Pediatria incentiva a promoção de atividades que favorecem o desenvolvimento físico, a criatividade e o bem-estar emocional de crianças e adolescentes. Entre essas atividades, destacam-se:

  • atividades físicas, estimulando o desenvolvimento motor e saúde física;
  • exercícios ao ar livre, favorecendo o movimento físico e a interação social;
  • contato direto com a natureza, promovendo uma conexão mais profunda com o ambiente ao redor.

Essas orientações da SBP visam reduzir os riscos associados ao uso excessivo de telas, promovendo hábitos saudáveis e um desenvolvimento equilibrado nessa faixa etária. 

Imagem ilustrativa de uma pediatra que fez a intervenção correta no transtorno de dependência de tela, mostrando mãe e filha felizes e satisfeitas.
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Intervenção pediátrica: papel essencial no equilíbrio do uso de telas na infância

As telas tornaram-se uma parte inegável da vida cotidiana, proporcionando acesso a uma infinidade de informações e entretenimento. No entanto, o uso excessivo e desequilibrado dessas tecnologias por crianças e adolescentes pode levar ao transtorno de dependência de tela.

Nesse cenário, os pediatras têm um papel fundamental na identificação e em pensar estratégias para mitigar o quadro de dependência em crianças e adolescentes.

Estímulo ao desenvolvimento infantil além das telas

É essencial que os pediatras promovam atividades que estimulem a criatividade, habilidades motoras e interação social entre as crianças. Para ilustrar essa abordagem, destacam-se algumas atividades que reduzem o tempo dedicado às telas e contribuem para o desenvolvimento infantil saudável:

  • desenhar, estimulando a expressão criativa e o desenvolvimento das habilidades motoras finas;
  • brincar com blocos, favorecendo o desenvolvimento da coordenação motora e habilidades cognitivas;
  • interagir pessoalmente com colegas, promovendo habilidades sociais, empatia e compreensão interpessoal;
  • atividades ao ar livre, proporcionando um ambiente enriquecedor para o desenvolvimento físico e social;
  • leitura em família, estimulando a imaginação, linguagem e fortalecendo os laços afetivos;
  • jogos de tabuleiro, desenvolvendo habilidades cognitivas, estratégicas e sociais;
  • tocar um instrumento musical, contribuindo para o desenvolvimento da coordenação motora e concentração.

Ao incorporar essas atividades em suas recomendações, os pediatras promovem um estilo de vida mais equilibrado às crianças, estimulando o desenvolvimento saudável de habilidades afetivas, motoras e sociais na vida de uma pessoa.

Gerenciamento do tempo de tela: proibir ou educar?

Quando se trata do gerenciamento do tempo de tela, surge o debate sobre proibir ou educar. Enquanto a proibição total pode ser uma reação tentadora para familiares que se sentem perdidos diante do desafio, os pediatras advogam por uma abordagem mais equilibrada.

A intervenção pediátrica não visa eliminar o uso de dispositivos eletrônicos, mas sim encontrar um equilíbrio saudável. Sendo assim, os pediatras destacam a importância de educar os pais sobre a necessidade de fortalecer atividades offline essenciais para o desenvolvimento infantil, como brincadeiras ao ar livre, leitura de livros físicos e interação face a face.

Saiba também: Por que fazer uma especialização médica com o Cetrus?

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Essa formação complementar capacita o profissional de medicina para elaborar estratégias que lidam com o transtorno de dependência de tela na infância, o que o diferencia dos outros médicos.

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Referências